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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: Assistência como remédio

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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: Assistência como remédio

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No último domingo, o secretário de Saúde de Brusque, Humberto Martins Fornari, publicou um vídeo em suas redes sociais prevendo um aumento de casos de Covid-19 na cidade. Segundo o médico, este aumento se deve à quantidade de pessoas infectadas em situação de vulnerabilidade, conforme publicamos aqui no jornal O Município esta semana.

Fornari se baseou na situação de uma casa em que moram 26 pessoas e sete estão infectadas. Falou também de duas outras moradias com 13 moradores e outra com nove que tem pessoas com o coronavírus. Em tom de desabafo, falou que situação socioeconômica de Brusque não é tão boa quanto imaginávamos.

Esta questão social abordada pelo secretário repercutiu na cidade e trouxe o tema à reflexão. Não há como pensar em combater a pandemia sem olhar também para o atendimento de questões básicas dos necessitados. 

Coincidentemente, a mesma questão foi abordada na terça-feira pelo presidente do Banco Mundial, o americano David Malpass. Ele afirmou que até 60 milhões de pessoas podem ser levadas à pobreza em todo o mundo, em especial nos países em desenvolvimento, pela pandemia da Covid-19. O Banco estima o encolhimento de até 5% na economia global até o final de 2020.

Investir na questão assistencial é o melhor remédio que podemos ter para coibir uma escalada ainda maior de propagação do vírus

A pobreza extrema vem crescendo também no Brasil e, com o coronavírus, mais de 5,4 milhões de pessoas devem ser lançados na extrema pobreza, chegando a 7% da população, maior patamar desde 2006. Até o fim deste ano serão 14,7 milhões de brasileiros que vivem com menos de US$ 1,90 por dia.

A pobreza é sempre um assunto delicado e evitado em nossa sociedade, mas com este cenário ela está se tornando o centro das discussões. Estamos vivendo a mãe de todas as crises desencadeadas pelo coronavírus, que gerou uma crise na saúde, na política e na economia. 

Tal formação está castigando a população mais pobre de forma mais severa. Primeiro porque estão mais vulneráveis ao contágio, por dificuldades em fazer o isolamento social (inclusive em Brusque); por não ter acesso à infraestrutura, como água e esgoto; e também pela carência nos itens de higiene.

Na questão econômica, com aumento do desemprego, vai aumentando este contingente de pobres no Brasil, ceifando a esperança de que quer trabalhar e não encontra oportunidade.

Daqui para frente não há como pensar no combate ao coronavírus sem colocar na equação esta questão social. Como sugeriu Fornari, “teremos que repensar nossa assistência social daqui para frente porque saúde se faz com bem estar social, educação e dinheiro. Não dá para fazer saúde só com remédio”.

Este receituário serve tanto para Brusque como para o Brasil. Nossos olhos mais do que nunca precisam se voltar para um projeto assistencial consistente, que leve recursos financeiros, educacionais e humanos para esta camada da população. 

O governo federal instituiu o “corona vaucher” e pretende estendê-lo, com um valor menor, além de três meses. É uma boa iniciativa que precisa ser pensada agora e para o futuro. O governo estadual também precisa sair desta imobilidade e propor também um projeto social. Não há espaço para ser mero expectador. 

Investir na questão assistencial é o melhor remédio que podemos ter para coibir uma escalada ainda maior de propagação do vírus. Paradoxalmente é a arma mais complexa e mais eficiente contra o contágio neste momento. É a hora de governo e sociedade estender a mão e achar formas de compartilhar em vez de esperar e chorar.

 

 

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