Herbert Pastor

Empresário - herbertpastor@omunicipio.com.br

A tragédia das labaredas

Herbert Pastor

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A tragédia das labaredas

Herbert Pastor

 

Finalmente aconteceu o que parecia impossível: conseguiu-se uma raríssima unanimidade no país, obviamente não de cunho ideológico, mas em torno deste detestável 2020, que todos concordam como penoso e difícil, merecendo ser erradicado de nosso calendário.

A começar por esta pandemia que se abateu sobre o mundo, já tendo cobrado a vida de quase 150 mil brasileiros e infectado nada menos de 4,5 milhões de cidadãos, além de virar nossas vidas de pernas para o ar, impondo-nos sufocantes máscaras, uma semi-reclusão.

Como se ainda não bastasse,vemo-nos obrigados a presenciar o Pantanal e a Amazônia em chamas, que ameaçam transformar  em carvão a nossa floresta  e exterminar uma das mais ricas e variadas faunas do planeta.

Curiosamente, o governo enxerga os acontecimentos através de um potente filtro cor de rosa, pois enquanto uma chuva negra despeja a fuligem das queimadas, nosso presidente insiste em afirmar que “o Brasil é um exemplo na preservação do Meio Ambiente”. Certamente vive num mundo paralelo!

Bolsonaro nunca demonstrou o menor interesse em preservar o “Pulmão do Mundo” pois os seus planos consistem em aculturar os indígenas e explorar economicamente a Amazônia, medidas que “tirariam a população da pobreza”, segundo o seu raciocínio. Negacionista, Bolsonaro não acredita no aquecimento global, tampouco que seja fomentador das  mudanças climáticas que explicam incêndios, vendavais e chuvas torrenciais ao redor do mundo.

Assim que empossado, tratou de enfraquecer e desmantelar os mecanismos responsáveis pela preservação ambiental, demitindo quadros técnicos, inviabilizando órgãos de combate ao desmatamento e às queimadas, anulando multas punitivas, reduzindo verbas orçamentárias, enfim, criando um ambiente propício para que grileiros, garimpeiros e madeireiros ilegais invadissem a Amazônia e iniciassem a destruição que nos dias atuais é motivo de protestos do mundo civilizado.

Entenda-se que os protestos internacionais se referem unicamente ao descaso e irresponsabilidade por parte do governo na condução da política ambiental em nosso país.

Na última terça feira, o discurso do presidente brasileiro inaugurou a 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas com uma narrativa fantasiosa, recheada de meia verdades e inverdades, mas mesmo assim aplaudida como “fantástica” e “perfeita” pelos membros do governo e seguidores. 

Com referência ao Meio Ambiente, Bolsonaro destacou que “estamos sendo vítimas da mais brutal campanha de desinformação do mundo” e que as “imensas riquezas da Amazônia explicam os interesses escusos das organizações nacionais e internacionais, aproveitadoras e antipatriotas, que agem com o  objetivo de prejudicar o governo e o Brasil”.

Culpou índios e caboclos pela  devastação das queimadas, quando sabemos que a maior parte da destruição deve ser debitada ao agronegócio e aos predadores ilegais.

Este enfoque distorcido da realidade ambiental pelo governo poderá custar muito caro ao país, pois os mais importantes membros da União Europeia já anunciaram que não darão o seu aval ao acordo com o Mercosul, sob as atuais condições desastrosas da política ambiental de Bolsonaro.

Os primeiros sinais de boicote aos  produtos brasileiros também já se fazem ouvir na Europa, enquanto que  por estas bandas,a floresta continua ardendo.               

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