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Gazeta Brusquense, um crime horroroso: parte I

Com esta manchete, palavra da linguagem jornalística para chamar a atenção dos leitores sobre notícia importante, curiosa, calamitosa, enfim, sobre assunto que sacode a emoção de seus leitores, afinal, a imprensa também vive dos sensacionalismos que chegam e passam na vida de uma comunidade, a Gazeta Brusquense abria sua edição semanal, de 23.01.1926, para informar […]

Com esta manchete, palavra da linguagem jornalística para chamar a atenção dos leitores sobre notícia importante, curiosa, calamitosa, enfim, sobre assunto que sacode a emoção de seus leitores, afinal, a imprensa também vive dos sensacionalismos que chegam e passam na vida de uma comunidade, a Gazeta Brusquense abria sua edição semanal, de 23.01.1926, para informar sobre um bárbaro crime praticado dias antes.

Na tarde do dia 18, segunda-feira, um lavrador a caminho da roça, na então isolada e distante localidade de Nova Itália, havia encontrado o corpo de uma pessoa assassinada. Dá para imaginar o enorme susto do pacato agricultor ao se deparar com o cadáver de um jovem em meio à capoeira. Mesmo acostumado à dureza da vida rural, é provável que tenha entrado em pânico, diante da tenebrosa cena. Ali estava o corpo de um jovem degolado e daí a manchete jornalística “Crime Horroroso”.

Mesmo assustado, o lavrador não se omitiu nem fugiu no seu dever de cidadão. Rápido quanto permitia suas pernas, tratou de levar a trágica notícia ao conhecimento do delegado Bertholdo Lübke. Este também não perdeu tempo no cumprimento do seu dever de autoridade policial. Afinal, assassinato na Brusque daquela época era coisa rara e, quando acontecia, era resultado ocasional de brigas em bodegas e festas. Agora, não, aqui tinha acontecido um assassinato de cidade grande.

De automóvel, meio de locomoção rápido porque força da lei não podia andar devagar, delegado e seu escrivão Germano José Schaefer, logo se fizeram presentes ao local do crime para as primeiras providências legais. Era preciso esclarecer, sem demora, o terrível fato e tranquilizar uma comunidade acostumada ao trabalho e à vida em segurança. O jornal dizia que o “espírito da nossa população vivia sobressaltado por notícias de roubos e assaltos”, mas logo se desdizia para ressaltar que “as notícias eram infundadas”.

Assim, lá estava a autoridade policial para constatar que, no local indicado pela testemunha, jazia o cadáver de um jovem rapaz. Diz o jornal que, “já em estado de putrefação”, afirmação que surpreende, pois o crime havia ocorrido na manhã do dia anterior. Como a vítima apresentava “um grande golpe na garganta”, o redator Júlio Gevaerd deduz que ali estava a prova de que havia sido “degolado por uma mão perversa e criminosa”.

Realmente, “um horroroso crime” precisava ser investigado e esclarecido. A começar pela identificação da infeliz vítima. Cidade pequena, com população urbana que não chegava aos 2 mil habitantes, foi tarefa fácil descobrir quem teria sido a vítima do assassinato, possivelmente, o mais bárbaro até então praticado em nossa cidade.

Mas, isso é assunto para a próxima crônica.

Nota: A Gazeta Brusquense pode ser consultada, em sua versão digitalizada, na Casa de Brusque.