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E só sobrou a cuca

Com a posse do empresário Ivan Jasper no cargo de diretor-geral de Turismo da administração Ari Vequi abre-se um novo capítulo na pasta, bem como na trajetória do turismo brusquense, com a esperança de que tenhamos uma gestão pobre de discursos, mas pródiga em ações corajosas, dinâmicas e criativas. Não compartilho da tese de que […]

Com a posse do empresário Ivan Jasper no cargo de diretor-geral de Turismo da administração Ari Vequi abre-se um novo capítulo na pasta, bem como na trajetória do turismo brusquense, com a esperança de que tenhamos uma gestão pobre de discursos, mas pródiga em ações corajosas, dinâmicas e criativas.

Não compartilho da tese de que conseguiríamos um turismo mais eficiente e rentável com a aplicação de um esparadrapo aqui e um remendo acolá, pois estou convencido da urgente necessidade de encarar o setor com outros olhos, administrando-o como uma indústria que, azeitada com investimentos e conduzida com profissionalismo, deveria trazer enormes benefícios à comunidade.

Tenho a impressão de que boa parte dos brusquenses ainda não se convenceu do progresso que um volumoso fluxo turístico pode trazer à cidade, caso contrário não participaria das equivocadas “férias coletivas” nos finais de ano, que privam os visitantes de restaurantes e confeitarias, e o que é pior, os condena aos arbustos à beira da estrada para a realização das funções mais prosaicas.

Geograficamente incrustada no Vale de Itajaí e, majoritariamente colonizada por alemães, Brusque tornou-se com Blumenau, Pomerode e Joinville o alvo preferido dos dispostos a desvendar e curtir o legado dos filhos da Europa Central que por aqui aportaram.

A lamentar que elogios e aplausos são endereçados majoritariamente as cidades vizinhas, pois a nossa Brusque já há muito perdeu a sua identidade cultural. Língua e cultura germânicas caíram no total esquecimento, e também não se nota o menor interesse em ressuscitar o riquíssimo folclore, importante para rechear qualitativamente a nossa festa máxima, a Fenarreco. 

As majestosas mansões em estilo europeu, durante um século testemunho de nossas origens, já não mais existem, dando lugar a prédios, muitos de gosto duvidoso, que descaracterizaram a cidade, privando-a de personalidade e atmosfera.

Também na gastronomia típica somos um zero à esquerda, pois não hospedamos um único restaurante especializado para matar a curiosidade daqueles dispostos a aventurar-se pela gastronomia germânica. E podemos afirmar que a tradicional Confeitaria Bartz, tão valorizada por turistas e locais, é o único local genuinamente autêntico a nos lembrar de nossas origens europeias.

 Sendo assim, não é de estranhar que o maior evento turístico brusquense acabasse contaminado pela inodora atmosfera cultural da cidade, o que lhe custaria seu colorido original, sua autenticidade e seu poder de atração.

Não devemos esquecer que a maioria dos turistas que nos visita é exigente: viajam pelo mundo e não se satisfazem mais com uma caneca de chope, uma coxa de marreco e uma valsinha de boteco alemão.

Para retornar à crista do sucesso, a Fenarreco deveria ser repaginada. Profundamente. E nossas parcerias na Alemanha poderiam desempenhar um papel importante nesta reformulação.

Não me sai da cabeça a ideia de que transformar o elefante branco da “Arena pouco uso” num Centro de Convenções e Congressos: seria um golpe de mestre do turismo local.