Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Colônia Príncipe Dom Pedro – Parte III

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Colônia Príncipe Dom Pedro – Parte III

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A Colônia Príncipe Dom Pedro distava apenas quatro quilômetros da Colônia Itajahy-Brusque e ambas foram fundadas na década de 1860. Com base nos escritos sobre as colônias, verifica-se que os imigrantes das duas colônias viveram experiências iniciais semelhantes no que se refere à alimentação, moradia e trabalho para a demarcação dos lotes.

A moradia e a alimentação
O palmito juçara servia para a construção dos barracos provisório que serviriam à moradia nos primórdios da colônia. As folhas eram trançadas para cobertura e o miolo servia para o preparo de alimentos com carnes de aves. Foi preciso ensinar as primeiras técnicas de captura de pequenos animais e as formas de caçada de aves para que, a partir de então, os ingleses passassem a fazer caçadas para abastecer a dispensa coletiva. Era comum encontrar porcos-do-mato, jaguatirica, antas e capivaras, algumas das quais eram abatidas para servir de comida. As carnes eram salgadas e depois dependuradas para secar nos ranchos. A farinha de mandioca e o pão de milho complementavam a alimentação, além das frutas nativas encontradas em abundância.

A demarcação dos lotes
A jornada de exploração e o levantamento topográfico da colônia começou logo após a chegada dos ingleses reemigrados dos Estados Unidos ao barracão dos imigrantes. Uma parte abriu uma clareira na mata. Reconhecida a região, e com as informações prestadas pelo Barão von Schneeburg (Diretor da Colônia Itajahy-Brusque) ao Dr. Cottle (Diretor da Colônia Príncipe Dom Pedro), este definiu as trilhas de acesso a partir de um porto aberto na foz do Ribeirão Águas Claras e outro em Pedras Grandes, até onde os barcos a remo poderiam navegar. Também foi preciso abrir uma picada do porto do ribeirão ao barracão coletivo, distante aproximadamente 1,2 km.

O território da colônia Príncipe Dom Pedro era cortado pelo Ribeirão Águas Claras, Limeira, Limoeiro, Cedro Grande, Cedro Pequeno, Alferes e Creeker. Acima da foz do Ribeirão Águas Claras, a área era menos acidentada e não estava sujeita a tantas enchentes do rio. Os primeiros lotes coloniais foram demarcados a partir dos ribeirões, abrangendo, em média, 30 hectares cada.

Formaram-se os primeiros grupos de serviço assalariado, pagos por jornada diária. Outro grupo ocupou-se da abertura de picada para a Encruzilhada de Águas Claras e para o lugar chamado Rodger’s Road, na região de Cedro Grande. Uma picada seria aberta da sede da Colônia Príncipe Dom Pedro na direção das terras de Paul Kellner e Pedro José Werner, antigos moradores, proprietários de terras em Pedras Grandes.

A frustração do Diretor em relação ao território
Já nos primórdios da demarcação, em 1867, a Diretoria da colônia se dirigiu à Presidência da Província, reclamando que “o terreno que foi destinado para esta colônia, segundo a descrição feita pelo engenheiro que a demarcou, devia conter boas terras para a cultura; as explorações porém, ultimamente feitas, por ocasião da divisão dos lotes, não confirmaram aquela informação, encontrando-se em quase toda parte estreitos e montanhas escarpadas, que não se prestam à cultura, principalmente pelo arado; as melhores terras estão dentro da área pertencente à Sallentien, que fica entre o primeiro território da Colônia Itajahy e o segundo, que também lhe estava destinado, mas que foi designado para a nova colônia”. Ou seja, as melhores áreas estavam localizadas justamente nas terras particulares de Paul Kellner e de Franz Sallentien que, naquele momento, as usavam para exploração de madeira e cujas terras estavam encravadas no seio do território incorporado à Colônia Príncipe Dom Pedro.

Fonte: Aloisius C. Lauth, no livro Colonos Ingleses em Águas Claras (2014)

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