Entre o diagnóstico e os indicadores, a prescrição da caminhada

Entre o diagnóstico e os indicadores, a prescrição da caminhada

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  • 17/04/2020
  • 10:00
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*Por Jaison Lorenceti, radialista e escritor

Corriam os slogans: a vida está passando rápido, aproveite isso, aquilo, etc…
No alvorecer de 2020, a pirâmide financeira do mundo cai sobre si, implode entulhos econômicos (desde antes da pandemia), entretanto, com a proliferação da Convid-19, as cifras tributárias, que pendiam em recessão, soterram os que vivem na base.

A debacle é globalizada pois o vértice também sucumbe.

Impulsionados pelo desconforto teremos que sair da caverna para descobrir o mundo além das sombras da pandemia. Alguns acham cedo e outros tarde demais, todavia, os efeitos colaterais dos remédios mais drásticos para uma sociedade (quarentena e isolamento social), provocarão vertigens até encontrarmos um novo ângulo de equilíbrio.

Reconstruir, reorganizar, o mundo e a vida, são as tarefas da sociedade In-Covid.

Salvar a economia passou a ser assunto de saúde pública. Injetar recursos na saúde tornou-se o modo econômico operatório urgente. Ironia do destino ou não tinha razão o conhecido provérbio.

“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde” – vale também como verbete político no momento.

Nessa plena transfusão de valores: primeiro a vida, indiscutivelmente, depois o dinheiro; o momento requer circulação sanguínea entre os princípios da vida e os indicadores, são as hemoglobinas do século que se finda.

A operação é de alto risco. O estado de saúde financeiro inspira cuidados há tempo. Estávamos sobrevivendo a um conglomerado de vírus e fingindo uma saúde de que não gozávamos. Se recuperar só para permanecemos sedados não adiantará de nada.

O bombeamento pelas artérias do mundo globalizado, em especial as chinesas e americanas, gerou uma síndrome aguda, que asfixiou o trato respiratório brasileiro. Irrigar o produto interno bruto, dessa histórica sintomática falta de ar, desde os tempos da colonização, será o nosso exercício fisioeconômico. Estaríamos numa guerra-fria biológica? Os teóricos respondem.

Fato é que estamos sob um diagnóstico e há fatores de comorbidades sociais. A hemorragia de desemprego aumentará o número de sequelas graves.

A pandemia tirou o controle das mãos dos sistemas financeiros. A sabedoria ensina que contra a natureza não existe domínio, imediato mesmo é impossível – o poder é rompante.

A mãe natureza controla todas as forças governantes e harmoniza o caos por ela sofrido, seja no mundo externo ou interno.

No caso da Covid-19 não será diferente. A anomalia se tornará uma nova causa mortis, entre guerras, acidentes, doenças crônicas, etc. Pior continuará sendo as mortes por crimes de ódio, de natureza sem defesa e fútil contra a vida, em detrimento do egoísmo próprio.

O vírus é um hospede “estranho no ninho”, e o homem convive com milhares deles há bilhões de anos. A ciência busca pela cura, a fé pela certeza que não se vê; ambos querem o mesmo resultado.

A queda da pirâmide provoca uma inversão arquitetônica. Não se constrói uma casa pelo telhado. A pedra angular, o ser humano, precisa estar no topo desta pirâmide invertida – antes de toda glória da civilização antropocêntrica. Eis a emancipação do biocentrismo.

Não estamos num jogo e sim na maior batalha do século. É contra o nosso próprio senso de humanidade que reergueremos os novos pilares da sociedade moderna, pós-Covid-19.

Imaginar um mundo melhor, por si só, nos ajuda a acordar da anestesia geral.

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