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Defesa pedirá exame de sanidade mental do autor de crime em Saudades

Kleber dos Passos Jardim irá defender Fabiano Kipper Mai, de 18 anos

O advogado indaialense Kleber dos Passos Jardim foi quem assumiu a defesa de Fabiano, autor do crime em Saudades, no Oeste do estado.

Sobre a estratégia a ser utilizada pela defesa de Fabiano, o advogado afirma que, no momento, é muito cedo para definir. Contudo, ele já antecipa que será pedido um exame de sanidade mental a Fabiano.

“Estamos aguardando informações oficiais do Hospital Regional de Chapecó para saber o real estado de saúde do acusado, se vai sobreviver ou não”.

Em caso de alta, o advogado explica que enfim poderá conversar com o acusado. “Ele será ouvido no interrogatório pelo delegado responsável. Estamos aguardando também laudos periciais e por fim a conclusão do inquérito policial. É muito cedo para dizer sobre linha de defesa, muita coisa pode ocorrer até a conclusão do inquérito”.

Atuando profissionalmente há quase 10 anos, Passos é pós-graduado em Direito Público pela Escola da Magistratura Catarinense.

Caso de grande comoção

O indaialense sabe que o crime gerou extrema comoção. Contudo, ele acrescenta que seu papel é fundamental para a continuidade do processo. “Independente do crime, principio constitucional, tem que existir advogado no processo penal, senão não existe ação penal”.

Kleber diz que se solidariza com as famílias das vítimas. “Sou um pai de família com quatro filhos, estou de luto e recentemente perdi minha mãe por conta da Covid-19. Essa dor da perda sei que não é facil, mas devido à profissão de advogado temos um juramento e vamos respeitar e seguir a legislação”.

“Pais se solidarizam com as famílias das vítimas”

De acordo com Kleber, a defesa ainda não conseguiu falar com os pais de Fabiano devido estarem muito abalados com toda a situação. Todo o contato se dá por meio de um tio do autor do crime.

“Os pais se solidarizam com as famílias das vítimas. Estão muito tristes, são pessoas simples, humildes, pessoas do bem, trabalhadoras, e nunca imaginaram passar por uma situação dessas”, informa o advogado.

Justiça decretou prisão preventiva

O Tribunal de Justiça (TJSC) decretou nesta quarta-feira, 5, a prisão preventiva do jovem acusado de ter matado três crianças e duas professores no atentado de Saudades, no Oeste catarinense. Ele já havia recebido uma ordem de prisão em flagrante, agora convertida para preventiva. A decisão foi tomada após pedido do Ministério Público (MPSC).

O juiz da comarca de Pinhalzinho, Caio Lemgruber Taborda, foi quem assinou a ordem e também aceitou o pedido da Polícia Civil para quebra de sigilo de dados, necessária para análise de computadores, videogame e pen drive apreendidos na residência do suspeito.

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“A prisão é necessária para garantia da ordem pública em especial porque a autoria delitiva recai sobre o acusado, sendo ele, em tese, responsável pela morte violenta e cruel de cinco pessoas”, justificou o magistrado na decisão.

Outra observação feita pelo juiz, diz respeito ao comportamento do agressor. “Sua maior preocupação era quantas pessoas havia conseguido matar, demonstrando seu desprezo pela vida humana e a sua incapacidade de retornar, ao menos neste momento inicial e mediante as informações coletadas, ao convívio da sociedade, o que demanda seu encarceramento cautelar”.

Segundo Taborda, as circunstâncias dos fatos evidenciam que o jovem atua com periculosidade, portanto, sua liberdade representa grave abalo público e risco para a sociedade. O magistrado ainda destaca em sua justificativa, que o suspeito não demonstrou arrependimento, por isso, a necessidade da prisão preventiva.

Estado de saúde

De acordo com informações da assessoria de imprensa do Hospital Regional do Oeste, onde Fabiano está internado, o rapaz passou por cirurgia e segue em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo. Após alta hospitalar, será encaminhado para unidade prisional onde permanecerá até conclusão do processo e julgamento.

Autor do crime maltratava animais e sofria bullying

O delegado responsável pela investigação do massacre a uma creche do município de Saudades, no Oeste Catarinense, relatou que o autor do crime era vítima de bullying na escola e possuía histórico de maus tratos animais.

Após matar três crianças e duas funcionárias, Fabiano Kipper Mai tentou tirar sua própria vida. O jovem de 18 anos está passando por cirurgia em Chapecó e ainda não pode ser ouvido pela polícia. O perfil dele será traçado nos próximos dias.

“Já temos algumas informações que mostram que ele era um rapaz problemático. Era muito introspectivo e vinha maltratando alguns animais. Gostava de jogos online, alguns com violência, e tinha problemas dentro de casa”, relatou o delegado Jerônimo Marçal Ferreira.

Por conta do bullying dos colegas, Fabiano não queria mais ir para a escola. A família, de acordo com a investigação, não soube como ajudar o jovem. Ele estava no ensino médio e trabalhava em uma empresa do município de Saudades. Com o trabalho, guardou R$ 11 mil.

“Estivemos na casa dele com os pais e a irmã, mas ele não se abria. Não tinha namorada, não tinha celular e os poucos amigos tinham se afastado dele. Ninguém da família imaginava que ele ia fazer algo do tipo”, conta.

Armas brancas

O jovem possuía duas armas brancas. A maior, uma espécie de espada, foi usada no crime. A menor foi localizada na casa dele. Ambas haviam sido compradas há pouco tempo. “Vamos trabalhar com a perícia. Mas, sendo honesto, não sei se vamos conseguir descobrir porque ele fez aquilo e poder prevenir casos futuros na sociedade”, desabafou o delegado.

O sargento Marcos, que foi um dos primeiros a chegar na escola, foi acionado pela população que viu um homem com uma faca. “Como a cidade é pacífica não imaginava algo tão violento. De pronto me desloquei com meu carro particular e me deparei com o homem detido por moradores e vi que havia pessoas em óbito”, diz.

O policial também explica que por conta da gravidade dos ferimentos de Fabiano, especialmente na região do pescoço, ele estava sem ar. Portanto, era difícil conversar com ele. Também não foi possível detectar se ele estava sob efeito de substâncias.

O delegado Jeronimo também elogiou a atitude das professoras que estavam no local e se trancaram dentro das salas de aula com as crianças para que Fabiano não atacasse outros alunos. Os vizinhos, que impediram que ele continuasse o massacre, também foram homenageados.


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