Cirurgia Plástica: No Estômago?!
Você já ouviu falar em cirurgia plástica no estômago?!
Com esse nome, nem eu! Mas em breve, quem sabe? Afinal de contas, qualquer cirurgia plástica é aclamada e aplaudida por todos como sendo algo útil e totalmente aceitável. A cirurgia plástica “conserta” parte ou partes do corpo que não nos agradam. E, consequentemente, passamos a gostar mais de nós mesmos, temos mais qualidade de vida e até a utópica felicidade parece-nos possível. Até aqui tudo bem. As pessoas devem mesmo procurar fazer o que acreditam que vai lhes trazer certo beneficio ou algum bem maior.
Mas o mesmo não acontece quando se fala em Cirurgia Bariátrica, Infelizmente há muito preconceito e hipocrisia andando de mãos dadas.
A Cirurgia bariátrica ou cirurgia da obesidade é conhecida popularmente como Redução de Estômago, embora que para cada paciente ou caso existam diferentes técnicas cirúrgicas que melhor se adequam.
A obesidade é um sério problema que há tempos atinge milhares de pessoas, de diferentes idades, no mundo todo. E que, embora nem sempre tenha sido entendida como doença de fato, sob o ponto de vista médico, é considerada uma doença em nossos dias.
Desde que comecei a me interessar e me informar sobre cirurgia bariátrica, bem como conversar com algumas pessoas sobre isso, foi inevitável perceber um preconceito absurdo com relação à essa cirurgia. Ao passo que, percebe-se uma grande euforia e exaltação à cirurgia plástica, sendo reparadora ou puramente estética. Sempre justificáveis e aceitas numa boa como solução para um problema que incomoda este ou aquele que decide encarar uma cirurgia plástica para se sentir melhor depois. Que fique claro, não sou contra a cirurgia plástica, pelo contrário. Aqui estou apenas colocando em discussão um comparativo da plástica com a bariátrica.
No inicio deste ano tive o prazer de conhecer e conversar pessoalmente com Dr. Glauco Afonso Morgenstern, médico gastroenterologista, especialista em cirurgia bariátrica. Com ele pude entender mais sobre a cirurgia, bem como ficar a par de suas particularidades. Ele evidenciou os aspectos positivos e os possíveis riscos decorrentes da cirurgia. Riscos estes, que não estão presentes apenas na cirurgia bariátrica, mas em qualquer tipo de cirurgia.
Se você se interessa pelo assunto, mais informações sobre cirurgia bariátrica você encontra no site Gastrocirurgia.com do Dr. Glauco.
Mas mesmo que tanta informação esteja disponível, ainda há muita ignorância, muita falta de conhecimento à respeito. E acredito que parte daí o imenso preconceito percebido com relação às cirurgias da obesidade. Puro preconceito fundamentado na ignorância.
É inadmissível que nos dias de hoje, onde muitas pessoas tem como sonho de consumo fazer plástica no nariz, nas pálpebras, nas orelhas; Que outras queiram aplicar Botox na testa para esconder as linhas de expressão (para não dizer a idade, risos), nos lábios para ficar com a boca igual à da Angelina Jolie (sonhar não custa nada!). E outras tantas queiram diminuir o seios (o contrário disso sendo o mais comum) ou a barriga. E por fim, o “top” de sucesso: colocar silicone nos seios, na bunda, na panturrilha, peitoral e não sei mais aonde. Isso tudo pode, isso tudo é normal. Isso tudo é visto com naturalidade. E mais que isso, justifica um ato cirúrgico.
Aí abrimos o assunto numa roda de bate-papo sobre a cirurgia bariátrica e os comentários são de um preconceito sem tamanho, que chega a dar nos nervos. As frases mais que repetidas são: “ah, pra quê isso? é só fechar a boca!”, “vai malhar que emagrece os 40 ou 50 kg que você quer!”, “emagrecer é só questão de força de vontade”, ” cirurgia é o caminho mais fácil para um gordo preguiçoso”, “obesidade não é doença, é falta de vergonha na cara!”. Se você vai ficar 30 dias só tomando líquidos no pós cirúrgico, porque não faz isso sem cirurgia? Vai emagrecer do mesmo jeito!”. E uma das piores: “isso é genético, aceite-se como você é!”
Como se não bastasse, ainda vem os comentários desmotivadores falando que você vai perder cabelo, vai sentir dor, vai ficar com cara de doente, nunca mais vai ter vida social, e nessa ala de observações desagradáveis, a pior que eu ouvi foi, acreditem, de um médico gastroenterologista, que tentando provar que a cirurgia não valia pena, fez um comentário duplamente preconceituoso: “a pessoa emagrece tão rápido, que em três meses vão estar comentando que ela está com AIDS, já pensou?”.
O que eu posso dizer?!
Há médicos e médicos, e é lamentável que uma pessoa que tem esse tipo de preocupação seja um (dos piores, diga-se de passagem). Estão achando que emagrecer é AIDS?! Hum?! E ser gordo é o que mesmo? Ah sim, lembrei… É uma baleia preguiçosa, uma pessoa sem força de vontade e mais mil outras coisas, não é?! Para qualquer desocupado falador, nada está bom! Para os demais comentários eu diria que é preciso que cada um tome conta da sua própria vida. Tenham vergonha de ser tão preconceituosos e até mesmo hipócritas. Parem de alarmar a tragédia e o drama exagerado ou descabido. Se você se aceita como é, deixa que o outro também faça isso, ainda que precise optar por uma cirurgia para ficar melhor consigo mesmo.
Se é fácil perceber como algo aceitável alguém querer mudar algo em seu corpo com uma cirurgia plástica. Seja para se sentir melhor consigo mesmo ou recuperar sua autoconfiança e autoestima, eu digo Ótimo!, faz parte de cuidar cada um da sua vida e deixar que cada um tome suas próprias decisões. Cada um tem que buscar o caminho de sua realização pessoal. Se aplicar Botox, pode… Colocar silicone, pode… Diminuir ou aumentar qualquer parte do corpo, pode… É legal, fica bonito e faz bem pra qualquer um… Porque a cirurgia bariátrica incomoda tanta gente e muitos acreditam que não pode?!
Poderia ainda tecer uma série de comentários que ninguém que defende a cirurgia plástica gostaria de ouvir, mas usa e direciona sem pensar frases ofensivas para aqueles que escolhem ou precisam trilhar o caminho da bariátrica. Acreditem, não é um caminho tão fácil quanto tentam fazer parecer. Alguns casos de obesidade são mais fáceis de resolver, outros nem tanto. Assim como algumas cirurgias plásticas podem resolver coisas que também poderiam ser resolvidas dentro de uma academia… Mas não estou aqui para julgar e me tornar mais uma a estampar o preconceito, seja de que natureza for. Vamos cuidar das nossas vidas e só dar nossa opinião quando soubermos do que estamos realmente tratando.
Chega de preconceito! Coisa feia!