Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

As duas faces da Páscoa

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

As duas faces da Páscoa

Pe. Adilson José Colombi

Sim, a Páscoa tem duas faces, bem distintas. A face terreno que oferece um produto perecível: industrial/comercial/financeiro. Portanto, uma realidade que dá trabalho e ocupação para inúmeras pessoas. Muitas pessoas, famílias e comunidades têm, aí, boa parte de sua renda e sustento anuais. O que não deixa de ser um grande auxílio na vivência do dia.

Por outro lado, a Páscoa tem a sua face espiritual, ao menos para os cristãos. Também, movimenta multidões pelo mundo afora. Também, “vende” seu “produto”. Todavia, a maneira de ofertar o que tenta dar não segue o mesmo esquema da face terrena. Não é para uma ocupação, um trabalho externo para ocupar e sustentar pessoas, famílias, comunidades com alimentos ou guloseimas deste mundo. Pelo contrário, essa face espiritual oferece outro alimento que brota da Vida, da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, o Filho de Deus, nosso libertador, salvador.

Dois alimentos, sem dúvida, necessários para a vida humana. Ambos, quando ingeridos com moderação, responsabilidade, maturidade fazem um bem enorme para a própria vida. Quando, porém, são tomados, inadequadamente, desequilibram a vida, causando sérios transtornos. Vão afetar não só a própria pessoa que se serviu de modo inadequado desses alimentos, mas também as pessoas mais próximas que normalmente serão aquelas que mais vão sofrer.

Infelizmente, para o calendário oficial e para muitas pessoas a Páscoa e, sobretudo, o que a precede imediatamente, a Semana Santa, não passam de um “feriadão” como os demais, durante o ano. Claro que para um cristão (ã) que verdadeiramente vive a fé, não é bem assim. A Semana Santa e a Páscoa não é mais um feriadão para turismo, passeios, turnês, encontros festivos, etc., etc., com todos os bebes e comes possíveis.

Na verdade, para um cristão (ã) convicto de sua vocação e missão, neste mundo, faz da Semana Santa uma semana especial, principalmente, o Tríduo Sacro (Quinta, Sexta e Sábados Santos). Reserva esta semana para realizar aquilo que durante o ano nem sempre teve chance e tempo para se dedicar. Momentos de leitura, de reflexão, meditação, oração mais intensa.

Tentar penetrar mais profundamente no gesto de doação, de entrega de vida de Jesus Cristo, por meio de sua Vida, de sua Paixão, sua Crucifixão e Morte de e na Cruz. Nada maior havia ocorrido na História da Humanidade. E, nessa como em todas as Semanas Santas, fazem Memória, isto é, a Liturgia Católica atualiza, para nosso momento histórico, toda essa Obra de Jesus, para nossos dias e para nossa libertação e salvação.

Infelizmente, para muitos, inclusive, católicos (ao menos, assim se declaram) se deixam contaminar pelo ambiente reinante fazem da Semana Santa dias de churrascadas, peixadas, bacalhoadas, bebidas de todos os tipos à vontade… Ao invés de rever a vida, o comportamento para ver se é possível aperfeiçoá-lo, confrontando-os com Gesto de Jesus Cristo, procuram “encobrir e abafar”, às vezes, o vazio interior com essas coisas mais apetitosas.

Sim, a Páscoa é tempo de comemoração, de alegria, de júbilo, sem dúvida, daquele que deu sua vida para nos dar Vida Nova, vida plena que nos dá a possibilidade e nos ensina e oferece o caminho para vida perfeita, definitiva, para todos que desejarem. É o Caminho da Cruz. Cruz, como gesto máximo de doação, de entrega, de amor ao Pai e aos irmãos e irmãs. Não há, segundo o próprio Jesus, outro Caminho para satisfazer esse desejo, impresso pelo Criador, no ser humano. É o Único. Por isso, a Páscoa é a festa maior da Humanidade e festejada como tal pelos que creem e vivem a fé em Cristo.

Qual a face da Páscoa que você, caro leitor (a) vais festejar e viver? Desde já desejo a todos e todas um Feliz e Abençoada Páscoa.

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