Casos de envenenamentos de animais chamam a atenção em Brusque; saiba como proceder
Nas últimas semanas foram registradas mortes de cães nos bairros Bateas, Poço Fundo e na localidade de Volta Grande
Brusque registrou diversos casos de cães que foram mortos recentemente e a situação tem preocupado os moradores da cidade. A forma mais frequente foi o envenenamento. Nos últimos 15 dias, o jornal O Município registrou mortes de animais nos bairros Bateas e Poço Fundo e uma tentativa de envenenamento no Volta Grande.
O delegado da Polícia Civil de Brusque, Egídio Ferrari, esclarece que em casos de mortes de animais, seja por envenenamento ou outras formas, é preciso registrar o boletim de ocorrência na delegacia. Desta forma, a Polícia Civil conseguirá investigar o caso e responsabilizar o autor do crime.
“Todos devem registrar o boletim de ocorrência. Para configurar o crime, nós vamos precisar da prova do crime, o que nós chamamos de materialidade. Isso é feito através de um laudo veterinário. Por exemplo, se encontrar um pedaço de comida dentro do cercado e apreender para levar ao veterinário para ser feito o laudo e o boletim de ocorrência”, explica.
Ferrari ainda acrescenta que em alguns casos é necessário fazer o exame no cão ou no material encontrado para saber se estava envenenado.
Douglas Amorim, voluntário da Associação Brusquense de Proteção aos Animais (Acapra), aconselha que os tutores não deixem os animais andarem sozinhos na rua ou fugirem de casa. Além disso, em casos de envenenamento que são flagrados minutos depois, os tutores podem dar um litro de água diluído com bastante sal.
“É uma salmoura que é dada imediatamente [após o envenenamento] para o gato ou cachorro, forçando a regurgitação para ele vomitar o veneno. É muito raro conseguir, pois não se sabe há quanto tempo ele está envenenado”.
Após o animal vomitar, ele precisa ser encaminhado ao veterinário imediatamente para ser atendido.
Motivação dos crimes
Ferrari diz que não é possível informar o motivo para o aumento deste tipo de crime. No entanto, ele afirma que tem percebido que os registros de envenenamento cresceram.
O voluntário da Acapra explica que essa situação é a “projeção que as pessoas têm no período pandêmico”.
Segundo ele, com as restrições sociais e o afastamento dos amigos e familiares, além da falta de abraços, as pessoas estão reprimindo a raiva e acabam descontando nos animais.
“Isso triplicou a questão de abandono de animais, tanto os mais velhos como os filhotes. Estão deixando uma cria toda de gatos e cachorros nas portas das casas, quando não é feito no lixão. O envenenamento é mais um passo dessa crueldade”, avalia.
Ele acredita que devido à aplicação da lei e com o apoio do delegado Ferrari, as pessoas não querem correr o risco do cão ser encontrado e “estão preferindo fazer essa sacanagem de envenenar os animais, o que é uma judiação”.
O voluntário diz que, para a Acapra, os animais são uma extensão da própria família e ressalta os benefícios psicológicos que os animais trazem, tanto para as crianças como os demais familiares. “Os bichinhos trazem alegria para casa e geram responsabilidade como qualquer outro ser”.
Conforme o delegado, geralmente no período de férias há mais registros de abandono e, por consequência, mortes dos animais.
Punições
Em maio deste ano, o governador Carlos Moisés sancionou uma lei que aumenta a multa para quem comete crueldade contra animais e inclui a proibição de rinhas de galos e de cães, abandono e prática de zoofilia no Código Estadual de Proteção aos Animais (Lei Nº 18.116/2021).
A multa para infrações graves, que era de R$ 500 a R$ 1 mil, passa a ser de R$ 10 mil a R$ 12 mil. Já as infrações consideradas gravíssimas, que poderiam resultar em multas de R$ 1 mil a R$ 2 mil, agora custarão de R$ 12 mil a R$ 20 mil. A iniciativa atualizou os valores da punição, que foram criados em 2003. Além disso, crimes contra os animais também estão previstos na legislação federal (Lei Nº 9.605/1998).
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