João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Conversas Praianas: visita ao Beto Carrero

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Conversas Praianas: visita ao Beto Carrero

João José Leal

Dois amigos agricultores de Tangará da Serra, lá do Cerrado mato-grossense, vieram passar o final de ano em Balneário Camboriú. A safra tinha superado a expectativa, os silos ficaram abarrotados e o preço se mantivera elevado. Grande parte do dinheiro da soja já estava no bolso e a família bem que merecia umas férias na praia.

Pais, filhos, até sogra, 12 pessoas, família de agricultor da soja é gente unida, chegaram em duas caminhonetas cabina dupla, tração nas quatro rodas para se instalar num apartamento na 3ª Avenida, mais de mil metros distante da praia. Mas, gente do Centro-Oeste acha tudo perto e caminhada de quilômetro é um pé aqui e outro na areia da praia.

Turista, todos nós sabemos, carrega no sangue o gene da curiosidade. Além de curtir a praia, queriam também assistir ao espetáculo pirotécnico do final de ano. Tinham escutado que, no instante final da última noite do ano, o show de fogos projetado nos ares do mar de Balneário Camboriú, maravilha feita de ilusão e fantasia, é coisa que não se esquece nunca mais. De lambuja, uma visita ao parque do Beto Carrero seria o presente para a criançada.

No último dia do ano, os tangaraenses acordaram cedo para tão esperada visita ao Beto Carrero. Queriam aproveitar ao máximo as atrações do famoso parque temático e voltar cedo, a tempo de assistir ao grande espetáculo da última noite do ano. Mas, não contavam com a BR-101 congestionada. Foi um anda e para de duas horas, até chegar ao parque e enfrentar uma enorme fila para comprar os ingressos. Já passava do meio dia, quando os perseverantes veranistas cruzaram o portão de entrada do parque.

Então, foi aquela correria, uma dispersão geral, cada um correndo em direção ao seu brinquedo preferido. Mas, veraneio é tempo de fila para tudo e no Beto Carrero não é diferente. Paciência muita e horas de espera foram necessárias, até embarcarem na aventura de viajar a 100 km/h na Star Montain e nas demais atrações, todas com nomes em inglês, porque brasileiro adora estrangeirismo. Tudo valia a pena para vivenciar instantes de pura adrenalina nas demais atrações.

Não foi fácil reunir a turma dispersa. Pelas nove da noite, enfim, as duas famílias estavam embarcadas para a volta o mais rápido possível. Mais uma vez, esqueceram de consultar a BR-101. Entulhada de caminhões e automóveis, a rodovia transformou a volta dos veranistas matogrossenses num suplício de mais duas horas de viagem.

Chegaram todos exaustos, caindo pelas tabelas, prontos para se jogar na cama. Só se acordaram com os estampidos dos fogos. Foi uma corrida de São Silvestre até a praia para lá chegar a tempo de ainda ver a fumaça do espetáculo pirotécnico se esvanecendo acima das ondas do mar da Dubai brasileira.

Plantador de soja é teimoso, perseverante. Os dois fazendeiros juraram de pés juntos para as suas famílias que, a depender do preço dos grãos, no final deste ano estarão de volta para assistir ao tão badalado show dos fogos. Então, não haverá erro. Já de manhã, levarão comida e bebida para o dia todo, fincarão barraca para a festança e só deixarão a praia no ano seguinte.

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