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Editorial: O “afastamento” como vilão

Nesta semana publicamos o aumento expressivo de casos de síndromes respiratórias, com ênfase nos casos de Covid-19. Na terça feira foi batido o recorde diário, com 471 testes positivos. A média móvel publicada pelo jornal, saltou de 5,71 casos em 21 de dezembro para 166,85 em 17 de janeiro. Este número deve ser muito maior […]

Nesta semana publicamos o aumento expressivo de casos de síndromes respiratórias, com ênfase nos casos de Covid-19. Na terça feira foi batido o recorde diário, com 471 testes positivos. A média móvel publicada pelo jornal, saltou de 5,71 casos em 21 de dezembro para 166,85 em 17 de janeiro. Este número deve ser muito maior na próxima semana com o reflexo do aumento de casos atuais.

Este aumento também foi sentido nos atendimentos e exames que, só na segunda feira chegaram a 2.169 consultas e 838 testes. Este padrão alto permaneceu durante toda semana conforme os boletins da Secretaria de Saúde e representam a soma das consultas e atendimentos das Unidades Básicas de Saúde, Policlínica, nos Hospitais Azambuja, Dom Joaquim e no Centro de Testagem.

Mesmo com este aumento vertiginoso de casos, havia, até ontem, apenas um caso de internação na UTI e somente oito casos na enfermaria. Um cenário muito diferente do que ocorreu nos outros anos. Em 2020 tivemos o pico em dezembro, com 219 casos em um dia, 21 pessoas internadas na UTI e 46 na enfermaria. Em 2021 o pico na média diária foi em março, com 115 casos, na UTI e enfermaria foi em abril, com 17 e 20 pessoas internadas respectivamente.

A ideia é achar caminhos para não inviabilizar nossa economia criando novos protocolos, mais adaptados a esta nova realidade

Com estas comparações, fica claro que a preocupação em relação aos óbitos nesta nova onda não é mais o foco. O vilão agora são os afastamentos por conta da infecção. Com um nível de casos positivos muito acima dos anos anteriores os afastamentos explodiram. Cada um positivado tem um impacto de afastamento de até sete dias para ele e para quem convive com ele, criando um efeito multiplicador.

Segundo o núcleo de Recursos Humanos da Acibr, o número de casos de hoje é maior que 2020. Temos relatos de empresa no ramo têxtil que tinha sete dias de afastamento em dezembro de 2021 e tem até agora mais de 80 dias. Num outro depoimento, uma pequena facção que tinha 15 funcionários está trabalhando com três. Assim como estes exemplos temos vários casos reportando o mesmo drama.

Até grandes marcas como o Magazine Luiza de Brusque estava com as portas fechadas esta semana. Por conta dos afastamentos tiveram que alterar o seu sistema de funcionamento, abrindo a loja somente para retirada de produtos e pagamento de boletos.

A própria Secretaria de Saúde sofre com esta situação. Na sexta-feira passada divulgou que 94 funcionários estavam afastados por estarem gripados ou positivados. Nem o governador escapou e por ter testado positivo teve que se afastar dos compromissos presenciais.

Para entender e propor medidas que amenizem a situação as entidades organizadas e o poder público vem conversando desde o início da semana. A ideia é achar caminhos para não inviabilizar nossa economia criando novos protocolos, mais adaptados a esta nova realidade.

A verdade é que nunca vivemos uma situação extrema como esta. A pandemia mostra uma nova face, impactando menos na saúde física, mas atingindo em cheio a saúde econômica. É mais um desafio a ser vencido.