João Vítor Roberge

joao@omunicipio.com.br

Se os jogadores do Brusque quiserem parar de tentar, será compreensível

Alguns torcedores atuaram contra o próprio clube após a derrota contra o Vila Nova; atletas não melhoram à base da violência

João Vítor Roberge

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Se os jogadores do Brusque quiserem parar de tentar, será compreensível

Alguns torcedores atuaram contra o próprio clube após a derrota contra o Vila Nova; atletas não melhoram à base da violência

João Vítor Roberge

Não há jogador que passe a se dedicar mais, ou a acertar mais em campo, num jogo em que nada dá certo, em que a pressão é enorme quando ouve gritos em tom de ameaça. É uma atitude vista como natural e normal do futebol, mas não deveria ser, e é um dos passos da clichê “cartilha” do rebaixamento. Quando o clima começa a ser esse, fica muito difícil se salvar. Na derrota contra o Vila Nova, foi o que se viu e ouviu.

Do outro lado, o sentimento de revolta da torcida é justificável porque, com o dito elenco com maior investimento da história do Brusque, há uma campanha pífia. São 19 gols marcados em 30 jogos, confrontos diretos perdidos com facilidade, falhas grotescas, pênaltis perdidos. Que se proteste, que se reclame, que se cornete nas arquibancadas, nas redes sociais. Mas há limites, que foram ultrapassados por muito. Quem agrediu (ou tentou agredir) e ameaçou jogadores e dirigentes após a derrota para o Vila Nova só faz mal ao próprio clube e, num mundo ideal, deveria ser impedido de assistir a jogos no estádio.

Em uma crise deste tipo, há diversos exemplos de torcidas enormes, de clubes de massa, que se unem para abraçar seus times rumo a dias melhores e dão show. No caso do Brusque, bastou encerrar uma única rodada no Z-4 para que se visse alguns absurdos.

O caso também é um aviso à diretoria para que reforce a segurança após o jogo: a civilidade de alguns torcedores só dura até a crise apertar um pouco. Os jogadores e a diretoria não podem se sujeitar a tais riscos. Não dá para sair em meio ao público geral naquelas condições. O episódio até depõe contra o Augusto Bauer em uma temporada futura na qual a CBF pense em aprovar o estádio em caráter de exceção, como faz desde 2019.

Se os jogadores do Brusque quiserem parar de se esforçar, depois das cenas vistas contra o Augusto Bauer, será difícil contestá-los. Mas eles continuarão tentando, até o fim. Talvez lutarão muito mais por eles próprios do que pela torcida. Talvez pensando mais na torcida que não faz o que foi feito no pós-jogo contra o Vila Nova.

Quanto à diretoria, que é responsável direta pelos abundantes sucessos desde 2015 e responsável direta pelo mau momento do clube na Série B, é necessário ter sempre em mente: trata-se de um grupo raro. Diferentemente de outros clubes, o Brusque não tem oposição política interna, não tem outras frentes que almejam contribuir administrando o clube. Isto é bom, sim, até certo ponto, mas coloca a continuidade do clube em risco. Se em algum momento a diretoria atual deixar o barco como ocorreu há mais de 10 anos, o caos de 2012 poderá se repetir. Talvez os envolvidos nas “cobranças” com ameaça, tentativa de agressão e dedo na cara não estejam considerando este fator.


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