Herbert Pastor

Empresário - herbertpastor@omunicipio.com.br

De tiros e cassinos

Herbert Pastor

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De tiros e cassinos

Herbert Pastor

A equipe envolvida com o turismo local anda soltando rojões de alegria pela notícia da eventual liberação, em todo o território nacional, dos jogos de azar, cassino e bingo incluídos, bem como  com o projeto de lei estadual que cria a “Rota turística do Tiro”, onde Brusque se encontra inserida, num itinerário destinado aos prazeres dos praticantes do tiro esportivo, herança dos europeus que colonizaram a nossa região.

Certamente não será Brusque o local escolhido para hospedar um cassino,  que provavelmente terá em Balneário Camboriú o seu endereço ideal de funcionamento. Já na “Rota do Tiro” somos parte do elenco de sustentação, cabendo ao nosso centenário Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque a responsabilidade de organizar os “Schützenfest”, que possam atrair e entusiasmar aficionados do esporte do Acre ao Chuí.

Confesso que sempre me surpreendo com a “atração fatal” pelas armas deste governo, supostamente carola, e neste momento, com uma desenvoltura exemplar para seduzir a população para os jogos de azar, ignorando totalmente as eventuais tragédias sociais que normalmente acompanham este tipo de divertimento.

Garantem os especialistas que uma poderosa jogatina nas cercanias nos brindaria com um ininterrupto fluxo de turistas, abonados e ávidos para conhecer os encantos da “capital dos tecidos catarinense”, o que seria uma bênção para os nem sempre abarrotados cofres de nosso comércio, hotelaria e restaurantes.

Creio que caberia agora a pergunta, se estamos realmente preparados para receber grandes fluxos turísticos, além de aptos para oferecer atrações de qualidade para satisfazer um turista mais exigente, viajado, gourmand e amante dos bons vinhos, além de sedento por novidades prazerosas, que possam alargar o seu horizonte cultural.

Por ora, não creio que este tipo de turista saia satisfeito de nossa cidade, pois o Turismo oficial continua fixado nos mega eventos  (Fenarreco, Fenajeep e por aí afora), quase que abandonando o turista individual à   sua própria sorte.

Uma “cidade turística” deve estar à disposição dos visitantes durante os 365 dias do ano, o que já não acontece por estas bandas, quando no final do ano, a maior parte da gastronomia e do comércio prioriza as férias coletivas, deixando o pobre turista a ver navios e na procura de um arbusto para os momentos de apuro.

Temo que “os encantos da cidade” já fazem parte do passado, pois há muito, as mansões, os jardins e as ruas arborizadas tombaram vítimas da ganância imobiliária.

A praça principal, normalmente o cartão de visitas de uma cidade, nada mais é do que um local frio, inodoro e sem personalidade, que raramente consegue seduzir alguém para uma tertúlia, à sombra das árvores quase centenárias. E quem fixar  o olhar nos prédios que fazem o pano de fundo do local, terá a certeza de estar em Kiev, nos dias atuais.

Com o passar dos anos,a outrora elegante avenida Cônsul Carlos Renaux foi perdendo a sua arquitetura original, substituída por edificações sem graça e uma poluição visual que nos remete às transversais da 25 de março na capital paulista. Atualmente, sem o menor charme para encantar os visitantes.

Para que uma visita à nossa cidade valha a pena, é necessário o envolvimento da sociedade privada, comércio, gastronomia, profissionalização da área, a criação de novas atrações e o aperfeiçoamento das que já existem.

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