Brusque nos grandes magazines
Após início modesto na rua Azambuja, Warusky atinge produção de 700 mil peças ao mês, gerando quase 600 empregos diretos
A rua Azambuja foi o primeiro endereço da Warusky Confecções. Lá, em uma sala de aproximadamente 40 m², Valdir Furbringer, junto com sua esposa, Maria Francisca, iniciou seu próprio negócio.
Profundo conhecedor do mercado têxtil, já que atuou por cinco anos como representante comercial da Cia Industrial Schlösser, não desperdiçou a oportunidade que teve para empreender e, em 1986, abriu uma loja.
Naquela época, com o comércio da rua Azambuja em seu auge e estimulado pelo plano Cruzado – medida do governo de José Sarney para reduzir e controlar a inflação que era muito elevada – Furbringer comprava e revendia para toda a região.
A loja ia bem, mas no início dos anos 90, quando a rua Azambuja já havia enfraquecido, o pequeno empresário decidiu iniciar a fabricação própria. “Essa mudança foi necessária. O comércio praticamente parou na rua Azambuja e não podíamos parar junto”, diz, aos 66 anos.
O empreendimento mudou-se para o bairro Souza Cruz. A produção iniciou com apenas seis colaboradores, em um espaço nos fundos da casa de Furbringer. Lá, o empresário investiu na criação de uma coleção própria e viajava para outras cidades de Santa Catarina e para o Rio Grande do Sul, com o mostruário embaixo do braço, em busca de clientes.
Assim, a empresa foi crescendo e, aos poucos, com sua loja de fábrica, tornou-se referência no modelo da pronta-entrega, sistema de negócio pelo qual Brusque ainda hoje é conhecida.
Produção para magazines marca expansão
Já consolidado no mercado, Furbringer viu a oportunidade de expandir o seu negócio e segmentá-lo para um modelo ainda pouco conhecido em Brusque, o Private Label. Neste sistema, a empresa produz mercadorias especialmente para marcas de terceiros, com a etiqueta própria do cliente.
Como a equipe sempre participou de feiras e eventos do setor, conseguiu uma aproximação com este mercado e a parceria com o primeiro cliente de Private Label, as Lojas Renner, que acabou abrindo as portas para a Warusky neste segmento. “Com o crescimento do Private Label, encerramos a nossa coleção própria e investimos tudo neste sistema”.
Hoje, a empresa atua exclusivamente neste mercado, produzindo peças para as maiores lojas de varejo de moda do país.
A produção da Warusky gira em torno de 600 a 700 mil peças por mês. Na fábrica, de quase 25 mil m², são criadas as peças que atendem as exigências e especificações de cada cliente. Atualmente, a empresa conta com cerca de 40 clientes ativos.
“A produção é constante e nenhuma coleção é igual a outra. Sempre investindo em viagens e pesquisas de moda. Nossa equipe monta uma média de quatro coleções por ano para cada marca atendida. O nosso forte são as roupas femininas, sempre em sintonia com as últimas tendências do mercado, que respondem atualmente por 90% do negócio”, explica.
Crescimento constante e equipe unida
O planejamento e a parceria com os grandes magazines fizeram com que a Warusky atravessasse o momento de crise econômica do país à margem.
Furbringer afirma que mesmo com a redução de consumo, a produção da fábrica não foi alterada porque os grandes magazines sempre mantiveram uma regularidade de pedidos. “Registramos crescimento todos os anos, sempre em torno de 10%, pois temos clientes fieis”, diz.
Para este ano, entretanto, a expectativa é maior. O empresário espera que a fábrica registre um crescimento de 18% a 20%.
O bom momento vivido pela fábrica, para ele, se deve à qualidade e dedicação de sua equipe. O que começou com apenas seis funcionários, em 30 anos, passou para 560 colaboradores.
“Temos muitos funcionários que vestem a camisa da empresa, que estão conosco desde o início. Ao longo de todos esses anos, formamos uma família. Isso é fundamental”.
A gestão familiar é uma característica da empresa. Furbringer é o diretor-presidente e tem ao seu lado a filha Rubia Furbringer Ristow, diretora de produto da fábrica, e o genro, Gerhard Ristow, que é o diretor comercial. “Hoje, quem toca a empresa, praticamente, é a minha filha e o meu genro, com o apoio de Ciro Keller, gerente industrial da fábrica. Eles estão fazendo um ótimo trabalho e esse crescimento da empresa é a prova disso. Tenho muito orgulho. Com certeza a Warusky está em boas mãos”.
Para Rubia, que atua na empresa praticamente desde o início, há 29 anos, a busca constante por novos clientes, sempre entendendo suas necessidades, é parte do sucesso da Warusky, mesmo em períodos de crise. “Procuramos atendê-los do modo mais eficiente possível”, diz.
E a preocupação constante com os clientes é o que motiva a empresa para o futuro, sem esquecer também da importância do investimento nos colaboradores. “Nossos planos para o futuro preveem investimentos na capacitação dos colaboradores e na melhoria dos processos produtivos, sempre com foco no cliente”, destaca.
Geração de emprego para toda a região
Além dos 560 colaboradores diretos, responsáveis pela criação, modelagem, corte, costura, revisão e embalagem dos produtos, a Warusky também gera centenas de empregos indiretamente. A fábrica terceiriza em torno de 50% de sua produção, o que movimenta as pequenas facções de Brusque até Rio do Sul.
São cerca de 60 empresas que ajudam a Warusky na produção das roupas que vão parar nas vitrines de grandes lojas em todo o Brasil. O trabalho terceirizado é realizado, principalmente, na tecelagem e beneficiamento do fio, em parte da costura da peça, lavanderia, estamparia e outros acabamentos.
“Prezamos muito pela qualidade, então todas as empresas que são nossas parceiras seguem o nosso padrão. Fazemos todo o controle e, com isso, conseguimos gerar empregos fora da fábrica também”.