De portas abertas e mesa vazia
Com a explosão de selfies, fotos e fatos, a exibição de novos lugares por via das redes sociais se tornou um grande trunfo para o turismo. Roteiros são elaborados para um novo tour e novas experiências que caibam em todo tipo de bolso e renda. Conhecer é a palavra de ordem acompanhada de expectativas e na aquisição de lembranças captadas pelos celulares e outras tecnologias.
Cidades vizinhas se aprontam para a bela temporada de férias. Sim, nem todos curtem as belas praias nessa época em que mais parece uma corrida de peregrinos querendo se banhar nas águas do nosso litoral. Há aqueles que preferem a calmaria das cidades e delas tirar o melhor proveito. Em Brusque não é diferente, muitas famílias se programam para conhecer os museus da cidade, pontos turísticos, degustar um bom café com cuca, pois durante o ano a rotina diária não permite. Também os turistas que aqui chegam ficam a procura do lazer cultural – de fato, hoje não se busca apenas o comércio das compras, o turismo cultural está em PRIMEIRO PLANO.
Mas qual o receio em preparar a cidade culturalmente?
Que medo é esse em falar sobre a história da cidade, abrir museus, oferecer o que ainda temos e o que podemos ter?
Não podemos definir Brusque com os mesmos eventos de sempre, o turista está vindo para cá o ano inteiro e o que a cidade oferece?
Divulga-se a Fenarreco para os quatro cantos do país para a festas de outubro e, quando aqui chegam em outros meses do ano o que encontram é o casal de “patos” à mercê da adivinhação do que viria a ser, sem uma explicação ao lado das figuras/estátuas e o evento. E o tal festival da cuca nota 10? Ah, na terra da gastronomia alemã a cuca só aparece depois das férias. As casas dos doces e cafés fecham em plena época de turismo e nos feriados nacionais. Pensamos pequeno e retrogradamente. Quanto ao lazer, resta como opção assistir um cinema e passear na mega loja que não dorme no ponto.
O perfil do turista mudou muito de uns tempos para cá, devido às redes as sociais, ele quer mostrar e divulgar o que a cidade tem, e isto não cabe somente ao turista, mas aos moradores também.
Queremos cultura para a cidade, queremos museus abertos e com toda a infraestrutura possível, queremos poder levar parentes e amigos em locais que ofereçam algo a mais, queremos adquirir lembranças dos locais visitados, compreender a história do local, ter experiências que nos fazem voltar e trazer mais e mais turistas. Temos que pensar a cidade o ano todo e não somente nos parcos e tímidos eventos que estão no calendário.
Brusque deixa a desejar, as cidades vizinhas estão atraindo cada vez mais visitantes e com isso a arrecadação dos municípios cresce.
Cultura gera emprego, renda e propicia conhecimento, torna a cidade mais sociável e evoluída.
Somos reféns da ignorância, a vida é muito mais e maior do que o ir e vir rotineiro.
Vamos nos libertar e abrir as portas da luz e do conhecimento, sair da escuridão da caverna que habitamos.
É preciso viver e crescer um pouco a cada dia.
Deixe-se invadir pelo conhecimento e se permitir morar numa cidade evoluída.
Vânia Gevaerd – artista
Na foto de capa: Conjunto escultórico – A chegada dos imigrantes
Artistas – Davi Rodriguez, Alfi Vivern, Maria Inês e demais colaboradores.
Local – Praça Vicente Só
Rodovia SC 486 – Brusque