Conflito e crise
Duas palavras. Duas palavras, porém, que encobrem duas realidades. Realidades presentes na vida de uma pessoa, de um casal, de uma família, de uma comunidade, de um País ou da própria Humanidade. Dificilmente, vai se encontrar alguém que não tenha experimentado o sabor de um conflito ou de uma crise. As modalidades podem e, normalmente, são diversas. Mas, a presença se confirma.
No ano passado, mais precisamente no dia 10 de outubro, o Papa Francisco dirigindo-se a um grupo de jovens belgas, tecendo algumas considerações a respeito da participação deles na preparação da Jornada Internacional da Juventude a realizar-se, neste ano de 2023, fez uma reflexão sobre essas duas realidades. A Jornada, na sua Primeira Parte já está se realizando pelo mundo afora. Sua Segunda Parte será nos dias 01 a 06 de agosto próximo, em Lisboa, Portugal, com a presença do Papa Francisco.
Levando em conta que nem todos podem participar, pensei que seria interessante lembrar essa fala do Papa aos jovens belgas que estavam representando os jovens de seu país que estão se preparando espiritualmente para participar em Lisboa da 2ª Parte da Jornada. Mas, creio que a reflexão feita é útil e até oportuna, nos dias atuais, para todos nós. Por isso vou tentar apresentar o pensamento do Papa a respeito.
Aos jovens, presentes na Audiência Geral, disse o Papa Francisco: “Não devemos ter medo das crises, porque as crises nos fazem crescer”. Segundo o papa, as crises “colocam-nos diante de diferentes situações e é preciso avançar e resolver os problemas. Não confundam crise com conflito: o conflito fecha, a crise faz crescer”.
Segundo o papa, a Igreja precisa dos jovens e da “sua generosidade, da sua alegria, do seu desejo de construir um mundo diferente, imbuído dos valores da fraternidade, da paz, da reconciliação”.
Em seguida, lembrou aos jovens que eles, por sua própria vontade e escolha podem e até devem se dispor a empenhar-se em projetos de evangelização e, sobretudo, no testemunho do Evangelho, nos ambientes que frequentam. Nesta linha de pensamento falou-lhes: “É bom ver jovens da sua idade dispostos a se dedicar a projetos de evangelização e a viver a mensagem de Cristo em meio às atividades cotidianas”. E acentuou que a presença do jovem na Igreja tem seu lugar, hoje, não somente no futuro. Assim, ele se expressou: “Vocês não são apenas o futuro da Igreja, não só isso, mas acima de tudo o presente”.
Para realizar essa missão, ser um evangelizador, não basta ter um conhecimento básico da Pessoa e da Mensagem de Jesus. Um conjunto doutrinário, um conteúdo catequético bastante consistente. Não basta só isso. É preciso um encontro pessoal com Jesus, uma convivência com ele, uma familiaridade à semelhança da experiência dos discípulos (Apóstolos) que o tiveram como Catequista por três anos.
Por isso, o Papa lhes disse: “O encontro com Jesus permite que você tenha um novo olhar sobre as situações, encontre respostas para suas perguntas, descubra que você é capaz de assumir responsabilidades, avançar na vida e consolidar sua fé através do diálogo sobre suas convicções. Não tenham medo de aceitar a fragilidade de vocês, a fraqueza, e isso, façam com humildade”.
Mais ainda, acentuou para encorajá-los: “Vocês não precisam ser super-heróis, mas, sim, pessoas sinceras, verdadeiras e livres”. E acrescentou, fazendo-lhes um convite: “Eu os convido a cultivar a proximidade com todos os jovens, especialmente com aqueles ou que vivem em situações precárias, jovens migrantes e refugiados, jovens em situação de rua, sem esquecer os outros, especialmente aqueles que vivem uma vida de solidão e tristeza”.