Registros da nossa arquitetura urbana e o palacete Renaux
Para celebrar a trajetória de Brusque, por meio da arte, o Centro Universitário de Brusque (Unifebe) está sediando a exposição “Bordando Brusque ontem e hoje”. Os quadros, bordados à mão pelas artistas da Confraria Bordadeira de Brusque são o resultado de um trabalho desenvolvido por meio de pesquisas, entrevistas, visitas a museus e muita cantoria e contação de história, e recentemente foram doados pela Confraria para a Unifebe.
As obras estarão expostas até o dia 20 de agosto na universidade e retratam o Hino de Brusque e várias construções históricas da cidade, como a Ponte Estaiada, o Complexo de Azambuja, a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, o Clube Caça e Tiro Araújo Brusque, a Prefeitura e o Palacete Renaux, dentre outras.
Registros perfeitos da nossa arquitetura urbana, algumas das edificações retratadas pela Confraria Bordadeira de Brusque não existem mais, como o palacete da família de Carlos Renaux, no centro de Brusque. No seu lugar, a Praça Barão de Schneeburg ocupa lugar de destaque.
O palacete Renaux foi concluído em 1899 e materializou o poder de Carlos Renaux na seara econômica, familiar, política, cultural e social catarinense. Não era uma residência comum. Seguindo o modelo burguês da época, pelo qual os mais bem-sucedidos buscavam possuir bens imóveis em primeiro lugar – o palacete era o signo indispensável de distinção entre os burgueses – quando aparecer era mais importante do que ser.
De três andares, pintado de rosa, foi a primeira casa em Brusque servida por encanamento, luz elétrica e dependências sanitárias com água corrente. Os elementos neoclássicos expressos no palacete retratavam as tradições culturais da época materializadas nas estátuas implantadas na cobertura do edifício, representando os diversos ofícios em concepção clássica, simbolizando a indústria, o comércio, a lavoura e as artes.
O palacete era o símbolo do status alcançado por Carlos Renaux, marco concreto da transição da Brusque colonial para a Brusque industrial. À frente da residência, o pequeno jardim, triangular e sem cerca, indicava o suave limiar entre o público e o privado. Ali eram recebidas pessoas importantes, desde empresários até políticos influentes. Crianças, hóspedes, negócios, tudo se misturava naquela atmosfera. E Selma Wagner, esposa de Carlos Renaux e mãe dos seus onze filhos, devia garantir a infraestrutura de hospitalidade em casa, além de auxiliar nos empreendimentos.
A implantação do palacete entre duas ruas – as atuais Avenidas Monte Castelo e Cônsul Carlos Renaux -, denotava o prestígio do seu proprietário. O telhado verde era característico das camadas mais altas da sociedade, e a vegetação plantada no telhado tinha como objetivo melhorar o conforto térmico e promover um diferencial estético nas edificações que simbolizavam o poder das elites.
Passados apenas 50 anos de edificação, o palacete foi demolido em 1949. No local, foi implantada uma praça, inaugurada em 1º de maio de 1951. Junto com a inauguração, foi descerrado o monumento em homenagem ao industrial, político, benemérito e Cônsul Carlos Renaux, falecido em 1945.
No princípio, foi denominada Praça Salgado Filho e, ao longo dos anos, o espaço público presenciou mudanças sociais, protestos políticos e diversas comemorações. Como consequência das pressões políticas dos militares que desejavam apagar o nome de Salgado Filho, político ligado à herança Varguista, em dezembro de 1964 o espaço passou a ser denominado Praça Barão de Schneeburg, em homenagem ao primeiro diretor da Colônia Itajahy, atual cidade de Brusque.