“Brusque, capital do rock no Sul”?
Tudo começou aqui nesta página, nesta conversa impressa semanal, uns meses atrás. Dentro da revirada nas dobras do tempo que a gente sempre faz aqui, aproveitamos o ano redondo para trazer à tona o movimento do rock brusquense que teve seu ápice em 1988. Trinta anos redondos.
Foi assim, procurando a (ex) meninada das bandas brusquenses da época, enchendo as mãos de poeira no garimpo do material antigo que sobreviveu às mudanças e ondas de desapego, que conseguimos relembrar um pouco desta história.
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Mas não parou por aí. As nossas conversas inspiraram o professor Renato Riffel a propor uma irrecusável transformação desse resgate em uma exposição. Juntando fotos, cartazes, ingressos, discos, moda, fanzines, vídeos cheios de ruídos… Tudo montando um quebra-cabeça meio imperfeito do que aconteceu em Brusque no final dos anos 80.
Ah, você não prestou atenção e não sabe do que estou falando? Ok, então aí vai um resumo. Bem resumido. Ou melhor, uma receita.
Pegue como base uma cidade pequena, mas com muito potencial cultural – não esqueça que esta cidade tinha acabado de viver, poucos anos antes, uma pequena revolução, capitaneada pelo jornal Cogumelo Atômico.
Agora junte um outro jornal, já com a cara dos anos 80, o Contracorrente. Que ganhou um espaço em rádio e também uma página semanal aqui mesmo, no Município. Acrescente um bar perfeito, o Amarelo Vinte, com um proprietário, o Rogério Moritz, muito mais ligado no conteúdo cultural do espaço do que no lado lucrativo da coisa – ou nunca teria se lançado na aventura de ligar seu bar a bandas de rock “radicais”.
Agora recheie tudo com essas bandas, a maior parte paulistas e razoavelmente conhecidas no mundo alternativo: Cólera, Garotos Podres, Kães Vadius, Devotos de Nossa Senhora Aparecida, Beijo AA Força…
O resultado? Uma cena local, com bandas de rock de várias vertentes, mas quase todas com uma influência forte do punk – principalmente na atitude. Nem todos dominavam seus instrumentos… mas isso, decididamente, não era o mais importante. Importante era a expressão das ideias, das angústias, da visão de mundo que destoava do que seria esperado deles. Adolescentes exercendo seu direito à rebeldia.
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Nossa cena chamou a atenção da mídia nacional, você pode imaginar? Rendeu até nota na coluna social da Joyce Pascowitch e uma página inteira em um caderno da Folha de S. Paulo. Impressionante.
Tudo isso está contado, com detalhes, na exposição assinada pela Modateca da Univali (sim, porque tem bastante moda envolvida) que abre no próximo sábado, dia 22, às 10 horas da matina, no Espaço Cultural Graf, no segundo andar da Livraria Graf.
Se você viveu essa época ou não imagina como tudo isso aconteceu, a gente espera por você, com algumas surpresinhas…