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Desgastados, partidos mudam de nome para atrair eleitores

Políticos de Brusque dizem que é preciso mudar a forma de fazer política, não apenas a nomenclatura

Manchados pela corrupção, os partidos apostam no marketing político para minimizar problemas nas eleições de outubro deste ano. A poucos meses do pleito, algumas das principais legendas trocam de nome ou cogitam fazê-lo para dissociar imagens desgastadas.

São vários os exemplos de partidos que mudaram de nome do ano passado para cá. O PEN virou Patriota. O PTdoB tornou-se Avante. E o PSDC transformou-se em Democracia Cristã. O caso mais proeminente é, contudo, o PMDB, que voltou a ser chamado apenas de MDB.

O quarto maior partido país, o PP, já utiliza Progressistas em seu site oficial. A mudança foi aprovada pela executiva nacional.

O DEM também pensa em mudar de nome. O partido do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, pode vir a se chamar Mude. Outra possibilidade é que a nova nomenclatura seja Centro Democrático.

As trocas de nomes precisam ser protocoladas e aprovadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até outubro para valer nas eleições deste ano.

Avaliações em Brusque
Para o vice-prefeito de Brusque, Ari Vequi (MDB), a mudança de PMDB para MDB faz sentido, mas não foi feita num bom momento. Segundo ele, o partido em Santa Catarina não participou da convenção nacional por não concordar com a continuidade dos mesmos no comando da legenda.

Ele avalia que MDB sempre foi falado, mesmo quando nome oficial era PMDB, no interior de Santa Catarina. Vequi diz que o partido tem uma história de luta muito forte no estado. Chamar-se MDB, na avaliação dele, é uma volta às origens.

“Sempre gostei mais de MDB, mas no momento não faz grande diferença”, afirma Vequi. “Não somos [partido em SC] contra mudança de nome, mas contra a manutenção de quem já estava lá”, completa.

Jean Pirola, vereador pelo PP local, vai na mesma linha de Vequi. Para ele, de nada adianta trocar o nome do partido para Progressistas sem haver mudanças estruturais e na forma de fazer política.  “A mudança não é só no nome, mas nas pessoas e nas atitudes”, diz Pirola, que é pré-candidato a deputado estadual. 

“Tentativa deliberada de ‘mudar’ para continuar como está”, diz sociólogo

O sociólogo político Eduardo Guerini avalia que as mudanças de nomes são uma “estratégia tosca” de marketing político. Para ele, os partidos tentam deixar para trás o seu “passado sujo”, mas sem, de fato, renovar-se.

“É uma tentativa deliberada de ‘mudar’ para continuar como está”, diz o sociólogo. Em resumo, o especialista acredita que os caciques da política nacional querem ludibriar o eleitor para que suas estruturas de poder, apadrinhados e aliados continuem a se beneficiar das benesses dos cargos públicos que ocupam há anos.

“Numa tentativa de blindagem e de marketing eleitoral, alteram a nomenclatura dos partidos”, diz o sociólogo, que também é professor da Univali. Ele avalia que, de fato, nada mudou. Mesmas pessoas, mesmas práticas.

Guerini diz que o sistema político brasileiro provoca esse movimento por parte de partidos. Desde a redemocratização e o pluripartidarismo, há duas saídas cada vez que uma legenda fica manchada: os políticos mudam de grupo ou então troca-se o nome da legenda.

“Desde a transição do bipartidarismo para o pluripartidarismo, com essa inflação de partidos, o que se vê é a formação de facções no poder”, diz o sociólogo. Para ele, a reforma eleitoral que votada ano passado não teve grandes efeitos no sentido de evitar legendas de aluguel e outras práticas imorais, se não ilegais.

Mudanças de nomes são comuns no Brasil

Trocar de nome está longe de ser uma novidade na política nacional. Desde o fim da ditadura militar, vários partidos se renomearam.

Em 1990, ocorreu um caso clássico de mudança para as eleições. O Partido da Juventude (PJ) passou a se chamar Partido da Renovação Nacional (PRN), para abrigar o então candidato Fernando Collor de Melo.

Três anos depois, mais um exemplo de grande partido que se transforma. O Partido Trabalhista Renovador (PTR) se funde com o PST e passa a ser o atual PP.

Mais recentemente também houve uma alteração. O Partido da Frente Liberal (PFL), que tem raízes na conservadora Arena, trocou a nomenclatura para Democratas (DEM) em 2007.

A principal diferença das modificações de agora com as que aconteceram na década de 1990 é o perfil. Antes, mudava-se a sigla. Atualmente, as legendas buscam slogans para se identificar com o reticente eleitor. Por isso surgiram nomenclaturas como Avante, Podemos e Patriotas.

Confira na tabela algumas mudanças que ocorreram ao longo dos anos.