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Comunidades celebram Corpus Christi com tapetes na Paróquia São Luís Gonzaga

Como já é tradicional, católicos acordaram cedo para preparar o caminho da procissão

A neblina, o clima ameno e o silêncio às 6h contrastavam com o entusiasmo e o bom humor dos fiéis que confeccionavam tapetes nesta quinta-feira, 31, Dia de Corpus Christi. Motivados pela fé e pelo espírito de comunidade, dezenas de católicos acordaram cedo para preparar o caminho da procissão na Paróquia São Luís Gonzaga, no Centro.

Já há alguns anos a confecção de tapetes foi concentrada somente na Igreja Matriz. As comunidades pertencentes à paróquia ficam responsáveis por uma parte do caminho. Não são mais feitos tapetes em cada capela como antigamente.

A forma ou o local podem mudar, mas a alegria em celebrar o Corpus Christi é sempre a mesma. É a terceira data mais importante para a Igreja, atrás somente do Natal e da Páscoa.

O Corpus Christi – como o nome denuncia – celebra o corpo de Deus, ou seja, a Eucaristia. A festa foi instituída pelo Papa Urbano IV em 1264 e desde então é celebrada mundo afora.

O nevoeiro não afugentou a comunidade de Nossa Senhora de Fátima, do Jardim Maluche, da confecção de tapetes. Cedinho, todos estavam dispostos para a tarefa.

Beatriz Gianesini participa há mais de dez anos da celebração de Corpus Christi. A motivação é uma só, afirma: “o amor a Deus e a Jesus Cristo”.

Junto com ela estava o casal Anizia e Joel Fantini, da mesma capela. Também participantes há anos, os dois esbanjavam disposição logo cedo. Além dos três, mais seis pessoas da comunidade foram ajudar.

Beatriz, Anizia e Joel, da comunidade Nossa Senhora de Fátima, chegaram cedinho

Espírito de comunidade
Renata de Souza, coordenadora da Liturgia da comunidade São Pedro, bairro homônimo, acordou às 4h para confeccionar os tapetes. A capela era uma das mais numerosas, com cerca de 30 pessoas com a mão na massa.

Chegar até o Centro exigiu coordenação. Alguns foram sozinhos, uns de carona e outros de caminhão. O espírito de coletividade falou mais alto, já que algumas pessoas ainda estão sem combustível devido ao desabastecimento em função da greve dos caminhoneiros.

“O motivo para vir aqui é que a Igreja Católica nos proporciona este presente de demonstrar o amor a Jesus”, diz Renata.

Comunidade do São Pedro compareceu em grande número

Mistura e renovação
A comunidade de Santo Antônio, do Volta Grande, era um exemplo de renovação. Luiz Paulo de Souza Silva estava participando da confecção de tapetes pela primeira vez, enquanto que Jucieli Falcão já estava no terceiro ano consecutivo e Leandro de Faria era o mais experiente.

A preparação dos tapetes também teve a participação de outros membros do bairro. Eles doaram a serragem para a confecção e duas pessoas desenharam os cartazes que servem de molde.

Jucieli levantou cedo e levou a filha Kauane, 7 anos, para o ritual. “Venho porque gosto do envolvimento com a comunidade e pelo amor a Cristo. Também é exemplo para a minha filha”, afirma.

Faria ajudou na montagem dos tapetes e, com bom humor, diz que participa por “Deus e pela nossa fé”.

Jucieli, filha Kauane, Luiz e Leandro, da comunidade Santo Antônio

Envolvimento comunitário
Valtamir Cesari é figura conhecida na comunidade São João Batista, do Bateas. Para ele, a celebração de Corpus Christi é ainda mais especial, já que ele é ministro da Eucaristia e da Palavra.

Entre brincadeiras, ele conta que já participa da tradição há mais de 20 anos. “Desde quando a missa era no campo do Brusque”, lembra.

Cesari foi acompanhado de mais 15 pessoas da comunidade do Bateas. Apesar da falta de combustível, ele afirma que em momento algum pensou-se em cancelar a confecção dos tapetes. A fé não lhes permitiria.

“Todos da comunidade se empenharam um pouco”, afirma o ministro da Eucaristia e integrante da capela.

Com bom humor, comunidade São João Batista confeccionou tapete

História antiga
A capela Nossa Senhora de Aparecida, do bairro Steffen, também marcou presença. Amarildo da Silva era um dos participantes. Há mais de 40 anos, acorda cedo para ajudar a fazer os tapetes.

Silva pegou a época em que a celebração era nas comunidades, depois foi no campo do Brusque FC e agora na paróquia. O local mudou, mas a fé permaneceu a mesma.

A vice-coordenadora do Conselho Pastoral da Comunidade, Elisabeti Jacinto, também participa há cerca de 25 anos. Ela e o marido acordaram às 4h30 para preparar o café da manhã para os integrantes da comunidade.

“Viemos pelo amor a Cristo e a Nossa Senhora”, diz Elisabeti. Ela também destaca a alegria que é estar entre a comunidade durante as atividades.

Integrantes da Capela Nossa Senhora Aparecida trabalharam para deixar tudo pronto

Seminaristas dão exemplo
Os seminaristas também foram empenhados na confecção dos tapetes. Fizeram três grandes, que exigiram bastante empenho.

O trabalho começou às 13h30 e foi até 22h de quarta-feira, 30. Foi retomado na madrugada do dia 31 e finalizado nas primeiras horas da manhã.

Jeferson Adriano Caldas, do segundo ano do Seminário, diz que o Corpus Christi representa o que é a igreja, um corpo místico formado por várias pessoas.

Os tapetes, neste contexto, são uma metáfora para que significa a vida católica. “São os dons colocados a serviço de um bem maior”, comenta Caldas. O seminarista afirma que a tradição também é um convite à renovação da fé.