João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Tiradentes, herói e patrono da nação brasileira

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Tiradentes, herói e patrono da nação brasileira

João José Leal

Nos dicionários, a palavra herói se refere a um personagem que se destaca por atos de extraordinária coragem, por um profundo senso de justiça e pela disposição de se doar a uma importante causa coletiva. Tanto que, na antiga Grécia, os heróis eram reverenciados como semideuses, personagens quase divinos. Não é somente isso. O verdadeiro herói será sempre um personagem admirado e amado por seu povo. Se assim é, infelizmente, somos um país sem heróis.

Pedro Álvares Cabral que aqui aportou, não se sabe com certeza, se por acaso ou por querer, poucos dias aqui ficou, encheu suas caravelas de água e comida e se mandou a caminho das Índias. Assim, não é e nem pode ser considerado um herói nacional. Ganhamos a independência, presente de um príncipe português, Pedro I, que preferiu voltar ao seu país natal para acertar as contas com seu irmão Miguel, na disputa pela coroa lusitana. Deu-nos um belo e importante presente – a nossa independência – mas também não pode ser lembrado como nosso herói.

Veio a República e o marechal Deodoro que, só se converteu à causa republicana nos últimos instantes. Para alguns historiadores, foi mais um oportunista do que um autêntico republicano admirado pelo povo. Assim, também não merece posar de herói nacional.

Nos primeiros anos de escola, aprendemos que Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, morreu por conspirar contra domínio português e querer a nossa independência o que era visto pelo Estado português como um grave crime. Com ele estava parte da elite de Vila Rica que também queria a nossa independência. Porém, Tiradentes foi o mais corajoso e desapegado de interesse pessoal, o mais arrojado na defesa da justa causa da independência por ele proclamada nas ruas, nas tabernas e em todos os cantos da então Vila Rica.

Autêntico, foi o único que, durante o processo, assumiu a inteira responsabilidade pelas ações da Inconfidência Mineira. Em consequência, foi o único condenado à morte na forca e, assim executado, no dia 21 de abril de 1792. A sentença mandou que, após enforcado, seu corpo fosse decapitado, esquartejado e sua cabeça exposta na principal praça de Vila Rica. Para a justiça portuguesa, a condenação deveria ser um exemplo, uma lição para que os brasileiros esquecessem da ideia de independência.

Mas, assim não aconteceu. O tempo, essa poderosa alavanca que move montanhas e destrói sólidas rochas de granito, se encarregou de lançar a condenação de Tiradentes no mundo das trevas das históricas injustiças políticas. Mostrou, ainda, que foi ele um justo, um bravo no sentido mais sublime palavra, ao dar a sua vida na defesa da boa causa coletiva. Porisso, desde 1965, a lei federal instituiu o dia 21 de abril como feriado nacional e Tiradentes como Patrono da Nação Brasileira.

Penso que, se algum herói temos para colocar no panteão da nossa história, Tiradentes seguramente ali tem o seu lugar de honra.

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