Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Um jejum quaresmal diferente

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Um jejum quaresmal diferente

Pe. Adilson José Colombi

Alguns cristãos católicos costumam fazer jejum durante a Quaresma (Como preceito eclesiástico, é prescrito na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa). Esse tempo de preparação para a celebração da Páscoa do Senhor Jesus. Muitas são a modalidades de jejum. Algumas, de fato, bastante criativas. Outras, até exóticas. Dias atrás, li na internet, no site da ACI Digital (Cfr.25/02/2023), uma modalidade que achei bastante interessante. Sim, porque falava de um produto muito produzido e consumido na região. Só que, ao invés de se abster dele (como prática de jejum quaresmal), justamente se serviam deste produto como prática do jejum quaresmal.

O título da narrativa era bastante atraente para um habitante da região, por isso resolvi apresentá-la aqui: “Esses monges faziam um jejum a base de cerveja durante a Quaresma”. Segundo a narrativa, enquanto outros católicos se serviam de modalidades tradicionais, um grupo de monges decidiu realizar, durante este tempo litúrgico, um jejum bastante peculiar, pois consistia em tomar somente cerveja. É bom acentuar que era só esse o produto ingerido.

Dizia o texto: “A história é contada por Martin Zuber, o mestre cervejeiro e sommelier de cerveja da empresa alemã Paulaner, fundada em 1634. Esta empresa está presente em 70 países e é considerada uma das cervejarias mais importantes que participam da Oktoberfest, o festival da cerveja de Munique (Alemanha).

No século XVII, um grupo de monges da Ordem dos Mínimos (Paulaner monks, em alemão), fundada por São Francisco de Paula, mudou-se do sul da Itália para o mosteiro de Neudeck ob der Au, na Baviera (Alemanha).

Zuber comentou que durante a Quaresma, os monges não podiam consumir alimentos sólidos. Como eles precisavam de algo que tivesse mais substância do que a água, adaptaram-se ao elemento da região que se encaixava nas suas necessidades: a cerveja.
Os monges decidiram fazer a sua própria cerveja, a qual continha uma grande quantidade de carboidratos e nutrientes que os ajudavam a suportar o jejum. Seu sabor era doce e o nível de álcool era baixo. Devido à sua consistência forte, chamavam-na de “pão líquido”. Este tipo de cerveja está catalogado no tipo doppelbock e a sua cor é escura.

Algum tempo depois, começaram a oferecer a sua cerveja ao público, inclusive, entregavam-na como um tipo de “esmola” aos mais necessitados. Depois, venderam-na à comunidade e se tornou um produto da cervejaria Paulaner. Zuber comentou que a cerveja dos monges foi batizada com o nome de “Salvator”, este nome vem de “Sankt Vater”. A tradução dessas palavras é ‘a cerveja do Santo Padre’”.

Em 2011, J. Wilson, em Lowa, USA, leu a história dos monges e decidiu, com apoio de uma cervejaria, recriar o seu jejum. Wilson esteve, sob a supervisão de um médico, ele tomava quatro cervejas de segunda à sexta-feira, dias nos quais trabalhava. Nos fins de semana, tomava cinco. Ele contou a sua experiência em um post publicado no blog da CNN, no qual classificou como “transformadora” e não prejudicial à saúde.

Wilson também indicou que percebeu que o corpo humano “é capaz de fazer muito mais do que acreditamos. Pode escalar montanhas, correr maratonas e, inclusive, pode funcionar sem comida por longos períodos de tempo”. Como consequência do seu jejum a base de cerveja, Wilson perdeu aproximadamente 11 quilos. Também aprendeu a praticar a autodisciplina. “A experiência provou que a história dos monges que faziam jejum com cerveja não só era possível, como também provável”, concluiu.

Que sentido tem a Quaresma para você? Como ela pode auxiliá-lo para melhorar sua vida? Esses monges foram criativos, servindo-se do que tinham em disponibilidade. Como está a nossa criatividade? Ainda há tempo?

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