Deficientes realizam trilha sensorial
Para comemorar a semana nacional da pessoa com deficiência, Fundema proporcionou uma atividade na Chácara Edith
Para comemorar a semana nacional da pessoa com deficiência, Fundema proporcionou uma atividade na Chácara Edith
A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema), de Brusque, promoveu na manhã dessa quarta-feira, 27, uma trilha sensorial na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Chácara Edith. A ação faz parte das comemorações da semana nacional da pessoa com deficiência, de 22 a 30 de agosto. Participaram da atividade, três deficientes visuais da Associação de Deficientes Visuais de Brusque (ADVB) e dez deficientes intelectuais e com transtornos mentais da Cagere. Quatro meninas que fazem parte do projeto Clube Arte e Vida Verde, do Sesc, auxiliaram os deficientes durante o passeio.
Confira as imagens do passeio na galeria de fotos
A bióloga da Fundema, Marília Cercal, diz que a intenção da atividade é socializar os deficientes e integrá-los ao meio ambiente. “Eles, em especial os visuais, somente imaginavam como eram os animais, frutas, folhas. Aqui, tiveram a oportunidade de tocar, sentir, enxergar com a ponta dos dedos”, diz.
Durante a manhã, os participantes puderam conhecer alguns animais por meio do toque e sentir as texturas, tamanhos e formatos. Além disso, sentiram as frutas e árvores por meio do toque e também do olfato. Uma caminhada pela chácara fez com que os deficientes pudessem conhecer mais do meio ambiente, ficar mais próximo à natureza e ouvir cada detalhe do local. Para complementar o passeio, eles puderam apreciar também um delicioso lanche, servido em um piquenique. “Quisemos deixá-los à vontade para que pudessem aproveitar cada momento”, conta a bióloga Marília.
A psicóloga Irisleine Adriana Corrêa e a educadora física Andreia Bosio acompanharam os dez pacientes da Cagere. Para Irisleine, o momento foi uma oportunidade de eles vivenciarem o ambiente natural e terem uma interação social. “Trabalhamos internamente com a conservação e respeito do meio ambiente. Então aqui eles podem colocar em prática o que aprenderam na teoria, além de buscarem a tranquilidade e o bem estar psicossocial”, diz.
Ela conta que os pacientes nunca participaram em uma reserva ambiental, mas geralmente realizam passeios para interação com a sociedade. “Eles estão adorando esse momento. Embora a casa seja bem arborizada, eles tinham esse desejo de explorar algo maior”, diz a psicóloga.
Dia especial
A técnica de ocupação complementar do Sesc, Regiane Sell, conta que levou quatro alunas do projeto Clube Arte e Vida Verde para que pudessem ter o contato com a natureza e proporcionar a interação com os deficientes. “Essa ação é interessante para que elas possam se sentir importantes e responsáveis quanto a essa realidade”, diz.
Além disso, as alunas puderam repassar seus conhecimentos de sustentabilidade para as pessoas com deficiência. “Isso é muito bom, porque faz com que elas fiquem ainda mais preparadas para ensinar e conscientizar todo o tipo de público”, diz Regiane.
A aluna Mikaela Fles Lombardi, 10 anos, estava encantada com a trilha sensorial. Para ela, a maior lição foi a experiência e aprendizados que recebeu com os deficientes. “Foi muito especial. Os deficientes visuais não podem ver o que nós vimos, mas sentem o que nós nunca vamos sentir”, diz.
Para a menina, a impressão que ficou é de que as pessoas com deficiência se importam mais do que as outras pessoas. “Tem pessoas, por exemplo, que trabalham com o meio ambiente, mas usam carros a gás, gasolina, ao invés de usarem bicicletas ou andar a pé. Acabam prejudicando da mesma maneira”, diz Mikaela. Além de ajudar na orientação da atividade, durante o passeio, Mikaela conduziu os deficientes visuais em cada caminho. “Sempre gostei mais de trabalhar e ajudar esse tipo de público e pessoas de mais idade, além de gostar demais da natureza, de estar nesse meio”, diz.
O deficiente visual, Sidnei Pavesi, da ADVB e da coordenadoria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, diz que essas atividades são de fundamental importância para as pessoas assim como ele. “É muito bom podermos ter esse acesso a todas as diversidades da Mata Atlântida. Aqui conhecemos animais que não sabíamos como era o formato. Muitas coisas foram novidades, especialmente para mim”, diz.
Pavesi lamentou ainda o fato de muitos deficientes visuais não terem a oportunidade que ele teve. “Mas espero que essa atividade sirva para que as pessoas façam também passeios em meio à mata, porque é um momento único poder conhecer as coisas como as pessoas ditas normais conhecem”, diz.