Escolas da regional de Brusque contam com núcleos de prevenção à violência
Nas próximas semanas, registros de casos de violência nas escolas estaduais serão feitos online
Nas próximas semanas, registros de casos de violência nas escolas estaduais serão feitos online
Nas próximas semanas, as anotações que hoje são feitas em diários de classe sobre casos de violência nas escolas devem ser informatizadas. A Secretaria de Estado de Educação já está na fase final da implantação do sistema online de registros desses casos e, com a ferramenta, as ações dos Núcleos de Educação e Prevenção às Violências na Escola (Nepre) poderão ser mais eficazes e será possível ter uma dimensão real sobre esses episódios.
A preocupação com os registros de violência nas escolas ficou mais evidente depois do caso da professora Marcia de Lourdes Friggi, 51 anos, de Indaial, que foi agredida por um estudante de 15 anos, após pedir para que ele tirasse o livro do meio das pernas e colocasse em cima da mesa. O caso ganhou repercussão internacional e acendeu o alerta para esta situação que é bastante comum nas escolas.
A integradora educacional da Agência de Desenvolvimento Regional de Brusque (ADR), Derli de Amorim Zunino, afirma que a informatização do sistema vai auxiliar muito no controle e no planejamento das ações em todo o estado.
Hoje, de acordo com ela, praticamente todas as escolas da regional de Brusque contam com o Nepre constituído. As ações são trabalhadas com base em cadernos pedagógicos editados pelo próprio núcleo que dão aos professores e coordenação pedagógica subsídios para lidar com os mais variados tipos de violência que acontecem dentro e também fora da escola. “O núcleo trabalha não só com a violência dentro da escola, com alunos e professores, mas também violência doméstica, que acontece muito”, diz.
O Nepre é formado por representantes de pais, alunos, professores e gestores de cada escola. De acordo com Derli, os casos de violência mais graves, como o que aconteceu em Indaial, por exemplo, nunca foram registrados na regional de Brusque. “Temos alguns encaminhamentos via ouvidoria, mas casos de insulto direto aos nossos professores ainda não chegou até nós”.
A integradora educacional da ADR afirma que o problema da violência está em todos os lugares e reflete os problemas sociais que o país enfrenta. “Os problemas sociais repercutem na unidade escolar também, não é uma coisa isolada. Os casos que tem ocorrido em Brusque, são, em sua maioria, fora da escola, mas nem por isso a gente deixa de olhar, chamar os pais, conversar, tentar entender os problemas que estão acontecendo”.
Para ela, o problema da violência nas escolas deve ser discutido mais a fundo e em parceria com a família e outros órgãos. “Temos que trabalhar em rede, precisamos do Ministério Público, da família, do Conselho Tutelar, precisamos fazer um trabalho em rede para atingir a meta que é diminuir a violência que está na sociedade”.
Hoje, quando acontece algum caso de violência nas escolas da regional de Brusque, a recomendação é que os diretores comuniquem oficialmente o caso para a ADR.
Foco na prevenção
A Escola Estadual Monsenhor Gregório Locks, no Dom Joaquim, é uma das que tem o Nepre mais atuante dentre as escolas da regional de Brusque. Lá, o núcleo existe há, pelo menos, cinco anos, e desde então, vem trabalhando em cima da prevenção às violências.
“Trabalhamos muito em cima dessa questão. É muito mais efetiva uma ação preventiva do que corretiva. Temos muitas parcerias, entre elas, com a Polícia Militar, que faz a ronda escolar mais efetiva e é uma maneira de inibir qualquer situação no âmbito da escola”, diz o diretor da instituição, Nélio Bauer.
Ele ressalta que muitas situações que acontecem fora da escola, acabam refletindo nas atitudes dos alunos dentro dos portões da instituição, entretanto, a escola têm conseguido contornar esses problemas. “Felizmente, na nossa escola não tivemos casos mais sérios por conta de uma conversa com alunos e professores. Sabemos que muitas situações acontecem fora da escola e acabam sendo resolvidas aqui dentro. Isso acontece muito e nos preocupa muito também”.
O diretor afirma que, muitas vezes, os casos de violência que acontecem na escola são fruto da falta de limites dentro de casa. “A criança precisa de limites e percebemos que muitas vezes, os pais, por inércia, comodismo, falta de informação, não colocam limites nos filhos, que vão para a escola e extrapolam, já que têm a sensação de impunidade dentro de casa”.
Neste ano, circulou um vídeo nas redes sociais de alunos de uma escola de Brusque se agredindo nas proximidades da instituição. Bauer ressalta que situações como esta acabam sendo frequentes nas escolas, por isso, é importante que a escola tenha políticas e saiba lidar com este tipo de situação.
Ele observa também que hoje, a violência não é exclusiva de uma faixa etária. “Antigamente, a preocupação maior estava nos alunos dos anos finais, mas hoje, temos relatos de casos que acontecem com estudantes dos anos iniciais que são bem complexos”.
A escola Gregório Locks tem 1.140 alunos e, segundo ele, apresenta um baixo índice de violência. O diretor atribui o bom índice às ações de prevenção realizadas na instituição, mas também à atuação da comunidade.
“Quando a comunidade é atuante na escola, facilita muito o nosso trabalho, e felizmente esse é o nosso caso. Quando a comunidade cobra, está ajudando a inibir esses casos de violência e contribuindo para um controle mais efetivo. Os pais querem ter tranquilidade para deixar os filhos na escola e quando existe cobrança, as coisas fluem”.