A difícil prática da moral cristã
O WhatsApp tem suas vantagens. Ajuda a preservar amizades e, entre muitas outras coisas, pode ser usado como instrumento de evangelização. Tenho um amigo que, todos os dias me manda uma mensagem dizendo Bom Dia e complementa com o texto do evangelho. Não se importa com a minha falta de fé. É cheio dessa graça divina e crê que a esperança é a última que morre. Acredita que pode salvar esta alma perdida.
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Sempre leio os textos recebidos. De amigo, antes da leitura, não se deleta mensagem e, porque, cada evangelho é uma lição da boa ética cristã. Bastaria que cumpríssemos metade do que recomendam essas parábolas recortadas do texto bíblico. E o mundo seria um estádio sem fim de gente de boa vontade; uma arquibancada infinita de fieis cristãos torcendo pela melhor equipe e pela justa vitória; uma imensa onda solidária de torcedores abraçados, mãos dadas sem olhar a cor da camisa, sem xingar o juiz, sem violência nem quebra-quebra.
Enfim, bastaria que fôssemos capazes de amar o próximo como amamos aos nossos familiares. E a vida seria um paraíso. Mas, isso parece impossível, porque trazemos conosco o fruto da paradoxal tragédia paradisíaca, que nos marcou com o pecado original da imperfeição humana. E, assim, sabemos que devemos ser bons, solidários, amar ao próximo. Mas, é muito difícil cumprir os mandamentos básicos da ética cristã.
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Essa enorme diferença entre a teoria e a prática é condenada no evangelho do último sábado. No texto, Cristo fala dos escribas e fariseus, que pregavam o cumprimento rigoroso das leis da religião judaica. E Cristo, sabedor da hipocrisia desses religiosos fundamentalistas, disse à gente simples que lhe escutava: façam tudo o eles pregam, mas não o que eles fazem, porque não praticam o que ensinam. Esses pregadores hipócritas “amarram fardos pesados e insuportáveis nos ombros dos outros, mas não querem transportá-los por minuto sequer. Gostam do lugar de honra nos banquetes, dos primeiros assentos e amam serem chamados de doutores”.
Nos textos bíblicos, os fariseus eram maus exemplos de conduta ética, gente que exigia do outro o que não fazia. Já os escribas eram os homens da lei, os sábios, os donos da última palavra em matéria de interpretação do Antigo Testamento e da lei divina. Mais ou menos, como os 11 ministros do nosso Supremo Tribunal. Com relação a alguns destes, a comparação, mesmo passados mais de 2 mil anos, não é descabida. Estamos cansados de vê-los proferir extensos votos, recheados de um palavrório sofisticado, rebuscado, repleto de princípios éticos. Mas, despidos da toga negra, apresentam um comportamento moralmente muito pouco dignificante.