Conheça o trabalho realizado no Arquivo Histórico da Indústria Têxtil da Unifebe

Com o trabalho de preservação de diversos itens, instituição quer se tornar referência em pesquisa na área

Conheça o trabalho realizado no Arquivo Histórico da Indústria Têxtil da Unifebe

Com o trabalho de preservação de diversos itens, instituição quer se tornar referência em pesquisa na área

Parte da memória da indústria têxtil de Brusque está guardada em um espaço anexo à Biblioteca Acadêmica Padre Orlando Maria Murphy, no Centro Universitário de Brusque (Unifebe), onde desde 2019 está o Arquivo Histórico da Indústria Têxtil.

O espaço, que funciona como uma espécie de laboratório, já conta com peças do acervo pessoal do Cônsul Carlos Renaux, da Companhia Industrial Schlösser e da Buettner Indústria e Comércio. 

São tecidos, fotografias, documentos (passaportes, cartas, carteiras de trabalho, certidões de nascimento, óbito, escrituras, entre outros) de pessoa física e jurídica, além de discos, fitas cassetes, disquetes, cartões postais, álbuns fotográficos, porta-retratos, mapas e medalhas de mérito.

Fotos estão sendo digitalizadas | Foto: Bárbara Sales/O Município

A reitora da Unifebe, Rosemari Glatz, explica que a intenção da instituição é tornar-se referência em pesquisa na área da indústria têxtil. Para isso, iniciou os trabalhos de catalogação e preservação dos documentos guardados na Villa Renaux, no bairro Primeiro de Maio, a qual tem acesso desde 2017, após a assinatura de um Termo de Cooperação e Convênio Cultural com o representante da família Renaux, Vitor Renaux Hering.

“Esse convênio cultural prevê a cessão de direitos de uso do acervo documental histórico físico e digital armazenado na Villa Renaux com o objetivo de contribuir para a sistematização, preservação e socialização da memória, documentação visual da história e do patrimônio cultural da cidade e região”, diz.

Cartão de visita do cônsul Carlos Renaux | Foto: Bárbara Sales/O Município

Desde então, várias pesquisas têm sido desenvolvidas na Villa Renaux, envolvendo alunos e professores da Unifebe. A reitora destaca que à medida que as pesquisas acadêmicas avançavam, a instituição constatou que não seria possível separar, identificar e catalogar todo o material mantendo-o na Villa Renaux, pois era necessário um laboratório com equipamentos e materiais específicos e adequados para o trabalho de preservação do acervo, operado por pessoas capacitadas para isso.

“Foi assim que surgiu o Arquivo Histórico da Indústria Têxtil Catarinense. Sob a salvaguarda do convênio cultural que temos com o Vitor Renaux Hering, que autoriza a instituição a remover o acervo constituído de documentos, fotografias e negativos fotográficos, livros, fitas, acervo digital e afins, e armazená-los nas instalações da Unifebe”.

Este material foi o primeiro acervo do Arquivo Histórico. 

Patrimônio

Depois da criação do espaço, a Unifebe recebeu materiais de grande valor histórico da Companhia Industrial Schlösser e, recentemente, também da Buettner Indústria e Comércio.

Da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, a instituição tem somente o acervo pessoal e familiar do cônsul, já que o acervo referente à fábrica ainda permanece com a massa falida.

“O conjunto de todos estes acervos, documental histórico físico e digital, tem valor incalculável para a história”, observa a reitora.

Amostras de tecidos também fazem parte do acervo | Foto: Bárbara Sales/O Município

De acordo com ela, são inúmeras fontes primárias de pesquisa, dados originais, documentos oficiais de instituições governamentais, documentos pessoais, cartas, fotografias, bilhetes, postais, relatórios, cartões, anotações, que podem contribuir muito com a pesquisa e escrita da história de Brusque e região, de Santa Catarina, do Brasil e até um pouco de outros países Europeus. “É um patrimônio pelo qual toda a comunidade deve lutar para que seja preservado. É muito da nossa história”.

Trabalho técnico e complexo

A reitora da Unifebe explica que para transformar o Arquivo Histórico da Indústria Têxtil Catarinense em modelo, a equipe envolvida realizou visita ao Centro Universitário Barriga Verde (Unibave), de Orleans, que é referência no estado em preservação de documentos históricos.

A equipe visitou também o Instituto Carl Hoepcke, em Florianópolis, e o Museu Histórico Nacional e Museu Imperial, no Rio de Janeiro.

A equipe passou ainda por uma formação com um médico alergista e imunologista, sobre a higienização e tratamento dos materiais, já que a maioria dos documentos é do século 19.

A bibliotecária da instituição, Carla Zenita do Nascimento, também participou de eventos relacionados ao tema.

Todo material será catalogado e ficará disponível no sistema | Foto: Bárbara Sales/O Município

Além disso, a Unifebe contratou consultoria do museólogo Rubens Ramos, para a documentação e conservação preventiva de acervos fotográficos, capacitando as bibliotecárias a manusear os materiais do Arquivo Histórico da Indústria Têxtil Catarinense.  A instituição também promoveu formações gratuitas para as casas museais da região.

Rosemari destaca que todo o trabalho com o acervo segue regras de processamento técnico da área de biblioteconomia e arquivologia, atendendo o objetivo proposto que é o de preservar e disseminar o patrimônio documental e fotográfico das indústrias têxteis.  

Após identificação, digitalização e higienização do item, os dados são inseridos no Pergamum – software de gerenciamento de acervos de bibliotecas, arquivos e museus e, posteriormente, acondicionados em caixas, papéis e envelopes não alcalinos e armazenados em arquivos deslizantes.

Atualmente, os profissionais trabalham na digitalização do acervo da família Renaux. Como o trabalho é bastante complexo e delicado, envolvendo inventário, higienização, digitalização e catalogação dos materiais, ainda não é possível precisar quantos itens já fazem parte do arquivo.

“Até agora, já foram tratados e inseridos no Pergamum, um sistema integrado que reúne a maior rede de bibliotecas do Brasil, 177 fotos e 5 tecidos que integram o acervo do Cônsul Carlos Renaux”.

Consulta online

Todo o material que já foi incluído no sistema está disponível para consulta online no site da Unifebe. “Interessados em conhecer a história da indústria têxtil catarinense poderão acessar de qualquer lugar do país, pela internet, informações como: nome do objeto ou documento, descrição, dimensões, detalhamento sobre o estado de conservação, a quem pertenceu e quem fez a doação”.

A reitora observa que a entrada no espaço onde está o Arquivo Histórico da Indústria Têxtil Catarinense é restrita, já que o local funciona como uma espécie de laboratório.

Espaço está sendo organizado para guardar todo o acervo de forma adequada | Foto: Bárbara Sales/O Município

Eventuais visitas precisam ser acompanhadas por um profissional da biblioteca, em horário pré-agendado, sendo que os materiais não podem ser tocados. 

“O espaço é reservado e qualquer pessoa que acesse o local precisa utilizar os parâmetros apropriados, como jaleco e luvas. É preciso muito cuidado para não contaminar os materiais, pois são muito antigos, vários deles do século 19”.

Caso o pesquisador necessite acessar o original de algum dos acervos, incluindo os documentos históricos, deverá procurar a biblioteca acadêmica. 

Doações

A Unifebe continua recebendo materiais sobre a história da indústria têxtil doados pela comunidade. Os interessados em fazer a doação podem encaminhar um e-mail para arquivohistorico@unifebe.edu.br. Os acervos recebidos serão inventariados e receberão o nome dos doadores.

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