Automodelismo ganha espaço em Brusque; pequenos veículos custam até R$ 10 mil
Esporte é opção em Brusque, onde foi realizada, neste domingo, a última etapa do Campeonato Catarinense
Esporte é opção em Brusque, onde foi realizada, neste domingo, a última etapa do Campeonato Catarinense
Na pista montada na estrada da Fazenda, no Limoeiro, carros velozes levantam poeira. Bem ajustados, conseguem atingir a média de 80 quilômetros por hora. Vários deles dividiram espaço na manhã de ontem.
São veículos de automodelismo off-road, cuja última etapa do Campeonato Catarinense foi realizada ontem em Brusque.
O nome oficial dos carros é automodelo por radiocontrole a combustão. O controle possui, basicamente, comandos para aceleração, frenagem e direção do carro. Embora os da modalidade off-road, que são réplicas em proporção 1/8, alcancem a velocidade de 80 km/h, há outros modelos que podem chegar até 130km/h.
Basicamente, enquanto o aeromodelismo é mais para contemplação, o automodelismo tem DNA de competição.
Fredy Cernucky, sócio do clube de automodelos Galo Loco, de Brusque, afirma que há muitas pessoas que praticam o esporte, mas ainda falta engajamento dos praticantes.
“O pessoal tem medo de chegar, não quer se comprometer. Está todo mundo meio espalhado”, afirma, para justificar que é necessário, para o fortalecimento do esporte na região, que os praticantes deixem de atuar isoladamente.
Segundo ele, todos os que possuem automodelos são bem-vindos, aos sábados à tarde, para utilizar a pista, que é livre. Hoje, o clube tem dez sócios, que garantem sua manutenção. Com mais associados, fica mais fácil cuidar da pista e das competições, e ajudar a popularizar o esporte.
“Queremos frisar aos iniciantes que é um ambiente sadio. Quem tiver carro pode vir. Precisamos de novos sócios para manter o hobby vivo”, diz.
O nome Galo Loco tem uma explicação coerente. Fredy diz que o local onde está a pista é uma área rural, região de sítios. Daí o galo, bastante presente nas redondezas. O “Loco” também é explicado. “Havia uns pilotos que andavam de forma meio doida”, diz o sócio do clube.
Henri Diegoli, que possui uma loja dedicada ao automodelismo, também sócio do Galo Loco, é um dos entusiastas mais antigos na região. Não recorda o ano exato, mas estima que começou a praticá-lo como hobby, ao lado do irmão, há mais de 20 anos.
“Começou como carrinho de brinquedo, um hobby, depois começou a se tornar mais sério. Quando entramos na pista começamos a melhorar”, afirma ele, que é também mecânico de automodelos e já participou de cinco campeonatos brasileiros e um sul-americano.
O inicio no esporte e as provas
Para quem nunca praticou automodelismo, Fredy recomenda começar com a chamada versão RTR: modelos prontos sem qualquer modificação ou adaptação. É o equipamento mais barato, custa em torno de R$ 2 mil.
Quando o piloto ganha experiência, começa a personalizar o carro: há possibilidade de trocar chassi, motor, sistema elétrico. Os automodelos que competiram neste fim de semana custam, em média, de R$ 5 mil a R$ 10 mil.
As etapas são marcadas em um calendário definido no começo do ano. A prova é disputada à tarde, e tem a duração exata de 45 minutos. Ganha o veículo que, neste tempo, conseguir dar mais voltas na pista.
Pela manhã, há baterias de treinos e classificatórias, em um modelo semelhante ao da Fórmula 1.
Sintonia entre mecânico e piloto
Mecânico e piloto trabalham em sintonia durante a prova, mas principalmente antes dela, no ajuste do carro. O combustível permite ao automodelo permanecer na pista por, no máximo, seis minutos. Ajustes feitos pelo mecânico podem melhorar este tempo, e dar vantagem preciosa ao piloto.
Quem guia o carro fica na parte de cima da estrutura montada ao lado da pista. Quem o prepara, observa o desempenho, no andar abaixo. Ambos se comunicam o tempo todo: o mecânico é o responsável por avisar a hora de reabastecer.
“São vários ajustes, regulagem de geometria, o tipo de pneu é estratégico. O Afonso, por exemplo, tem mais de 30 pneus”, afirma Fredy.
Afonso Celso Schmitz é um dos pilotos mais experientes do estado. Natural de Blumenau, já disputou campeonato brasileiro e sul-americano de automodelismo. Ele destaca que guiar o automodelo é “praticamente igual” a um carro de tamanho real.
Ele começou no esporte como hobby, em 2002, no clube Asas do Vale, de Gaspar. “Era pura diversão”, diz o piloto. Um ano depois, ele já participava de competições. “Para controlar o carro, basicamente o piloto dirige como se estivesse dentro, os comandos seriam os mesmos”, explica Afonso. “Demora um pouco para pegar a técnica. Com o tempo, se pega experiência, o que conta muito na competição”.