Brusque registra mais de 100 partos de adolescentes em 2019

Número envolve gravidez de meninas entre 13 e 18 anos

Brusque registra mais de 100 partos de adolescentes em 2019

Número envolve gravidez de meninas entre 13 e 18 anos

Brusque registrou um total de 108 partos entre mães adolescentes, de 13 a 18 anos de idade, em 2019. Os dados são da vigilância epidemiológica do município, que computou os casos por meio das declarações de nascimentos emitidas na cidade.

Segundo as informações do órgão, a mãe mais jovem do ano foi uma adolescente de 13 anos, que teve o trabalho de parto em março. Além dela, foram cinco mães de 14 e dez mães de 15 anos. Entretanto, a maior taxa de partos é entre mães de 16 a 18 anos, com 92 nascimentos registrados.

De acordo com o secretário de saúde, Humberto Fornari, a gravidez na adolescência e infância preocupa a gestão. Ele cita, entre as propostas e formas de trabalho, o Programa de Saúde Escolar (PSE), no qual essa pauta é discutida.

“Gravidez nessa fase acaba polindo muitos sonhos. Muitas gravidez de algumas moças não são programadas, apesar de outras serem desejadas. Isso causa um transtorno na dinâmica de uma família, seja para os pais ou até para a própria menina, como a interrupção dos estudos, que será um grande problema na vida dela”, explica.

Apesar da gravidez na adolescência atingir famílias de diversas classes sociais, o secretário salienta que o maior número ocorre em famílias mais carentes. Ele aponta as dificuldades do acesso a educação de qualidade, que envolva discussões e orientações sobre prevenção e segurança.

“Eu, como secretário da saúde, sei que o que temos, em termos de financeiro, são sempre aquém daquilo que a gente pede, mas entendemos que estamos fazendo tudo no nosso alcance com o pouco que temos”, defende.

Polêmicas na discussão

Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2000 e 2018, foi registrado queda de 40% nos casos de gravidez entre garotas com entre 15 e 19 anos no Brasil. Já entre as com menos de 15 anos, a queda foi menor, de 27%.

Entretanto, o número ainda é alto. Segundo dados divulgados pelo Ministério, em 2018 foram registrados 434 mil mães adolescentes, entre 15 e 19 anos, no país.

Este número representa 68,4 nascimentos para cada mil, sendo que taxa mundial é de 46 nascimentos. A taxa brasileira é, também, maior do que a da América Latina, que tem o índice de 65,5 para cada mil nascimentos.

Fornari cita a necessidade de uma parceria do ponto de vista comunitário, pois o abandono da educação sexual não vai combater esse tipo de problema. Ele conta que a principal dificuldade enfrentada no último ano foi a polêmica sobre a discussão desse tema nas escolas.

“A educação sexual nas escolas é um processo que precisa ser continuado. Não estou dizendo que o modelo que era apresentado é o ideal, mas todo mundo precisa entender que não podemos esconder esse trabalho debaixo do tapete”, completa.

Educação sexual como solução

Fornari destaca que a educação sexual é uma ferramenta muito importante para evitar a gravidez na adolescência. Pois, os casos observados por ele, mostram que muitos jovens que estão sexualmente ativos não tiveram orientação sobre prevenção a gravidez.

O tema, segundo o secretário, remete a falta da educação sobre a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Ele conta que muitos não usam o mínimo, que é o preservativo, o que aumento os riscos de contrair DSTs como sífilis, HIV e a gonorréia.

Para ele, o melhor programa é o modelo de educação, de maneira continuada, no sentido de orientar sobre métodos de segurança. Dentre elas, mais discussões escolares e mais orientações do ponto de vista da prevenção.

“O governo federal tem que voltar a patrocinar as pílulas anticoncepcionais, o uso de Diu e assim por diante, para que assim consigamos atingir as metas anuais”, completa. 

Campanha do governo federal

A campanha do governo federal Tudo Tem seu Tempo, lançada no dia 3 de fevereiro pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem o objetivo de educar jovens sobre sexo e gravidez na adolescência. 

O programa chegou a ser criticado antes mesmo de ser lançado. Na época, o ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos afirmou que basearia a campanha no incentivo à abstinência sexual como uma política pública de prevenção. 

Fornari comenta que, se for levar ao pé da letra o que foi dito sobre o incentivo da abstinência sexual, discorda desse método. 

“Sexo é uma das situações que a prevenção tem que ser feita de maneira educativa, e não simplesmente tentar trazer isso para um modelo moralista. Como o combate às drogas, que não dá para ser moralista, por que aí não conseguimos atingir o que a gente deseja”, avalia.

 

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