Desenvolvimento, o novo nome da paz
Há cinquenta anos, ecoava essa frase-apelo pela primeira vez. Está na Encíclica magistral do papa Paulo VI: “Populorum Progressio” (Progresso -desenvolvimento – dos Povos). É um dos marcos significativos da Doutrina Social da Igreja. Quando Paulo VI escreve a palavra desenvolvimento não está pensando, apenas, em desenvolvimento econômico ou social. Mas, no desenvolvimento integral que […]
Há cinquenta anos, ecoava essa frase-apelo pela primeira vez. Está na Encíclica magistral do papa Paulo VI: “Populorum Progressio” (Progresso -desenvolvimento – dos Povos). É um dos marcos significativos da Doutrina Social da Igreja. Quando Paulo VI escreve a palavra desenvolvimento não está pensando, apenas, em desenvolvimento econômico ou social. Mas, no desenvolvimento integral que abrange todas as dimensões da pessoa humana e dos povos. Portanto, nas suas dimensões física, psíquica ou psicológica, social e espiritual.
A Encíclica Populorum Progressio está completando cinquenta anos. Sua mensagem continua sendo perfeitamente válida, em nossos dias. Talvez até mais incisiva, agora, dentro dessa cultura em ritmo de globalização, quando muitos povos estão ficando à margem do desenvolvimento.
Por isso o papa Francisco, recordando o legado de Paulo VI, em sua fala a respeito do 50º ano da Encíclica (completado em 26/03/2017) afirma: “Só o caminho de integração entre os povos permite futuro de paz. A Igreja está convicta de que o desenvolvimento integral é a via do bem que a família humana é chamada a percorrer. Desenvolvimento integral é integrar no desenvolvimento a economia, finanças, trabalho, cultura, vida familiar, religião. É como uma orquestra que toca bem se os seus diversos instrumentos estiverem bem afinados e se seguem uma pauta partilhada entre todos” (04/04/1017).
O papa Paulo VI, em sua Encíclica, explicita com bastante clareza o que a Igreja entende por desenvolvimento integral. Trata-se do “desenvolvimento de todos os homens e do homem todo”. Portanto, é prestar atenção a todos os aspectos da vida das pessoas e dos povos, integrá-los no desenvolvimento, oferecendo modelos praticáveis de integração, sem olvidar a dimensão pessoal e comunitária.
Já o papa Francisco, em sua fala, acentua que o desenvolvimento passa pela integração de todos os povos, acentuando a solidariedade. “O dever de solidariedade nos obriga a buscar modalidades justas de compartilha, para que não exista a dramática desigualdade entre quem muito tem e nada tem, entre quem descarta e que é descartado. Somente o caminho da integração entre os povos permite à humanidade um futuro de paz e de esperança”, disse.
O desenvolvimento integral do ser humano tem uma relação intrínseca com a noção de pessoa humana. Portanto, o seu fundamento está no conceito ou noção da pessoa humana. Por isso que a Antropologia Cristã da Igreja Católica tem sua fundamentação na visão do ser humano como “imagem e semelhança de Deus”. Aí, reside sua dignidade e dali também brotam os direitos e os deveres. A pessoa humana tem que ser vista e tida sempre como uma unidade e uma totalidade e é, dessa forma, que age. Alicerçado nessa noção, o papa Francisco afirma: “pessoa remete sempre à relação, não ao individualismo; afirma a inclusão e não a exclusão, a dignidade única e inviolável e não a exploração, a liberdade e não a coação”.
O Papa concluiu lembrando que a Igreja está convicta de que o desenvolvimento integral é a via do bem que a família humana é chamada a percorrer. Por isso não se cansa de oferecer esta sabedoria e a sua obra ao mundo.