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Família solicita ajuda para idoso acumulador no Águas Claras, em Brusque; entenda

Homem mora com a irmã enquanto limpezas são realizadas no imóvel onde morava

Alcides Koschnick, de 82 anos, diz ter sido “despejado” de sua própria residência na segunda-feira, 27, no bairro Águas Claras, em Brusque. Segundo a família, ele é um acumulador de objetos, o que teria incomodado os vizinhos que formalizaram várias denúncias.

O ponto alto do “vício” chegou na segunda-feira, 27, quando o homem recebeu uma notificação para que entulhos fossem retirados, porém, além do documento, diz ter recebido outras visitas.

“Ao mesmo tempo já veio uma caçamba e um trator para recolher os entulhos, além de uma equipe do Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Ele ficou muito mal com isso e diz que a chegada da equipe da Vigilância Sanitária foi bruta, e por isso ele sentiu despejado da própria casa”, diz Alcione Martins, sobrinha de Alcides.

Ainda segundo a sobrinha, as equipes entraram e derrubaram o muro da casa que, segundo ela, não havia necessidade.

“A princípio era somente limpeza externa, porém, a Vigilância Sanitária, que estava lá também pelas denúncias de foco de dengue, fez mais do que era pra ser feito, mas conseguimos controlar a situação. Tinha mais de 100 pessoas lá, além de dois carros de polícia”, relembra a sobrinha.

Psicológico

A familiar lembra que Alcides faz acompanhamento psicológico pelo Caps há no mínimo dois anos. Segundo ela, ao se separar da esposa e sentir sozinho, o tio se apegou aos entulhos e objetos que foi acumulando. 

No início ele comprava papelão, ferro e latinha para vender. Porém, isso, com o tempo, fez com que o senhor acumulasse mais do que vendia. São três casas da família perto uma da outra, não satisfeito com a própria, ele encheu de entulho as outras duas casas também.

“Foi horrível para um senhor que tem uma doença como essa, um acumulador. Eles (Caps) já tinham conversado com minha antes sobre internar meu tio. Porém, ela deixou claro que ficaria como responsável por ele, e por isso não era preciso internar, visto que ele é bem de saúde e lúcido. Enfim, tudo isso assustou ele e fez com que ele saísse de casa”, conta Alcione.

Atualmente, Alcides vive com a irmã, a única familiar que quis ficar responsável por ele.

“Vale lembrar que tivemos ajuda de várias pessoas. Nos ajudaram a retirar entulhos, deram café da manhã, almoço, mas ainda é muita coisa para se fazer. Queremos deixar a casa limpa para ele voltar. No momento, ele está recebendo visita psicológica na casa da irmã dele, minha mãe”, diz. 

Alcides é filho de Paulo Koschnick, o Paulico do João XVIII.

Ajuda

Alcione cuida, ao lado da mãe, das necessidades do tio. Segundo ela, faz anos que fornecem alimentação, limpeza de vestuário entre outras situações, mas pede ajuda.

“Estamos aceitando alimentos pois meus pais são aposentados com salário mínimo e gastamos muito com medicamentos do meu pai, que também é doente. Aceitamos qualquer tipo de ajuda da população”, diz a sobrinha.

Alcides ainda não tem data para sair da casa da irmã, enquanto isso, a família diz se esforçar para limpar o terreno e melhorar a situação para que o idoso volte a morar na própria casa.

“Estamos tentando de tudo, mas gostaríamos de deixar nosso agradecimento a equipe do CAPS e dos voluntários de serviço da dengue, foram muito solícitos”, concluiu.

Para ajudar Alcides basta enviar qualquer valor para o Pix de Alcione Martins no celular: (47) 9 9115-5066.

Também é possível doar itens de higiene, alimentação e vestuário na rua Rua Henrique Knihs, número 90, no bairro Águas Claras, local onde Alcides mora no momento com a irmã.

Arquivo pessoal

Vigilância

A diretora de Vigilância em Saúde, Ariane Fischer, comenta que o caso foi uma execução de um pedido da procuradoria municipal, porém, deixa claro que o proprietário do imóvel não foi despejado.

“Os vizinhos reclamavam da situação semanalmente e já existiam notificações sobre o acúmulo de entulhos desde 2013. Ele (o morador) acabava não vendendo quase nada, o que resultou nessa situação. A ação começou na segunda-feira e terminou na sexta-feira”, comenta a diretora.

Vigilância em Saúde/Divulgação

Ainda segundo Ariane, a situação estava péssima devido à quantidade de entulho e lixo acumulado, além de animais peçonhentos e roedores que habitavam o local.

“A cena representava perigo até para as crianças que estudam na escola perto do imóvel. Fora isso, também havia muito foco de dengue, e foi isso que orientou a nossa limpeza da área. Essa pessoa precisa da ajuda da família, isso não é normal”, conclui a diretora.

Vigilância em Saúde/Divulgação

O imóvel foi limpo somente por fora, visto que não havia permissão para que se adentrasse nele. Segundo a Vigilância em Saúde, em nenhum momento Alcides foi despejado ou algo parecido, inclusive, pode retornar ao imóvel quando quiser, já que é o proprietário.

Confira vídeo da ação: