Com campanha curta, espaço para novos candidatos nas eleições 2020 será reduzido

Segundo analistas, nomes mais conhecidos saem em vantagem contra quem está iniciando na política

Com campanha curta, espaço para novos candidatos nas eleições 2020 será reduzido

Segundo analistas, nomes mais conhecidos saem em vantagem contra quem está iniciando na política

As eleições 2020 vão ser muito diferentes para candidatos e eleitores por causa da pandemia de Covid-19. Desde o início das reuniões e convenções isto já ficou claro e vai ser ainda mais notório, já que o meio virtual será basicamente a única alternativa, tendo em vista que comícios e reuniões nos bairros não serão permitidas.

Além disso, o tempo de campanha será muito curto. A partir do dia 27 de setembro os candidatos estão autorizados a realizar campanha, 50 dias antes das eleições, que serão realizadas em 15 de novembro.

Quem é beneficiado nesse contexto?

Apesar de todo este contexto, especialistas acreditam que o espaço para novos candidatos se elegerem será bastante reduzido. O analista político Ivo Barni acredita que, principalmente nos municípios da nossa região, se constituem poucas novidades e surpresas.

“Os pré-candidatos têm suas pretensões divulgadas desde o primeiro semestre, não se constituindo em novidades ou surpresas no meio político. Nesse contexto, a fé cega e a idolatria de uma determinada gama de eleitores para com candidatos populistas, ideologicamente convictos ou amparados no oportunismo influenciado por pressões externas, também não resultará em benefícios ou prejuízos à candidaturas”.

Professor da Universidade Federal de Santa Catarina e cientista político, Tiago Borges considera difícil estabelecer quem sai beneficido nesse contexto. Para ele, a maneira como os governos municipais lidaram com a pandemia pode ser um fator determinante.

“Em situações sem grandes abalos, os candidatos de forças políticas que já estão no cargo teriam vantagens na competição, por já terem uma visibilidade do cargo. Agora, nessas eleições temos a pandemia (incidindo na aprovação dos governos de muitos prefeitos), as mudanças de regras (principalmente, a proibição de coligações para eleições proporcionais)”.

Reforço das velhas estruturas

Para o sociólogo, Eduardo Guerini, mestre em Sociologia Política, as excepcionalidades desta eleição mais reforçam velhas estruturas do que possibilitam o crescimento de novas lideranças.

“As alianças na majoritária descoladas da proporcional indicam que a campanha terá um outro linguajar no sentido de descolamento das propostas. Mesmo assim, dá para perceber que teremos uma baixa renovação tanto no majoritário quanto no proporcional”.

Ele observa que, na região, os partidos tradicionais têm uma ascendência sobre as outras agremiações, o que deve determinar a manutenção dessas estruturas tradicionais, em detrimento dos novos partidos

“Teremos uma influência muita forte de velhas figuras da política local e um enfraquecimento do participação do eleitor, que já é apático por natureza e está refratário diante do que foi visto na eleição de 2018, com influência do processo de impeachment do governador Moisés e com o desencantamento daquilo que se convencionou chamar nova política. Na prática, o eleitor vai estar vinculado à velha lógica de troca de favores e da influência do poder econômico e partidário nos municípios”.

Falsa compreensão das redes sociais

Para Guerini, as redes sociais têm menos influência em um contexto municipal, se comparado ao que foi visto na eleição presidencial de 2018.

“Existe uma falsa compreensão de que as redes sociais permitiriam uma nova relação entre candidato e eleitor. As redes sociais se transformaram em uma arena polarizada de disputa de crenças e não de propostas, se tornaram um grande local de exposição do que há de pior da realidade brasileira. Em âmbito municipal repercutem muito menos, onde ainda os fios invisíveis da velha política, do compadrio, clientelismo, cabos eleitorais funcionam a todo o vapor”.

Ele afirma que as vozes ativas nas redes sociais ainda não conseguem ser captadas pelas instituições tradicionais porque o diálogo ainda está muito truncado. Reflexo disto é que jovens, mulheres, negros, trabalhadores, ambientalistas e LGBTs ainda têm baixa representação nos poderes e gestões.

“O parlamento municipal, estadual e nacional não representam a pluralidade da sociedade brasileira, por causa da influência poder político e econômico acabam definindo candidatos, candidaturas e eleições”.


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