Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Povo comunitário e criativo

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Povo comunitário e criativo

Pe. Adilson José Colombi

Aqui mesmo, neste espaço jornalístico, escrevi, não faz muito tempo, alguma coisa a respeito do mês de junho, com esse título: Junho Festivo. Era mais sobre as origens das várias comemorações, realizadas durante o mês todo, ao longo do país. Hoje, tecerei algumas considerações a respeito do “espírito comunitário” e a “criatividade” do nosso povo. A maneira de manifestar essa vida comunitária e a criatividade é bastante diferenciada, conforme as várias Regiões do Brasil. Mas, todas elas pretendem ser expressões da alegria, da arte, da vida simples e quase ingênua do povo, sobretudo, do campo, “da roça”. Por isso, nasceram como festas tipicamente populares e com cunho mais rural (caipira). Não pretendo fazer um julgamento de valor a respeito do “que” e do “como” são vividos esses dias festivos.

Observando o que é manifestado e vivido, nesses dias, percebe-se uma extraordinária riqueza de expressões dessa criatividade popular. Ela se manifesta em múltiplos setores da vida da comunidade, sobretudo, rural. Criatividade que se manifesta na música, com belas canções, carregadas de lirismo, ingenuidade, humor, amor…, com participação espontânea do povo. A música é uma das marcas mais significa das festas juninas. A música dá o tom do momento que se está vivendo. Ela expressa a “temperatura” do ambiente festivo.

Outra bela expressão da criatividade popular é a dança. Claro que está em sintonia com a música. Ela acompanha os ritmos próprios dessa festa junina. Danças com belas coreografias, tanto no âmbito pessoal, dos pares de casais de namorados ou de casados. Nota característica é a célebre “dança da quadrilha”, com suas músicas, cânticos, falas, evoluções e coreografias típicas e próprias desse estilo de dança. Normalmente, sua execução encanta e empolga o povo que acompanha como espectador, todavia, participa de alguma maneira, cantando, batendo palmas, sapateando…

Acompanhando a música, estão presentes a ornamentação do local, com bandeirolas e cores vivas, alegres, carregadas de simplicidade, mas chamativa. Combinando com a ornamentação, acompanham os trajes simples e ingênuos, caracterizando o homem e a mulher normalmente do ambiente rural, empenhados em seus afazes domésticos e na sua vida de trabalhadores da terra, inclusive com seus instrumentos mais usados e corriqueiros no serviço braçal da “roça”.

Como não pode faltar, em uma festa, há também “comes e bebes”. Esses também expressam o ambiente rural, segundo as Regiões do país. Aqui, também, reina uma criatividade impressionante, vai de paçoca, milho verde, pamonha, biju, pinhão, batata doce assada, quentão e bebidas típicas de cada Região…

Tudo isso é vivido e celebrado dentro de uma comunidade, originariamente, no adro, no pátio da Igreja da localidade. Era comum também armar e incendiar no meio do pátio a “célebre fogueira de São João”, próximo estava o “pau de cebo”, com suas fitas, aparelhado para executar a também tradicional “dança das fitas”, com sua música e coreografia próprias. Era tudo vivido, num clima de partilha, de trabalho e colaboração comunitária.

Nesses encontros comunitário, aconteciam os inícios de namoros, futuros casamentos. A alegria comunitária é a nota característica do ambiente festivo. Tudo respirava vida simples, mas rica em amizades, encontros, conversas, comunicação espontânea, com linguajar popular e com frequência com humor e sonoros desafios cantados. Jogos participativos, concursos variados. Enfim, era a vida dura do campo, celebrada com alegria, em uma comunidade de pessoas, quase conhecidas por todos.

É a riqueza da criação do povo simples que sabia, expressar, do seu jeito a alegria da vida, vivida na simplicidade e na convivência de pessoas que se querem bem.

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