Será que a nossa constante atualização científica em saúde, nossos esforços e a enorme vontade de ajudar nossos pacientes a alcançarem seus objetivos tem resultado em mudanças de hábitos conscientes e consistentes na vida desses indivíduos?
Segundo os pilares da educação da UNESCO, é “preciso aprender a aprender, aprender a conviver, aprender a conhecer e aprender a ser”. Mas o que isso tem a ver com o processo de Educação Alimentar e Nutricional?
Se todos nós nascemos com a capacidade de autorregulação da fome e da saciedade perfeitas, por que será que muitas pessoas a perdem?
Não seria hora de nós, nutricionistas e profissionais de saúde, revermos nossa conduta de prescrição de tamanho de porções e mergulhar no estudo dos mecanismos cerebrais de autorregulação da alimentação para que possamos nos tornar autênticos educadores em saúde e possamos facilitar o resgate dessa autorregulação dos nossos pacientes?
Não seria hora de resgatarmos a sociedade, quebrarmos os paradigmas sobre dietas restritivas e sobre uma visão destorcida sobre o que realmente é uma alimentação saudável?!
A grande pergunta é: As pessoas sabem o que é “comer normal”?! A sociedade tem algum referencial? Já imaginou Educadores em sala de aula, disseminando habilidades e competências alimentares nas escolas, empoderando alunos e famílias?! “Vacinando” alunos contra transtornos alimentares, contra comer transtornado e legitimando culturas alimentares e o prazer de comer?! Sonhamos e lutamos para que chegue esse dia!!!
Hoje em dia, muito se tem propagado sobre a força, foco e fé para o alcance de um objetivo, que na maioria das vezes é puramente estético. Contudo, o complexo mecanismo de formação de hábitos, associado ao retorno do paciente ao convívio social, somado à correria do cotidiano e à maratona emocional da vida, não poderiam neutralizar ou minar nossos esforços na busca da promoção de hábitos saudáveis, evitando a conquista de resultados?!
O comportamento alimentar é o resultado de uma complexa e inesperada interação entre a sociedade, o ambiente e o eu interior (pensamentos, sentimentos e emoções). Entender toda essa estrutura requer a união de esforços de educadores e profissionais de saúde, em uma jornada de estudos dos aspectos relevantes da antropologia, filosofia e da psicologia, que nortearão a construção das melhores perguntas a serem feitas a fim de elucidar a compreensão dos desafios a serem enfrentados para a modificação de hábitos alimentares de pacientes e da sociedade.
Foi pensando em tudo isso que nós, nutricionistas Janaina Kühn Barni e Erika Blamires Santos Porto, em parceria com a UNIFEBE, idealizamos a pós-graduação lato sensu em Educação Alimentar e Nutricional.
Nesta pós-graduação, estaremos totalmente envolvidos com as incríveis ideias de Paulo Freire, entre elas: “Educar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua construção”. E para isso vamos usar e abusar das metodologias ativas que vão nos impulsionar para o pensamento crítico, criativo e inovador.
Vamos conhecer a Nutrição da perspectiva de um processo pedagógico e bem estruturado, porém humanizado, dinâmico e acolhedor. Vamos quebrar paradigmas e nos reinventar como pessoas que somos, mas também como educadores e promotores de saúde. Vamos desconstruir a forma de atender, vamos nos reorganizar e redesenhar o que entendemos como sendo o processo de cuidado e de promoção de hábitos. Vamos conhecer ferramentas que nos auxiliarão a despertar nas pessoas uma motivação prazerosa e duradoura de hábitos alimentares.
Vamos juntos, através dessa pós-graduação inovadora, aprender a aprender, aprender a ensinar, e aprender a ser. Refletir e reestruturar a nutrição, a alimentação, a educação em saúde e o comer para a autonomia, a autorregulação, o empoderamento e a libertação.
Janaina Kühn Barni e Erika Bramires Santos Porto – nutrucionistas