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Historiador de Brusque produz documentário sobre a lenda do Dragão de Guabiruba

Segundo Celso Deucher, objetivo do vídeo é documentar o caso do ponto de vista histórico e cultural

Lenda que perdura há quase 40 anos, a história do Dragão de Guabiruba irá virar documentário. Idealizada pelo historiador Celso Deucher, a produção independente também conta com o apoio do irmão Sérgio Deucher no audiovisual.

Celso explica que o projeto não possui viés econômico, por isso será produzido por ele como diretor geral e roteirista, e o irmão é o diretor de produção, sem influências externas e incentivos financeiros.

“Estamos fazendo o documentário abordando do ponto de vista histórico. Como nascem essas lendas e as pessoas assimilam o inacreditável. As pessoas não levam muito a sério, mas ao longo do tempo isso vai se sedimentando como história, e pode até mesmo se tornar um atrativo turístico, no futuro”, comenta.

Ele explica que essas histórias criam instrumentos para fomento do turismo, como o Pelznickel se tornou uma indústria turística para Guabiruba.

A lenda

A primeira aparição da criatura se deu em meados de 1982. Depois disso não se sabe ao certo se o dragão apareceu novamente.

O primeiro a ver o dragão foi o agricultor Pedro Ismanioto, que morava no Lageado Alto. Pedro já é falecido, mas sua viúva, Laura Ismanioto, que reside em Brusque, lembra muito bem da primeira e única vez que seu marido viu o animal.

“Ele disse que escutou pessoas  conversando muito alto, vozes. Aí ele disse para essas vozes: ‘podem vir eu não tenho medo, estou com o facão e vocês estão querendo me botar medo’. Na mesma hora passou um pássaro marrom de asas abertas por cima da cabeça dele. Um bicho bem feio”, conta a viúva.

Segundo ela, apesar do susto e do medo, Pedro continuou cortando o caeté até que viu o bicho mais perto ainda. “Quando olhou para cima, em um galho tinha o bicho marrom com língua de fogo grande que quase bateu na cabeça dele. Quando ele viu aquilo caiu duro de joelhos e não podia mais se mexer”.

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Gravações

Segundo Celso, a preparação para a produção já teve início em junho deste ano. Com a pandemia, houve uma certa dificuldade para entrevistar as pessoas. “Começamos as gravação início de setembro, e até fevereiro de 2022 pretendemos finalizar”, conta.

Ele detalha que o documentários abordará, através de pessoas reais, como a lenda nasceu. Além disso, como continua existindo no imaginário popular dos moradores.

O historiador informa ainda, que crianças que conhecem a história e até mesmo imaginaram como poderia ser o dragão também vão participar da produção.

Além da pandemia, ele comenta que há uma certa dificuldade para que as pessoas que lembram dos fatos participem do documentário.

“Muitos não querem falar e tem medo de ser ridicularizados e isso dificulta o nosso trabalho, mas vamos tratar da história e do apelo popular das lendas”, analisa.

Ponto de vista histórico

De acordo com ele, as entrevistas irão tratar sobre o relato contado e as contestações da época. Entre elas, a suposição de que a possível aparição do dragão possa ter sido um helicóptero que fazia levantamento geológico na área.

“A ideia do documentário é resgatar do ponto de vista histórico como as lendas se sedimentam e povoam o imaginário popular. Elas geram uma série de desdobramentos, entre eles a questão econômica e lúdica”.

Ele ressalta que o fato é algo que faz parte do dia-a-dia do município, e criou um vinco no lugar onde ocorreu o incidente. “Ele era um cidadão e afirmou o que viu. Queira ou não, é uma coisa diferente. Não é mais do mesmo”, comenta.

A partir dos relatos e provas orais mostrar a visão que o agricultor teve e que também foi compartilhada por outros moradores.

Para o historiador, existe um apelo popular muito forte de haver lendas que levem as pessoas para este lado lúdico. Isto, segundo ele, diz muito sobre o ambiente pós-colonial, originário dos imigrantes alemães.

“Mesmo tendo terminado, o colonizador trouxe junto esse imaginário cultural. Isso contamina os descendentes de alemães, e italianos, como Pedro”, analisa.

Irmão do historiador, Sérgio Deucher realiza as gravações do documentário Foto: Celso Deucher/Divulgação

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