Entenda porque o Bruscão teve baixo desempenho no turno do Catarinense
Contratações de atletas fora de forma e excesso de lesões pesaram; diretoria tenta reparar erros
Depois de um começo de temporada abaixo da expectativa, a torcida do Bruscão se pergunta: qual foi o erro? Afinal de contas, a diretoria do clube parecia ter seguido a cartilha do bom planejamento – conseguiu ampliar a receita para melhorar as contratações, trouxe praticamente dois atletas de cada posição e começou os treinos com pelo menos um mês de antecedência.
Porém, a aposta em atletas longe da forma física ideal – estratégia já adotada pelo clube em outras temporadas – desta vez se provou um equívoco. Esse foi o elemento que mais pesou em desfavor do Brusque, que passou a contar com jogadores que vivem no departamento médico, baixo rendimento dentro de campo e falta de peças de reposição.
Agora que o primeiro turno do estadual encerrou, a diretoria corre atrás de reforços para reparar a máquina quadricolor. Tarefa árdua, já que são procurados jogadores em atuação e a maioria dos clubes não quer liberar seus atletas. Além disso, já foram anunciadas dispensas que vão desafogar a receita do clube, e abrem possibilidades para estas novas contratações.
Falta de rigor
Em outros anos, o Bruscão tradicionalmente anunciou dispensas durante a pré-temporada. Isso acontecia porque a comissão técnica, com toque principal do preparador físico, concluía que o atleta não estaria em condições técnicas e físicas a tempo da competição, liberando a possibilidade de uma reposição de peça.
Neste ano, contudo, isso não aconteceu – o que não significou, porém, que o plantel contratado estivesse em plenas condições. Sob a batuta do técnico Picoli e do preparador Fábio Maraston, todos foram aprovados. Os números, porém, comprovam que os reforços não renderam o que se esperava.
Das novas contratações, somente três atletas mantiveram regularidade. Foram eles o zagueiro Douglas Silva, que atuou em 100% das partidas do Brusque na temporada, o volante França, em campo 85% das vezes, e o atacante Rafinha, presente em 65,5% dos jogos.
Os piores números são do volante Bidía, que jogou apenas 45 minutos no primeiro confronto e até agora não se recuperou de lesão, além dos meias Dakson, que entrou em campo em 12,33% dos jogos, e Clebson, já dispensado e que jogou 17,7% das partidas.
Lesões
As múltiplas lesões dos atletas também impediram que tanto Picoli como Pingo pudessem contar com o que havia de melhor desde o começo do campeonato. Nada menos do que oito jogadores se ausentaram por lesões neste pouco mais de um mês de temporada.
Bidía foi a pior situação até o momento. O volante jogou apenas 45 minutos e nunca mais retornou à campo após se lesionar. Dois atletas contratados para serem as soluções do meio-de-campo, Dakson e Clebson também não puderam compor o elenco por bom tempo. O lateral João Carlos, que desde 2017 sente frequentes dores nas pernas, só jogou em 50% das partidas.
O centroavante Edu, depois de sofrer pancada no tornozelo, reduziu sua participação na temporada a 24,5%. Atualmente, Antônio Carlos, o zagueiro, está fora de combate por lesão e já não entra em campo há três partidas. Até mesmo o goleiro André Luiz, que ainda não estreou, chegou a frequentar o departamento médico.
Ataque improdutivo
O Brusque contratou cinco atacantes de ofício: Wilson Junior, Rafinha, Jefferson Renan, Careca e Edu. Destes, apenas Rafinha, duas vezes, e Edu, uma vez, marcaram. Wilson Junior, presente em campo por 73% das partidas do Bruscão, ainda está na seca de gols.
Tanta falta de qualidade na finalização resultou na liberação de Careca, anunciada na tarde de ontem. O centroavante, que atuou apenas uma vez como titular, jogou em 12,7% das partidas do clube e também passou em branco nesta temporada com a camisa do Bruscão.
Dificuldades nos reforços
O telefone de Carlos Beuting não para. Diretor de futebol do clube, nas últimas semanas ele vem tentando acertar contratações para reforçar o time e compensar as recentes dispensas do atacante Careca e do meia Clebson. Por enquanto, foram anunciados apenas o lateral Edilson e o volante Valkenedy.
Segundo ele, a principal dificuldade é a de convencer os clubes na liberação. “Nesta altura, em todos os campeonatos do país, os times estão brigando, ou contra o rebaixamento ou por posições acima da tabela. Por isso ninguém quer liberar os atletas. Nós sabemos que faltam meias e atacantes, porém o convencimento de negociação não é fácil”.
Ele afirmou, porém, que ainda nesta semana estão chegando mais atletas. O cuidado tanto da diretoria quanto da comissão técnica é para que os jogadores que chegarem já estejam em plena condição física, como explica o técnico Pingo. “Não temos mais tempo hábil para condicionar um atleta. Ele tem que estar 100% física e tecnicamente, para apenas ser encaixado no nosso esquema tático”, afirma.
Minutos jogados nas dez partidas do Brusque*
*Desconsiderando acréscimos
**Somando a partida da Copa do Brasil
Campanha do Brusque no turno do Catarinense
Gols do Brusque no turno do Catarinense