Arcebispo Wilson Tadeu Jönck divulga nota de resposta à Prefeitura de Botuverá
Crisma foi interrompida no sábado; arcebispo Metropolitano de Florianópolis divulgou nota de esclarecimento nesta terça-feira
Nesta terça-feira, 1º, o arcebispo Metropolitano de Florianópolis, Wilson Tadeu Jönck, divulgou nota de esclarecimento em resposta à nota da Prefeitura de Botuverá, sobre os impasses envolvendo realização da celebração de crisma no salão da Igreja São José, neste sábado, 28. “Nos mais de 40 anos de sacerdócio, isto nunca me aconteceu”, diz arcebispo.
Segundo a nota, Jönck ressalta que na Arquidiocese de Florianópolis são mais de 70 paróquias. Em todas elas são seguidas a orientações das normas vigentes sobre a Covid-19.
São ordens como: os acentos estão demarcados de acordo com a capacidade estipulada pelos decretos do Estado, é fornecido álcool gel para todos os participantes, e é obrigatório o uso de máscara. “Até agora não tivemos problemas. O nosso pedido é que se observe o que é prescrito pela autoridade. Nós nos consideramos colaboradores do Estado no seu esforço no combate à pandemia”, diz.
Ainda, ele afirma que em Botuverá as normas foram seguidas à risca. “Causa revolta, quando o argumento usado é de que pelo fato de a missa ser celebrada no salão ela se tornava um evento e este era proibido. Ora, se não se consegue ver a diferença entre uma missa e um baile de carnaval, se torna difícil conversar”, continua.
Segundo nota da Prefeitura, a realização do evento chegou a ser discutida durante a última semana. Contudo, teria existido uma recusa por parte da paróquia em cancelar ou adiar o evento. Confira nota na íntegra aqui.
“Devo dizer que, pessoalmente, a parte que mais me feriu foi a ordem de interromper a missa. E foram repetidas ameaças de que iriam entrar e acabar com a celebração”, complementa o arcebispo.
Confira nota do arcebispo na íntegra
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Diz respeito à Nota lançada pela Prefeitura de Botuverá, no dia 30 de novembro p.p., a propósito dos acontecimentos na Missa da Crisma realizada no dia 28 de novembro na Matriz São José.
Diz a nota que tudo poderia “ser evitado com a observância às diretrizes do Estado”. Tenho a dizer que na Arquidiocese de Florianópolis são mais de 70 paróquias. Todas elas são orientadas a seguir as normas lançadas pela autoridade sanitária com referência aos cuidados preventivos com relação à COVID 19. Em todos os lugares de culto, os acentos estão demarcados de acordo com a capacidade estipulada pelos decretos do Estado, é fornecido álcool gel para todos os participantes, e é obrigatório o uso de máscara. Até agora não tivemos problemas. O nosso pedido é que se observe o que é prescrito pela autoridade. Nós nos consideramos colaboradores do Estado no seu esforço no combate à pandemia.
Também em Botuverá, tudo estava organizado seguindo à risca as normas da autoridade sanitária: distanciamento, lugares demarcados para todos os participantes, fornecimento de álcool gel. Todos os presentes usavam máscaras. O fato de que a missa tenha sido no salão deve ser visto sobretudo como um esforço para cumprir aquilo que é o espírito das normas sanitárias. Causa revolta, quando o argumento usado é de que pelo fato de a missa ser celebrada no salão ela se tornava um evento e este era proibido. Ora, se não se consegue ver a diferença entre uma missa e um baile de carnaval, se torna difícil conversar. Havia uma insistência para se achar um motivo para implicar. Sinceramente, não consigo encontrar o motivo para tal implicância. Mas deve haver um motivo.
Devo dizer que, pessoalmente, a parte que mais me feriu foi a ordem de interromper a missa. E foram repetidas ameaças de que iriam entrar e acabar com a celebração. Preciso dizer que a celebração da missa não se interrompe na metade. Nos mais de 40 anos de sacerdócio, isto nunca me aconteceu. Tenho lido nos noticiários que tais fatos acontecem em regiões onde há perseguição contra os cristãos. Aproveitam quando a comunidade está reunida para atacar. Não esperava passar por esta experiência em Botuverá.
Quero, enfim, expressar minha admiração pelo povo de Botuverá, expressa em tantos momentos de sua história. Que este lamentável episódio não marque negativamente a harmonia e a convivência da comunidade.
Florianópolis, 1º de dezembro de 2020.