Dia do motorista: conheça o trabalho dos profissionais que transportam pacientes em Brusque
Motoristas que integram a linha de frente do combate à pandemia falam sobre carreira e rotina
Em alusão ao Dia do Motorista, comemorado neste sábado, 25 de julho, O Município conta a história de alguns desses profissionais, que fazem o transporte de pacientes, em situação de urgência ou não, em puxadas cargas horárias, e acabam desenvolvendo, não raras vezes, laços de amizade com as pessoas que atendem.
Duas décadas de ambulância
Edésio Mafra, de 50 anos, é motorista de ambulância desde 1998, e é servidor público desde 1995. Antes, trabalhava em uma empresa de atacado, também atuando como motorista. Há tantos anos nas estradas, ele descarta a primeira impressão de que sua função seja coberta de tensão, por ter que fazer o transporte de pessoas com a ambulância ao hospital.
“Quando se faz com dedicação e amor, a atividade se torna prazerosa, você está no lugar certo. Claro que às vezes há um aperto, não tem como todos os dias serem bons”, comenta.
O motorista relembra as dificuldades que Brusque possuía, em especial nos anos 90, para o atendimento de acidentes envolvendo motociclistas. “A gente saía daqui para Blumenau, para fazer tomografia, e às vezes a gente passava alguns apertos na estrada quando os pacientes eram graves.”
Se esta situação já está melhor, hoje há outros obstáculos, como o desrespeito de outros motoristas, que dificultam ou até impedem a passagem de uma ambulância com sirene ligada.
Por outro lado, Edésio conta, de forma bem humorada, que há também os motoristas assustados, que acabam subindo na calçada com tanta velocidade que precisam redobrar cuidados para não causar acidentes. “A partir do momento em que o paciente está na sua ambulância, a responsabilidade é sua. Não é do hospital, nem dos enfermeiros, nem dos médicos.”
Os horários de Edésio são alternados conforme a semana. Se em uma semana o horário é das 13h às 22h, no outro é das 5h às 14h. Há ocasiões em que o horário é extrapolado, principalmente no transporte para tratamentos como quimioterapia e radioterapia, que levam um pouco mais de tempo.
A aposentadoria não está distante. O motorista pretende deixar o trabalho em 2025, mas não tem pressa nenhuma. A ideia é continuar fazendo o que gosta enquanto puder.
O transporte na hemodiálise
Aos 56 anos, Joel Bonfim faz o transporte de pacientes que necessitam de hemodiálise desde 2017. Morador de Blumenau, faz um rodízio de veículos e custos com outros colegas para chegar ao trabalho todo dia. Ele caracteriza a função como um trabalho prazeroso, que proporciona uma relação de amizade com as pessoas que atende.
“Acabamos sendo um pouco de amigo, um pouco psicólogo, um pouco de tudo. Sempre há novas pessoas que precisam deste tratamento, desta manutenção. Gente de 15, 18 anos. Geralmente, terminamos o processo como se fôssemos uma família.”
Como um serviço essencial, Joel explica que todo o setor precisa estar atento aos horários. Em caso de imprevistos, sempre é necessário que haja um motorista de prontidão para substituir o titular daquele turno.
Joel entende que quem leva pacientes à hemodiálise não deve ser apenas um motorista, mas alguém que contribua para o tratamento das pessoas. “O tratamento começa ao sair de casa. A gente conversa, a gente brinca, leva esperança a estas pessoas”, completa.
Tratamento fora de domicílio
A rotina de Sanderson Valim, 47 anos, mudou em 2014, quando passou a ser motorista da Secretaria de Saúde de Brusque. Antes, o morador de Gaspar trabalhava no comércio local.
Sua atual função é fazer o transporte de pacientes para o tratamento fora de domicílio (TFD), um direito dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) para receberem atendimento que os municípios ou estados de origem não podem fornecer.
O dia começa sempre entre 4h e 5h, com o motorista precisando acordar já às 3h, ou até antes. O horário para chegar depende da agilidade dos atendimentos ou dos próprios tratamentos nos hospitais. A cidades como Florianópolis ou Blumenau, o veículo vai com até 15 pessoas por viagem, e o município mais distante que as rotas saindo de Brusque fazem é Curitiba.
“Se a pessoa quer conversar, eu converso, sobre qualquer assunto. Se não quiser, não tem problema também, a gente fica concentrado no trânsito de qualquer forma. São muitos casos. Só sabemos os tratamentos na hora, vamos nos informando”, relata.