João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Alô, alô telefonista!

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Alô, alô telefonista!

João José Leal

A invenção do telefone por Alexander Graham Bell, em 1876, revolucionou os meios de comunicação. Basta imaginar que, a partir daquele momento, uma pessoa poderia falar em viva voz e em tempo real com alguém que estivesse na ponta da linha de outro telefone. Mas, como todos os inventos, precisou de aprimoramento, pois no começo a comunicação só era possível entre pessoas que tivessem seus aparelhos interligados entre si.

Dois anos depois, foi implantada a primeira central telefônica nos Estados Unidos, por onde passariam todas as chamadas feitas pelos usuários de telefone. A central empregaria tantos funcionários quantos os necessários para fazer essa ponte, num trabalho constante e intenso de transferir as chamadas telefônicas aos destinatários. Surgiu então a profissão de telefonista, uma atividade exclusivamente feminina, sob o argumento de que as mulheres são mais calmas e delicadas no atendimento aos usuários, estes nem sempre pacientes e gentis.

No filme A Troca, Angelina Jolie interpreta o papel de uma telefonista da Central de Los Angeles, dos anos 1920. Logo no início, a câmera mostra a atriz sentada em frente a uma mesa, no seu local de trabalho, um imenso salão ao lado de dezenas de outras telefonistas. A cena, provavelmente, procurou focalizar o exaustivo trabalho exercido por aquelas profissionais. No entanto, não deixa de também destacar a grande importância dessa profissão para o progresso das comunicações.

De fato, até os anos 1960, as centrais telefônicas das grandes cidades foram locais de trabalho com centenas de mulheres sentadas em frente a um painel cheio de fios e pinos manejados a todo o momento, a fim de transferir a ligação ao destinatário que se encontrava em outro aparelho telefônico. Em suas rápidas e hábeis mãos, estava o poder de permitir que o usuário de um telefone pudesse falar com outra pessoa, perto ou distante, desde que também tivesse um aparelho similar em sua casa ou no local de trabalho.

Com o surgimento do telefone com discagem direta e automática, as telefonistas foram perdendo os seus empregos. Hoje, elas ainda exercem essa atividade nos hospitais, escritórios de advogados, de empresas, consultórios médicos. Mas, já é diferente dos primeiros tempos da telefonia, que revolucionou os meios de comunicação.

Quando guri, em Tijucas, poucos tinham telefone, então objeto de luxo, que só a elite desfrutava. Lembro-me bem da telefonista Joaninha, uma figura conhecida e importante na vida das pessoas e da cidade.

Quantas conversas e notícias, quantos negócios e convites, quantos namoros e encontros marcados, quantos avisos de doença e de morte foram possíveis graças ao trabalho dedicado de Joaninha, numa época em que a telefonia precisava de mãos hábeis e prestativas – ponte de passagem – para que duas pessoas pudessem se comunicar, cada uma na ponta de uma linha telefônica?

Na véspera do Dia da Telefonista dedico esta minha crônica à Joaninha e também às demais profissionais que ainda exercem esta atividade.

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