João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Covid-19: flagelo do passado

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Covid-19: flagelo do passado

João José Leal

Há dois anos, coronavírus no auge da sua sinistra missão de nos afastar um dos outros, de infectar e matar milhões de pessoas e de espalhar o medo por todos os cantos da Terra, parecia que a vida seria completamente diferente após a catástrofe sanitária. Era comum ouvir dizer que a história da humanidade seria dividida em antes e depois da pandemia causada pela Covid-19. E que depois do flagelo, a vida humana não seria mais a mesma. Para os sobreviventes, vacinados ou não, tudo seria diferente.

Eu mesmo, idoso de carteirinha ou, como dizem alguns, vivendo na terceira idade, eufemismo que apenas tapa o sol com a peneira, mas não alivia as dores da velhice, pensei que estava fadado a viver isolado, longe das aglomerações, então severamente condenadas pelos arautos da medicina mais radical e autoritária. Quando muito, algumas andanças apenas e não muito distantes do quintal da minha morada.

No entanto, li e pesquisei sobre a história das epidemias que, no passado, dizimavam populações sem piedade nem medicina científica. E me convenci de que o coronavírus, como tantos outros apocalípticos cavaleiros da doença e da morte, tinha chegado para ficar. Com ele e suas futuras cepas teríamos que conviver, como há mais de século convivemos com o vírus da influenza sempre em mutação, travestido em tipos, linhagens e variantes que só o ciência e o microscópio conseguem enxergar.

De fato, o coronavírus que tanto mal e sofrimento causou a todos nós continua por aí, agora na pele de variantes que se sucedem – a última delas, a Arcturus. No entanto, não nos assusta mais. Agora, já não se fala mais de epidemia, muito menos de pandemia. Quando muito, diz-se que estamos vivendo um surto de gripe. E, se estamos gripados, já não entramos em pânico, não vamos mais aos postos avançados de controle para fazer testes, não somos mais levados aos hospitais, muito menos internados em leitos de UTI, agora utilizados para doentes com outros tipos de doença.

O tempo tenebroso de doença grave e infecciosa, de morte, de afastamento, sofrimento e tristeza, há muito já passou. E a vida continua. Se não é a mesma, pouca coisa mudou e a mudança é aquela que sempre acompanhou processo histórico da vida humana sobre o planeta. As ruas, os mercados, as escolas, os estádios de futebol, os ônibus e aviões, as praias, os cultos, os shows ao ar livre e as festas de todos os tipos, há mais de ano voltaram a receber multidões que já se esqueceram de que houve um tempo de trevas, medo e afastamento social, de hospitais superlotados, de doença e morte a todo instante.

Assim tem sido o ser humano. Sabe muito bem, e por experiência milenar, que depois da tempestade e da tragédia vem a bonança e o tempo alegre de se viver em paz uma vida melhor. Agora, passados dois anos do tormento, todos livres, é roda nos pés para cruzar os limites do quintal e sair mundo afora.

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