Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

A Ética não conta na política?

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

A Ética não conta na política?

Pe. Adilson José Colombi

Terminou o 1º Turno das Eleições 2022. Já começou o 2º Turno. Penso que quem sofreu a maior derrota foi a Ética. Digo isso, porque não se levaram em conta os valores básicos da convivência humana, ao escolher os que vão conduzir os destinos da nossa Nação. Como sempre, aconteceu também dessa vez, sempre têm as belas e boas exceções. Quando escrevo os valores básicos, estou me referindo ao respeito à vida humana desde a sua concepção até o seu fim natural, à dignidade da pessoa humana, ao bem comum, à propriedade privada, à liberdade em suas várias dimensões (de expressão, religiosa, de ir e vir…), a honestidade no trato da “coisa pública”, entre outros.

Dá impressão que o que vivemos e a História do nosso país registrou, nas últimas décadas, foi apagado da memória de boa parte do povo. Só para lembrar onde foram parar os acontecimentos lastimáveis destes últimos anos, envolvendo vampiros, mensaleiros, sanguessugas, máfias em vários ministérios, quebra de sigilo, agentes do petrolão, tráfico de influência para tirar vantagens pessoais e outros escândalos em todos os níveis… Parece que tudo isso evaporou, sumiu da memória de muitos e os valores éticos que foram pisados e negados, não contaram nada na hora de depositar o voto na urna eletrônica.

Sabemos que a Ética exige princípios inconfundíveis no exercício do poder, da autoridade, do governo, em política, em prol da construção do bem comum da Nação. Prioriza, portanto, o bem comum da população. Jamais, servir-se do poder, da autoridade, do governo para fins individuais ou, apenas partidários. Tal atitude seria trair o voto dos que confiaram na reta intenção dos aspirantes aos cargos públicos.

Por isso, que todos os que traíram esta confiança devem ser banidos da política, seja por justos processos ou pelo voto dos eleitores. Esta atitude é coerente com o comportamento ético exigido do político, cuja atitude básica é a de atitude de serviço, como nos ensinou o Cristo, quando disse e fez: “Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos” (Mc 10,45).

A Doutrina Social da Igreja lembra a todos os políticos que esta deve ser a postura ética de todos aqueles que querem contribuir para o bem-estar comum da Nação. E, neste posicionamento ético, não pode faltar um conjunto de valores éticos que orientem a ação política. A Vida e dignidade da pessoa humana e a busca do bem comum são valores e princípios éticos, imprescindíveis na ação política.

A dignidade da pessoa humana e a busca do bem comum importam na criação de condições básicas a fim de que todos os cidadãos (ãs) e as comunidades possam ter uma vida digna e solidária, superando todas as situações degradantes e despersonalizantes.

Cabe também a política e aos políticos educar, por palavras e exemplos, para o exercício da cidadania. Educar, também, para o agir honesto na política, não comprando nem vendendo o voto, nas eleições. Será que comunicamos à geração mais jovem esta mensagem? Ou, outra mensagem que deseduca: a Ética não conta na política.

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