Eleições 2020: qual a importância da cota para mulheres na disputa eleitoral
Algumas siglas enfrentaram dificuldades para indicar o mínimo de 30% de candidatas para o Legislativo
Nas eleições de novembro de 2020, pela primeira vez, cada partido deverá, individualmente, indicar o mínimo de 30% de cada gênero para concorrer no pleito. Na prática, a legislação é para garantir que exista uma participação das mulheres no processo democrático.
Em Brusque, por exemplo, apesar de 52,35% do eleitorado apto para votar em 2020 ser feminino, apenas uma mulher representa cidade na Câmara de Vereadores – Ana Helena Boos (PP). Além disso, todos os seis candidatos a prefeitos para o pleito de novembro são homens.
Presidente do PSDB local, Karin Rodrigues conta que foi “razoavelmente tranquilo” preencher os 30% destinados às mulheres na nominata do partido para as eleições de 2020. A sigla terá 17 candidatos a vereador, sendo oito mulheres.
Para Karin, o fato de o partido ter uma presidente mulher facilitou as conversas com as pré-candidatas para a definição dos nomes que vão participar da campanha. Ela acredita que o PSDB conseguiu pessoas que realmente irão buscar uma votação expressiva e não simplesmente completar os 30%.
“Utilizamos de toda a transparência possível sobre nossas condições e possibilidades e da importância da participação efetiva delas, não como “laranjas”, mas sim como mulheres empreendedoras, participativas e competentes para a vida pública”.
Mudança de contexto histórico
Presidente do Republicanos de Brusque, Leandro Hyarup reflete sobre a necessidade de ações que vão além de apenas a imposição de uma cota por gênero para a definição das nominatas para o Legislativo.
“Eu tenho estudado um pouco sobre isso, para não dizer que sou contra ou ao favor simplesmente por modismo ou por uma opinião pré-definida. Eu vejo que, simplesmente colocar cotas para mulheres não resolve o problema. Ele cria uma possibilidade de oportunidade, mas, se não vir aliado a outras ações que visam fomentar a participação delas na política, pode gerar dificuldade para partidos formarem as nominatas”.
Hyarup afirma que a sigla não teve dificuldades para encontrar as sete mulheres que compõem a nominata de 23 candidatos, mas que também não houve excedente de candidatas. Neste sentido, ele acredita que o Republicanos seja uma exceção no cenário local.
O PV terá cinco candidatas de 11 no total na disputa pela Câmara de Brusque. O presidente do partido, Artur Antunes Pereira, acredita que é imprescindível a existência das cotas para incentivar a participação feminina nas eleições e reinverter uma ordem que já se mantém há muito tempo.
“É compreensível, pelo contexto histórico do nosso país e sociedade, onde a mulher sempre foi relegada a um papel acessório, seja como apenas dona de casa, cuidadora dos filhos, faxineira do lar, etc.., que essa mudança cultural seja morosa, mas ela precisa acontecer e, se possível, de forma mais célere”.
Pereira relata que foi difícil para que o partido conseguisse convencer filiadas a participarem das eleições. Ele reforça que torce para que as mulheres se conscientizem cada vez mais da importância e acredita que isto possa representar um bem ao futuro do país.
“A política precisa das mulheres, precisa da sua sensibilidade, inteligência, coragem, força, controle emocional e determinação.Temos exemplos clássicos e atuais do positivo impacto que as mulheres têm na política mundial, através da Chanceler alemã, Angela Merkel, e da Primeira Ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, cujas atuações eficientes, firmes e corajosas, têm sido uma importante mudança de ares na política mundial”.