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Dia do Trabalho: Moradores de Brusque relembram trajetória como funcionários padrão

Cândido Godoy foi reconhecido como exemplo a ser seguido pelo Besc; Miguel Schlindwein foi destaque do estado quando trabalhava na Fábrica Renaux

Aos 64 anos, Cândido Horácio Godoy exibe com orgulho as lembranças da época em que foi considerado o funcionário padrão do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), em 1992.

Ele ingressou na instituição aos 16 anos, em Porto União, como contínuo, uma espécie de office boy. Aos 18 anos, prestou concurso, se tornou efetivo da agência bancária e teve uma carreira de sucesso. Apenas cinco anos depois de entrar no banco, assumiu a gerência geral de sua primeira agência, em Garuva, Norte de Santa Catarina.

O trabalho desempenhado por ele no Besc sempre foi de excelência. Ao longo dos 37 anos de carreira dentro da instituição, ele comandou agências em 10 municípios diferentes, sempre ultrapassando as metas estipuladas pela direção do banco.

Godoy recebeu a honraria do governador da época, Vilson Kleinubing | Foto: Arquivo pessoal

Sua dedicação à instituição foi reconhecida em 1992, quando o Besc lançou o concurso “Empregado Padrão”, em comemoração aos 30 anos do banco, para valorizar todos os funcionários.

O concurso envolveu 6.300 servidores da instituição, em três fases. Na primeira, os funcionários de cada agência indicavam um funcionário para avançar para a fase regional. Godoy foi o escolhido para representar a agência de Gaspar, onde era o gerente geral.

Na fase seguinte, foram escolhidos os finalistas: um representante de cada regional. Mais uma vez, Godoy foi o eleito para representar a região de Blumenau, superando funcionários de 50 agências, em torno de 1.500 pessoas.

Para escolher o empregado padrão, foi formada uma comissão julgadora, que avaliou três aspectos: vida funcional, vida familiar e vida comunitária dos finalistas. “Tínhamos que enviar vários documentos, comprovando os critérios. Recebi nota máxima em todos os quesitos”, diz.

Hoje, Godoy é o diretor executivo da Associação Empresarial de Brusque | Foto: Bárbara Sales

Godoy recebeu a honraria das mãos do governador da época, Vilson Kleinübing, na solenidade de inauguração da sede da agência de Gaspar. Para ele, é um orgulho ser reconhecido pelo bom trabalho que prestou à instituição.

“Não tem dinheiro que pague este reconhecimento. Sempre fiz as coisas de uma maneira diferente, nunca me contentei em fazer só o trivial, sempre fiz a mais. Tenho orgulho de ser um exemplo”.

Godoy encerrou sua carreira no Besc em 2009, em Brusque, quando se aposentou, com 37 anos de trabalhos prestados à agência bancária. Sua trajetória na instituição está evidenciada no Museu do Besc, onde a sua imagem como empregado padrão está ao lado da galeria dos presidentes da instituição.

Godoy também escreveu um capítulo sobre sua carreira no banco no livro que conta a história da instituição.

Ainda na ativa
Apesar de ter se aposentado em 2009, Godoy continua trabalhando. Em outubro daquele ano, foi convidado para assumir o cargo de diretor-executivo da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), onde permanece até hoje.

Atualmente, são 45 anos dedicados ao trabalho.

“Considero como um presente de Deus a oportunidade de continuar trabalhando em uma entidade tão séria e representativa como a Acibr”.

Para ele, o trabalho é essencial. “O fato de compartilhar as experiências e adquirir novos conhecimentos é fundamental, e isso a gente só adquire com o trabalho. Para mim, duas coisas são mais importantes na vida: a família e o trabalho”.

Godoy pretende continuar trabalhando pelo menos mais cinco anos, até atingir os 50 anos no mercado de trabalho, depois disso, ele pretende desacelerar, e se dedicar ao trabalho voluntário, na Apae, onde hoje é o segundo diretor financeiro. “Pretendo me dedicar às entidades sociais, doar meu tempo para quem precisa”, diz.


Exemplo de Santa Catarina

Miguel Schlindwein, 82 anos, também lembra com orgulho da época em que foi eleito Operário Padrão de Santa Catarina, em 1983. Ele trabalhou durante 44 anos na Fábrica de Tecidos Carlos Renaux e foi reconhecido por toda a sua dedicação à empresa.

Schlindwein Iniciou na indústria brusquense em 1948, aos 14 anos. Passou pelas funções de gari, mascate e urdidor. Em 1959, foi promovido a operador de máquina; em 1967 foi para a função de almoxarife e lá ficou até 1977, quando foi convidado para assumir a chefia de expedição da fábrica.

Foi nesta função que ele recebeu o título, em 1983, motivo de muito orgulho para todos os operários da fábrica brusquense.

Miguel Schlindwein foi eleito Operário Padrão de Santa Catarina em 1983 | Foto: Arquivo pessoal

“Os trabalhadores eram indicados para concorrer e tinham que reunir documentação. Lembro que era avaliada as atividades que a pessoa fazia dentro e fora da fábrica. Eu sempre fui muito ativo, fui vice-presidente da associação da Iresa, tesoureiro da Sociedade Ipiranga, joguei bolão, futebol, fiz parte do Corpo de Bombeiros da fábrica”, lembra.

Ele conta que recebeu a notícia de que foi o vencedor do prêmio naquele ano, no fim de seu expediente na fábrica. “Meu horário era até as 17 horas, então era uma 16h55, me ligaram e contaram que eu fui eleito operário padrão de Santa Catarina, me parabenizaram, foi uma festa”.

O prêmio Operário Padrão foi criado em 1955 pelo jornal O Globo, do Rio de Janeiro, com o objetivo de ressaltar a importância do trabalhador em um momento de grandes mudanças do país. Rapidamente, a campanha de valorização do operário se espalhou para outros estados e ganhou o apoio do Sesi.

Hoje aposentado, Schlindwein lembra com carinho dos momentos que ocupou o posto de Operário Padrão do estado | Foto: Bárbara Sales

A partir daquele ano, os estados escolhiam os seus representantes e, depois, era eleito o Operário Padrão do Brasil. No ano em que foi escolhido, Schlindwein se reuniu com os representantes dos outros estados para uma série de atividades.

“Fomos para o Rio de Janeiro, participamos de uma cerimônia, visitamos o palácio do governo, o Jóquei Clube, assistimos um jogo no Maracanã, também fomos para Brasília e fomos recebidos pelo presidente Figueiredo, aproveitei muito”, diz.

Schlindwein sente muito orgulho de sua carreira, que chegou ao fim em 1992, quando se aposentou. “O trabalho sempre representou tudo para mim. Antes, o operário era mais valorizado. A potência de Brusque eram as fábricas, nos dava orgulho trabalhar, é uma pena que isso não existe mais”.