Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Esquerda ou direita?

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Esquerda ou direita?

Pe. Adilson José Colombi

“Nas décadas de 60, 70 e 80 (em parte) do século passado, eram as “causas”: o desejo de mudança das “estruturas” da Sociedade e da Cultura que motivavam as grandes manifestações públicas. Eram as utopias que preconizavam transformações futuras, em vista da construção da Sociedade e da Cultura com novas bases, novos valores. A partir daí, foi se gestando o modo de pensar e de agir que vai desabrochar, no século 21, com uma mudança de comportamento sociocultural, chegando a se afirmar a “morte das utopias”. Nasce, assim, a grande transformação de postura diante do tempo: a valorização do presente, em detrimento do futuro. O acento no emocional em lugar do racional”. (“foi o que escrevi, em outro artigo).

Eram as “causas”: o desejo de mudança das “estruturas” da Sociedade e da Cultura que motivavam os Paridos Políticos e as grandes manifestações públicas. Eram as utopias que preconizavam transformações futuras, em vista da construção da Sociedade e da Cultura com novas bases, novos valores. Tudo isso foi perdendo o encanto, o interesse, com as grandes transformações político-sociais que ocorreram, com a queda do Muro de Berlim.

Com desmoronamento do Muro de Berlim “desmoronaram” também muitos “ideais” socialista-marxistas que eram as ideias forças dos Partidos Políticos (que se consideravam da Esquerda) e o apelo as grandes manifestações públicas de rua. O mesmo aconteceu com os Sindicatos e estudantes. Essas realidades socioculturais perderam atrativo, credibilidade, membros, participação até chegar ao completo esfacelamento, em muitos países. Em seu lugar, surgiram agremiações que algumas ainda se denominam Partidos Políticos. Boa parte, porém, não tem um ideário definido de esquerda ou direita. Ao menos, na prática política. No papel estatutário, talvez. Acresce-se ainda, o esmorecimento e até afastamento da participação política, sobretudo, dos mais jovens.

Hoje, a revolução da informática, sobretudo, pelas redes sociais encurtou as distâncias espaciais e temporais. Tudo se tornou “próximo”… Quase tudo pode ser feito, a partir de seu espaço particular (sua casa, seu espaço privado). Num já, se quiser promove um encontro coletivo, com outros conectados e forma-se um agrupamento de festa, de recreação, de esporte, de canto, de comemoração de algo, eventualmente também de protesto a favor ou contra algum “fato” recente … Normalmente, são fatos pontuais do momento (como reduzir passagens de ônibus, a defesa do “casamento” de homossexuais, posições homofóbicas … que motivam as manifestações públicas, sem necessariamente, ser de esquerda ou direita.

É o “indivíduo” formando um “coletivo” para satisfazer com outros “indivíduos” seus sentimentos, seus desejos, suas emoções, suas vontades. Tudo sem muito comprometimento com os demais e com posições políticas partidárias propriamente ditas. Terminada a satisfação do que procurava e buscou, volta para seu espaço individual ou familiar, continuando sua vida de “indivíduo” com seu mundo. Pouco ou quase nada tem a ver com o mundo dos demais. A relação indivíduo e sociedade ou indivíduo e cultura, agora é de outro naipe. Por isso, os frequentes desencontros e conflitos.

A democracia, porém, não pode funcionar sem partidos. A democracia, embora com seu defeitos e problemas, é a maior conquista da humanidade no campo da política. Por isso, é preciso canalizar todas as forças possíveis, a fim de que suas instituições, sobretudo os Partidos Políticos para uma participação que as revitalize, e não que as destrua. Por que destruir, quando, com esforço comum, é possível construir um país mais fraterno, solidário e justo, com valores que promovam o bem comum?

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