João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Cinema e gibi

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Cinema e gibi

João José Leal

Na minha infância e adolescência, o cinema reinou absoluto como forma de lazer e diversão. Era o ponto de encontro de gente de todas as idades e classes sociais. Isso, é claro, nas cidades onde o progresso havia chegado. Na zona rural, ainda não se conhecia a chamada sétima arte.

Para os adultos, as sempre lotadas sessões noturnas. Para as de sábados e domingos, era preciso enfrentar filas de dobrar quarteirão, a fim de assistir ao filme em cartaz. Para a gurizada, eram as matinês, sessões da tarde com filmes infantis juvenis, com faroestes de mocinhos e bandidos nos quais a lei e o bem sempre venciam o mal. Mas, esse código ético do velho oeste norte-americano não impedia que os índios sempre fossem os perseguidos e massacrados.

Aqueles personagens cinematográficos – heróis e vilões de uma época e de um povo tão distantes – nada tinham a ver com a nossa realidade cultural. Mas, faziam as nossas cabeças de criança e adolescente em formação. Nas cenas finais, quando o bom mocinho perseguia o bandido, as palmas e o barulho do sapateado no piso ecoavam espontaneamente por todo o salão, em meio aos gritos de alegria da molecada. Todos deixavam o recinto com a sensação de que, na vida, o bem e a justiça sempre triunfam.

Não foram só os filmes de faroeste com os seus caubóis bons ou maus. Numa combinação de imagens, umas em movimento, as outras estáticas, estampadas nas folhas impressas daqueles pequenos almanaques, cinema e quadrinhos nos contavam histórias de pistoleiros que marcaram a geração do meu tempo de infância. Cidade que se prezasse tinha as suas bancas de revistas e os gibis, de circulação semanal ou mensal, eram vendidos aos milhares, às mãos cheias.

Cada moleque fazia questão de ter a sua coleção de gibi para a trocar exemplares. Antes de cada sessão cinematográfica da tarde, formava-se um movimentado mercado de permutas ao ar livre, só encerrado poucos minutos antes da sessão. A cada semana chegava às bancas um grande número de gibis e a gurizada levava consigo uma enorme pilha para trocar por exemplares que faltavam nas suas coleções.

Zorro, Bufallo Bill, Buck Jones, Durango Kid, Jesse James e Rocky Lane eram os principais personagens dessas pequenas revistas e almanaques que desenhavam histórias em quadrinhos de xerifes, fazendeiros, caubóis, e pistoleiros da história do velho oeste americano.

Os gibis tinham outros temas e personagens também. Super Homem, Capitão Marvel, Fantasma Batman e os simpáticos personagens de Walt Disney também povoaram o nosso imaginário de crianças e adolescentes.

No Brasil, tem dia para tudo e todos. Verifiquei que hoje é o Dia da Saudade e também o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos. Assim, escrevi esta crônica para lembrar, com saudade, do meu tempo de matiné e gibi.

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