Alta da cesta básica dos últimos 12 meses ficou acima da inflação
Depois de dois meses de queda foi registrado novo aumento de 2,25%, puxado pela valorização do dólar
A cesta básica em Brusque fechou o ano de 2014 com alta acumulada de 7,44% – valor um ponto percentual acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos últimos 12 meses, que foi de 6,41%. Dentre as causas para este acréscimo acima da inflação oficial está o enfraquecimento do real perante o dólar.
De acordo com os dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em dezembro o preço da cesta básica fechou em R$ 323,31, em janeiro o valor estava em R$ 292,00. O ano foi de altos e baixos na cesta. Janeiro começou com uma queda de 2,77% em relação ao mês anterior. A tendência de queda foi quebrada logo em fevereiro, quando foi registrado variação de 3,31%. Em março veio o maior salto do ano, 7,74%. Neste ponto, o brusquense já estava pagando R$ 325,02.
O tomate foi o maior vilão da cesta básica naquele mês. A pesquisa do Dieese registrou uma variação mensal de 41,33%, sendo o preço médio do quilo R$ 4,89, em março, o maior de 2014. Em abril, houve mais uma alta, de 3,56%, e em maio a tendência seguiu com um incremento de 1,29% no valor da cesta básica em Brusque. Este foi o pico do ano, com o valor total da cesta ficando em R$ 340,95.
No segundo semestre, o ritmo de encarecimento da cesta básica desacelerou e até chegou a ser registrada queda. Julho teve variação de -2,60% e a tendência continuou. Nos últimos meses, do ano, outubro e novembro, os resultados foram -0,59% e -0,63%, respectivamente. Dezembro marcou a retomada do aumento, com alta de 2,25%.
Foi em dezembro que começou a se sentir com mais força o impacto da alta do dólar, que fechou o ano em R$ 2,65 contra R$ 2,39 em janeiro de 2014. A desvalorização do real refletiu diretamente na cesta básica, explica o economista José Coninck, professora da Univali. O motivo é que muitos itens que são comuns no prato do brasileiro são commodities agrícolas, que, por sua vez, são negociadas com outros países com o dólar americano.
Um exemplo de commodity é o trigo – que impulsionou a alta do pão francês. Segundo os dados do Dieese, o preço do pão cresceu 9,26% de novembro para dezembro. O Brasil exporta o cereal que é matéria-prima do pãozinho e por isso o preço ficou mais caro. “As commodities recebem o efeito direto do enfraquecimento do real perante o dólar”, explica Coninck.
E não foi somente o pão francês que foi impactado pela alta da moeda americana. O economista afirma que a soja é muito utilizada na carne bovina, que também está na cesta básica. A variação deste item foi de 4,40%. O café também é comprado fora do país e teve aumento de 0,21%.
Em comparação com estes alimentos que tiveram aumento, o leite, o tomate e a manteiga registraram diminuição nos seus respectivos preços, conforme a pesquisa do Dieese. A maior queda foi do tomate – que havia sido o vilão no meio do ano e motivo de piadas nas redes sociais -, com -34,48%. O leite teve redução de 1,49% e a manteiga, -0,22%. “A contaminação dos preços dos alimentos pela inflação é o último impacto sobre a população. Isso causa a perda do poder de compra e o empobrecimento”, diz Coninck.
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