Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Ser pai, hoje

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Ser pai, hoje

Pe. Adilson José Colombi

Vivemos numa Sociedade e numa Cultura, cuja comunicação se dá mais virtualmente que realmente; que incentivam e promovem o consumismo; com tendências explicitas ao individualismo; com visível banalização da vida, sobretudo, a humana; secularizadas e relativistas, com fortes práticas de exclusão e discriminações. Encontrar equilíbrio e razões ou motivações para viver, não é tão fácil para todos. Daí a grande tendência para o suicídio para boa porção da humanidade, principalmente, entre os mais jovens.

Claro, que também tem o outro lado. O lado da Sociedade e da Cultura que cultiva justamente os valores que se contrapõem aos desvalores que, muitos deles, servem de sustentáculo para a Sociedade e a Cultura que foram, esquematicamente, expostas acima. Manter-se fel a esses valores que presam a vida, a dignidade da pessoa humana, o bem comum, a solidariedade, a fraternidade, o amor, enfim, que promovem a justiça e a paz não é tarefa para qualquer um/a. É preciso muita harmonia interior e equilíbrio para atravessar esse “mar revolto” sem se deixar levar pela “maré do momento”.

Nesse mundo atual, como ser pai, hoje? O que será que o pai espera dos filhos/as? Ou, o que os filhos/as esperam do pai? São questões que não são fáceis de responder, menos ainda de vivê-las.

Penso que ser pai ou ser mãe, hoje, não é tão simples como parece, à primeira vista. Quem assume a paternidade ou maternidade, com maturidade e responsabilidade, tem sérias dúvidas. Pois, implica em “n” fatores que nem sempre estão ao alcance, no momento da opção. Sempre foi um risco. Creio, porém, que, hoje, se tornou mais agudo. Por isso, muitos vão adiando ou até desistindo de chamar alguém ao banquete da vida. Outros, porém, aceitam o desafio e se preparam para essa nobre missão, na visão da fé cristã, de participar do ato criador de Deus. Boa parte se dá muito bem.

O que o pai espera dos filhos/as? Muitos filhos/as se preocupam e fazem até economias para comprar belos e caros presentes. Será mesmo isso que o pai espera receber? Ele, sem dúvida, agradece sensibilizado. Mas, o que espera mesmo é ser escutado. Ser reconhecido e escutado como pai. Como alguém que tem mais “rodagem de vida”, mais experiência. Espera um grande abraço sincero e agradecido, seguido de momentos de escuta. Essas atitudes, tenho certeza, dão mais alegria que todos os outros presentes. Porque são presentes que o fazem sentir-se, de fato, pai de verdade.

E os filhos/as o que será que esperam do pai? Por incrível que parece a mesma atitude: ser ouvido/a, ser escutado/a, não na sua experiência, embora já tenha alguma, mas nas suas dúvidas, seus projetos, seus problemas, suas derrotas, suas alegrias… enfim, em sua situação e condição de criança, adolescente ou jovem.

Como se nota, nessa Sociedade e nessa Cultura, com meios de comunicação sofisticados, o que falta é, justamente, a comunicação humana. Favorecem a comunicação virtual, cada vez mais rápida e eficiente. Todavia, sem uma comunicação autêntica, real, face a face com troca de experiências de vida, não há diálogo, não há confiança mútua, não há amor. Não há um relacionamento que personalize e liberte. Que possibilite um ambiente sadio e construtivo que irradie alegria de viver.

Você que é pai ou é mãe (vale para a mãe também) concorda? É isso mesmo que espera como presente? E você que é filho ou filha também concorda com o que escrevi? É isso mesmo que você deseja e espera de seu pai? (Este artigo já foi publicado em 2019. Mas achei que poderia servir também para esse “Dia dos Pais”). Um grande abraço fraterno a você que escolheu ser pai.

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