Famílias de Guabiruba mantêm viva tradição da Osterbaum
Roselaine aprendeu com os pais Nilda e José Teodoro a fazer a Árvore da Páscoa e quer ensinar a seus filhos
Roselaine aprendeu com os pais Nilda e José Teodoro a fazer a Árvore da Páscoa e quer ensinar a seus filhos
Na simplicidade de uma decoração de delicados detalhes, um significado profundo. Assim pode ser definida a Osterbaum: oster (árvore) e baum (páscoa) – a Árvore da Páscoa -, símbolo da cultura cristã alemã, cultivada por muitas famílias de Guabiruba.
“São valores passados de pai para filho, são elos que ficam para sempre”, diz a consultora de viagens do Pomerânia, Roselaine Erthal Fischer, 40 anos, ao descrever a representatividade da Osterbaum para sua família.
Ela cresceu vendo seus pais, a dona de casa Nilda Erthal, 69, e o estofador José Teodoro Erthal, 73, moradores do Centro, preparando a decoração pascal. O pai buscava a barba de velho no mato para colocar no ninho e a mãe fazia as casquinhas de ovos, geralmente de galinha, para colocar na árvore.
Os galhos secos simbolizam o sofrimento da morte de Jesus Cristo e as cascas coloridas representam a alegria da ressurreição do Senhor. “É algo muito gostoso, que faz com que a Páscoa tenha sentido. Somos descendentes de alemães e essa tradição vem de gerações”, diz Rosalaine.
Conforme ela aprendeu com a mãe, o importante é escolher uma árvore que tenha muitas ramificações para que possam ser inseridos a maior quantidade de ovos. Além do amor, o segredo é decorar as casquinhas com o máximo de acessórios.
Segundo a consultora, primeiro é preciso quebrar a casquinha do lado que é mais fino, tirar as gemas e as claras por um buraquinho. Depois tem que lavá-la bem com detergente e deixar secar. Na hora de usar, se for pintar, é preciso lavar mais uma vez. Porém, além de pintar, a casca pode ser decorada com papéis coloridos (seda, crepom, TNT, entre outros).
“É um trabalho manual, que envolve muito amor e carinho”, afirma Roselaine, que já ensina o seu filho, o pequeno Heinz Theodor, de 2 anos, a manter a tradição. O menino dá os ovinhos para a mãe colocar na árvore.
“Ele fica maravilhado. O que queremos passar é que a Páscoa não é somente ganhar ovos de chocolate, mas sim um período de repensarmos e fazermos boas coisas, já que é o maior sentido do Cristianismo. Se Jesus Cristo não tivesse ressuscitado, nada disso faria sentido”.
Família unida
Há 51 anos a Páscoa tem sabor especial para Nilda e o esposo. Desde que casaram, os pais de Roselaine gostam de cuidar da decoração. Fazer cestinhas, pintura em madeira e em tecido de coelhinhos, ratinhos e palhacinhos de casquinhas de ovos, além, é claro, da Osterbaum, estão entre as principais confecções do casal.
Enquanto os filhos cresciam, eles dedicavam seu tempo a tornar a Páscoa da família mais especial: qualquer acessório poderia ficar mais bonito com uma dose de amor e criatividade. “Eu sempre gostei de fazer. Antigamente eu chegava a tingir os ovos com uma cebolinha vermelha que era para ficar mais vivo. Hoje tudo o que posso vou colocando, experimentando para ver como fica”, diz Nilda.
A árvore começou a ser pensada ainda no Natal do ano passado. Ela conta que guardou mais de 40 dúzias – 480 ovos de galinha. Também pode ser usados ovos de peru, de ganso ou os de plástico. Nilda ainda faz os palhacinhos (com casquinhas de isopor, cartolina e pompom) e ratinhos (com casquinhas de ovos).
“Dá trabalho, mas pra mim isso é tudo. Eu não preciso nem comer e nem dormir. Nada. A alegria de ter as coisas que eu fiz, para os filhos, para os netos me deixa feliz”, afirma Nilda, que destaca que é preciso ir fazendo, desfazer, até encontrar a forma que fique mais bonito.
Erthal salienta que é motivo de satisfação há tantos anos poder fazer junto à esposa a decoração que une ainda mais a família. “Estamos fazendo a decoração juntos há tantos anos e permanecemos unidos. A Osterbaum aproxima a nossa família, porque nessa época quase todo mundo aparece aqui em casa. A decoração é mais uma forma de ficarmos unidos”.