Automodelismo ganha espaço em Brusque; pequenos veículos custam até R$ 10 mil

Esporte é opção em Brusque, onde foi realizada, neste domingo, a última etapa do Campeonato Catarinense

Automodelismo ganha espaço em Brusque; pequenos veículos custam até R$ 10 mil

Esporte é opção em Brusque, onde foi realizada, neste domingo, a última etapa do Campeonato Catarinense

Na pista montada na estrada da Fazenda, no Limoeiro, carros velozes levantam poeira. Bem ajustados, conseguem atingir a média de 80 quilômetros por hora. Vários deles dividiram espaço na manhã de ontem.

São veículos de automodelismo off-road, cuja última etapa do Campeonato Catarinense foi realizada ontem em Brusque.

O nome oficial dos carros é automodelo por radiocontrole a combustão. O controle possui, basicamente, comandos para aceleração, frenagem e direção do carro. Embora os da modalidade off-road, que são réplicas em proporção 1/8, alcancem a velocidade de 80 km/h, há outros modelos que podem chegar até 130km/h.

Na estrutura montada ao lado da pista, pilotos dos automodelos ficam na parte de cima; na de baixo, os mecânicos / Foto: Marcelo Reis
Na estrutura montada ao lado da pista, pilotos dos automodelos ficam na parte de cima; na de baixo, os mecânicos / Foto: Marcelo Reis

Basicamente, enquanto o aeromodelismo é mais para contemplação, o automodelismo tem DNA de competição.

Fredy Cernucky, sócio do clube de automodelos Galo Loco, de Brusque, afirma que há muitas pessoas que praticam o esporte, mas ainda falta engajamento dos praticantes.

“O pessoal tem medo de chegar, não quer se comprometer. Está todo mundo meio espalhado”, afirma, para justificar que é necessário, para o fortalecimento do esporte na região, que os praticantes deixem de atuar isoladamente.

Segundo ele, todos os que possuem automodelos são bem-vindos, aos sábados à tarde, para utilizar a pista, que é livre. Hoje, o clube tem dez sócios, que garantem sua manutenção. Com mais associados, fica mais fácil cuidar da pista e das competições, e ajudar a popularizar o esporte.

“Queremos frisar aos iniciantes que é um ambiente sadio. Quem tiver carro pode vir. Precisamos de novos sócios para manter o hobby vivo”, diz.

O nome Galo Loco tem uma explicação coerente. Fredy diz que o local onde está a pista é uma área rural, região de sítios. Daí o galo, bastante presente nas redondezas. O “Loco” também é explicado. “Havia uns pilotos que andavam de forma meio doida”, diz o sócio do clube.

Henri Diegoli, que possui uma loja dedicada ao automodelismo, também sócio do Galo Loco, é um dos entusiastas mais antigos na região. Não recorda o ano exato, mas estima que começou a praticá-lo como hobby, ao lado do irmão, há mais de 20 anos.

“Começou como carrinho de brinquedo, um hobby, depois começou a se tornar mais sério. Quando entramos na pista começamos a melhorar”, afirma ele, que é também mecânico de automodelos e já participou de cinco campeonatos brasileiros e um sul-americano.

Troféus entregues aos pilotos que competiram em Brusque neste domingo / Foto: Marcelo Reis
Troféus entregues aos pilotos que competiram em Brusque neste domingo / Foto: Marcelo Reis

O inicio no esporte e as provas

Para quem nunca praticou automodelismo, Fredy recomenda começar com a chamada versão RTR: modelos prontos sem qualquer modificação ou adaptação. É o equipamento mais barato, custa em torno de R$ 2 mil.

Quando o piloto ganha experiência, começa a personalizar o carro: há possibilidade de trocar chassi, motor, sistema elétrico. Os automodelos que competiram neste fim de semana custam, em média, de R$ 5 mil a R$ 10 mil.

As etapas são marcadas em um calendário definido no começo do ano. A prova é disputada à tarde, e tem a duração exata de 45 minutos. Ganha o veículo que, neste tempo, conseguir dar mais voltas na pista.

Pela manhã, há baterias de treinos e classificatórias, em um modelo semelhante ao da Fórmula 1.


Sintonia entre mecânico e piloto

Mecânico e piloto trabalham em sintonia durante a prova, mas principalmente antes dela, no ajuste do carro. O combustível permite ao automodelo permanecer na pista por, no máximo, seis minutos. Ajustes feitos pelo mecânico podem melhorar este tempo, e dar vantagem preciosa ao piloto.

Ajustes nos automodelos são feitos antes deles entrarem nas pistas; mecânico e piloto trabalham em sintonia / Foto: Marcelo Reis
Ajustes nos automodelos são feitos antes deles entrarem nas pistas; mecânico e piloto trabalham em sintonia / Foto: Marcelo Reis

Quem guia o carro fica na parte de cima da estrutura montada ao lado da pista. Quem o prepara, observa o desempenho, no andar abaixo. Ambos se comunicam o tempo todo: o mecânico é o responsável por avisar a hora de reabastecer.

“São vários ajustes, regulagem de geometria, o tipo de pneu é estratégico. O Afonso, por exemplo, tem mais de 30 pneus”, afirma Fredy.
Afonso Celso Schmitz é um dos pilotos mais experientes do estado. Natural de Blumenau, já disputou campeonato brasileiro e sul-americano de automodelismo. Ele destaca que guiar o automodelo é “praticamente igual” a um carro de tamanho real.

O piloto Afonso Schmitz, de Blumenau, começou em 2002 / Foto: Marcelo Reis
O piloto Afonso Schmitz, de Blumenau, começou em 2002 / Foto: Marcelo Reis

Ele começou no esporte como hobby, em 2002, no clube Asas do Vale, de Gaspar. “Era pura diversão”, diz o piloto. Um ano depois, ele já participava de competições. “Para controlar o carro, basicamente o piloto dirige como se estivesse dentro, os comandos seriam os mesmos”, explica Afonso. “Demora um pouco para pegar a técnica. Com o tempo, se pega experiência, o que conta muito na competição”.

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