Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Pilatos e os Reis Magos

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Pilatos e os Reis Magos

Pe. Adilson José Colombi

São personagens da História da Humanidade. Pilatos é bastante conhecido pelos feitos que realizou em vida. Sua governança, na Palestina, foi notória, principalmente, por ter sido aquele que, com outros (ou outras, como alguns preferem) personagens políticos e religiosos condenaram Jesus de Nazaré à crucifixão. Pilatos ficou na História, como aquele político que reconhece a inocência do acusado, mas solenemente, em público, lava as mãos. Usando uma expressão bem popular: “lavou as mãos”. Triste episódio que ficou na História como símbolo da covardia, de fraqueza moral, de irresponsabilidade, de mesquinhez, de desrespeito à pessoa humana e de seus direitos…

No próximo domingo, dia 8 de janeiro, a Liturgia da Igreja Católica celebra a tradicional Solenidade da Epifania ou a Festa dos Reis Magos. Epifania vem do verbo grego epifanein (escrito em caracteres latinos) que significa manifestar. Epifania seria, então, manifestação. Cristo se manifesta como libertador, salvador de todos os povos e todas as Culturas. Como sendo a verdadeira estrela que orienta a todos, sem exceção, no caminho do bem, da justiça, do amor. Mais tarde, ele mesmo se apresenta como o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6).

A referência a sua existência e a seu gesto nos são dados pelo evangelista Mateus, no Evangelho atribuído a ele (Mt 2,1-12). Sua visita ao Menino Jesus, recém-nascido com a entrega de presentes: ouro, incenso e mirra. Conta a narrativa que foram guiados por uma estrela. Não há indicação clara que eram três. A Tradição, porém, consagrou-os como três. Até lhes atribuiu nomes: Melquior, Gaspar e Baltazar. Não há também indicação precisa se, de fato, eram reis ou astrônomos. Nem mesmo se existiram de verdade.

Se foi um fato histórico ou não, não é o mais importante. Com efeito, os Evangelhos não são uma biografia de Jesus de Nazaré, embora a História não seja descartada, ao contrário tem seu valor e significado. Mas, não é o elemento fundamental. O fundamental é a apresentação da Pessoa de Jesus de Nazaré, como o Enviado do Pai; de sua Missão de libertação do Povo de Deus do pecado; da Proposta da Boa Nova do Reino de Deus como um novo projeto de estilo de vida. Portanto, os Evangelhos, antes de tudo, são uma catequese para todas as pessoas e comunidades cristãs, para todos os tempos.

Na Sociedade e na Cultura atuais continuam presentes esses personagens (Pilatos e os Reis Magos). Basta, deixar de ser massa, de ser manipulados por ideologias, exercitar ainda que minimamente a reflexão a respeito dos valores ético-marais propostos e vivenciados, na vida sociocultural desse momento histórico-cultural, para identificá-los. É só olhar com atenção o que é decidido, em nossos tribunais de todas as instâncias. Com boas e louváveis exceções. Também, é oportuno olhar o que é decidido ou proposto ou omitido pelos que foram colocados como servidores do Povo e do Estado. Os denominados políticos, muitos deixaram de ser servidores(as) públicos(as), para se tornarem servidores de si mesmos, de grupos, de partidos, até de interesses escusos, corrosivos da liberdade e da justiça.

Temos que lutar para que haja menos Pilatos e mais Reis Magos entre nós. Claro, começando por nós mesmos. Não é uma boa medida esperar que outros o façam ou comecem. Comecemos nós mesmos, seria, sem dúvida, um bom propósito, nesse início de um novo ano. Não basta, porém, belo propósito teórico. É preciso que seja efetivo, concreto. Que entre e faça parte do estilo de vida.

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