João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Auxílio emergencial na Colônia Brusque

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Auxílio emergencial na Colônia Brusque

João José Leal

A pandemia recrudesceu e a Covid-19 continua contagiando muita gente, causando mais mortes. Agora, convencido de que a crise sanitária persiste ainda mais grave, o governo federal está reeditando o auxílio emergencial. O valor mensal é pequeno, mas estima-se que os 45 milhões de beneficiários usarão o dinheiro para as necessidades básicas. Isso, com certeza vai movimentar o comércio, principalmente, o de alimentos porque, em tempo de pandemia, navegar poucos precisam, mas comer todos querem e precisam.

Então lembrei dos primeiros tempos da Colônia Brusque. Os colonos trabalharam duro na derrubada da mata, no preparo da terra para as primeiras sementes e as avidamente esperadas colheitas, cestos cheios para esconjurar a fome. No entanto, se o trabalho foi penoso, ajuda do então governo imperial não lhes faltou. Não era muito e, às vezes atrasava, mas ajudou.

Para começar, os lotes coloniais lhes foram doados. E, nos primeiros seis meses de assentamento, receberam também uma ajuda de custo. O valor podia ser pequeno, mas o auxílio era necessário, quase uma questão de vida ou morte, porque no começo era só a mata virgem que produzia apenas madeira e frutos para a fauna nativa.

Documentos da época, guardados na Casa de Brusque, dizem que os colonos recebiam uma ajuda mensal que variava de 30 a 60 mil réis, conforme o número de filhos. É difícil converter aquele valor na nossa atual moeda. De qualquer forma, era a versão colonial do atual Auxílio Emergencial deste tenebroso tempo covidiano.
Como hoje, alguns colonos não ficavam satisfeitos. Diziam que era pouco, a família era grande e muitas as bocas para alimentar. Mas, é claro, não reclamavam pela imprensa nem pelas redes sociais onde, agora, cada internauta pode reclamar de tudo, até do que lhe dão. Eram coisas que coisas que nenhum mago da época ousara sequer sonhar.

Naquele difícil momento da vida colonial, a ira dos indignados chefes de família era despejada diretamente contra a pessoa do paciente Barão de Schnéeburg. Certamente, os mais exaltados enchiam os ouvidos do Diretor com palavrões em alemão, que ficaram amargamente calados na sua memória de administrador abnegado e íntegro.

Não se tem notícia de fraudes, como aconteceu com o auxílio emergencial do ano passado. Ninguém desconhece que muita gente recebeu indevidamente o dinheiro público. Parece que o terrível coronavírus atacou também a ética da nossa gente. E a corrupção, que já não era pouca neste país de vergonhosa impunidade, parece que aumentou neste tempo de pandemia e tragédia.

O número de beneficiários não era grande. Os colonos chegavam aos poucos e só no quarto ano é que população chegaria a 1200 habitantes. E o Barão de Schnéeburg, administrador austero e dedicado, tinha o nome de cada um anotado na sua caderneta da probidade administrativa e os pagava, pessoalmente, dinheiro na mão, moeda por moeda.

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